31.7.06

Vistas à distância


"O passado não só não é fugaz, como não sai do sítio"
Marcel Proust



«Estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte, o país está perdido!»


Eça de Queirós
(1871)



crisdovale

30.7.06

Por ser tão belo o problema

«Mas os jogadores do Benfica, de tão presunçosos e cool, acham que sair dos balneários e
deixarem-se admirar pela multidão já é uma grande vitória.

Mexem-se mais - e são mais aguerridos - ao espelho do alfaite do que em campo.
Ganham sempre e têm a certeza dum lugar no céu por se sujeitarem a partilhar uma bola com "outra" equipa.
Enfim, é outra psicose. Porventura mais grave até - mas épica e até alegre.

Daquelas que os psiquiatras preferem não tratar, por ser tão belo o problema e fazer tanto bem aos doentes (...)»


M.E.Cardoso
(Só para benfiquistas)


bvtana

Já Fialho os via

(António-in Expresso)


"... o de se ir tornar na albergaria de quarenta ou cinquenta esfomeados, que o impuseram como condição sine qua non da sua fidelidade partidária, e nele vão instalar, como num almargem d´engorda, a sua contagiosidade de rêzes tinhosas e matreiras."
Fialho de Almeida


CrsDvale

De amante ou de nada


"Eu nunca fui uma vida,
Gosto de amante ou de nada,
Tenho tido uma estragada
Elevação decaída."



Mário Saa


guido sarrasa

Os intemporais


O mundo está a ficar tão perigoso que nos podemos dar por felizes se sairmos dele vivos
W. C. Fields



guido sarrasa

Romance

Quando alguém está apaixonado, começa por enganar-se a si mesmo e acaba por enganar os outros. É o que o mundo chama romance.
Oscar Wilde


guido sarrasa

Iran and Hezbollah are trying to hijack the Palestinian cause

Power shift Arab leaders nervous about the rise of Hezbollah - and Iran
(BBC News-30.7)


crisdovale

Fica bem



Queremos mais.

brunoventana

As folhas caídas

«(...) O político é como a mulher de César: além de honrada (quem sabe, até não o sendo), é mister que o pareça.

O nosso ministro não conseguia parecê-lo, e sofria as consequências do seu plano de governo: "Enriquecei!" era o conselho de Guizot, a quem ninguém taxou de desonesto. Em Portugal, os costumes eram mais soltos, a virulência maior; e se ninguém fora ainda atacado de um modo tão cruel, isso prova que ninguém, tampouco, ainda mostrara uma força e um génio tão superiores. Outro Pombal, repetimos, o novo ministro ficaria tão célebre como o antigo, se achasse ainda de pé uma qualquer autoridade social. Nas ruinas universais não tinha com que construir, e os elementos que iam rebelar-se contra ele obrigá-lo-iam a empregar francamente a força nua como instrumento de conservação (...)»

Oliveira Martins- Portugal Contemporâneo

crisdovale

29.7.06

Acto de entendimento




O mundo, o mar e o amor, por Carlos Drummond de Andrade.




crisdovale

O ofício do sal



"Vós , diz Cristo Senhor nosso, falando com os Pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra, o que faz o sal.

O efeito do sal é impedir a corrupção , mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa,havendo tantos nela, que têm o ofício de sal, qual será ou qual pode ser a causa desta corrupção?

Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar.

Ou é porque o sal não salga , e os Pregadores não pregam a verdadeira doutrina: ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes , sendo verdadeira a doutrina, que lhes dão, e não querem receber: ou é porque o sal não salga , e os Pregadores dizem uma cousa, e fazem outra, ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes em vez de servir a Cristo servem a seus apetites.

Não é tudo isto verdade? Ainda mal.."



Padre António Vieira
(sermão de sto antónio aos peixes)


bvtana

Dão uma ideia



«Sabe uma coisa, Mickie? Um fato meu não faz publicidade ao homem, define-o.

(....)

Um fato meu, Mickie, não é um sonho de um bêbado. É uma linha, uma forma, uma silhueta. É aquilo que diz ao mundo o que o mundo precisa saber a seu respeito e nada mais.

(...)

Os meus fatos não procuram o confronto. Dão uma ideia.Têm implicações. Encorajam as pessoas a irem ter consigo.»

John Le Carré

(o Alfaiate do Panamá)

guido sarrasa

Goldeneye

Eden recuperated from the crisis in Ian Fleming's house, Goldeneye, in Jamaica.

An affair to remember



crisdovale

Chagrin

Un peu de chagrin prouve beaucoup d'amour, mais beaucoup de chagrin montre trop peu d'esprit.
William Shakespeare


Em dó maior , tocata e fuga.



crisdovale

O Guadiana também corre para o mar

Não foi a dúzia e meia de rapazes mascarados "à Benfica" a correr sem nexo, não percebendo onde tinham aterrado e ao que vinham.
Foi o discurso do Mister, junto à lateral, dirigido a Marco Ferreira.
Como foi possível, sr. Vieira, um erro tão grande?
Seja rápido, se faz favor.


bruno ventana

28.7.06

À beira do Guadiana


Foi em tempos criado, em homenagem a um belo rio da nossa terra, um torneiozinho que mete jogos de bola, soltos e leves como convém à época, e que levam a um pequeno campo de jogos, desta vez ao do simpático tugúrio que é Vila Real de Sto. António, umas dezenas de curiosos em busca do ar fresco do princípio da noite.
No joguinho de bola de ontem, o Benfica apresentou-se com um índice elevadíssimo de saturação neuro/muscular, próprio da natural concentação de esforço de um treino intensivo, no âmbito de um programa de preparação que, queimando etapas, visa atingir níveis óptimos de rendimento lá para o meio de Agosto.
Não deixa, por isso, de ser preocupante para o Sporting que, perante uma equipa a 10 ou 15% do seu nível físico, o melhor jogador em campo tenha sido o seu... guarda-redes.
Preocupação relativa, que foi a brincar.

crisdovale

Os intemporais



«A sorte favorece unicamente os que têm o espírito preparado.»

Louis Pasteur

guido sarrasa

Refazendo-se lá por fora



" Au G8, face à Bush et Poutine, c’était lui l’homme le plus puissant du continent le plus riche. Mais quand on le rencontre, il a toute la sagesse de la vieille Europe."


Rencontre :José Manuel Barroso. L'Europe à visage humain.




crisdovale

O desenho das trincheiras





Hugo Chavez s'arme à Moscou
Le président vénézuélien poursuit sa tournée antiaméricaine, hier en Russie, et bientôt en...
(le Figaro-28.7)



crisdovale

27.7.06

Para se encher de glória



Kikin Fonseca pasa como delantero al Benfica de Portugal


brunoventana

A lata do atum

«O major Valentim Loureiro não gostou que o presidente da Associação Nacional de Municípios (ANMP), Fernando Ruas, o colocasse ao lado dos nomes de Isaltino Morais e Fátima Felgueiras quando falava sobre corrupção nas autarquias... afirmou que Ruas “deveria saber que não estou envolvido em nenhuma situação de corrupção na Câmara”.» (in Correio da Manhã)



De notar a deliciosa precisão "... na Câmara".

Em todo o caso, o major tem razão: isto de amassar tudo na mesma lata não está certo.
É que, como se sabe, ele há várias espécies de atum:

Atum judeu, Atum-bonito, Barriga-listada (Brasil), Bonito ou Bonito de ventre raiado ou de barriga listada (ou listrada) ou apenas Listado, Cachorreta ou Judeu (Cabo Verde), Gaiado, Sarrajão ou ainda Serra.
E, assim como o lustroso Morais pertence à espécie Cachorreta ou Judeu e a dama felgueirense à espécie Bonito de barriga listrada, o major de Gondomar é manifestamente um belo exemplar de Sarrajão.
A cada atum sua lata, e vamos em frente.


crisdovale

History's verdict


Regime change, 1950s-style
http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/5212448.stm


crisdovale

26.7.06

Dez reizinhos para uma quarta de figos

Mário Crespo põe o seu ar mais guloso e lê, com as nuances de expressão que o caso puxa, o despacho de louvor do ex-MNE, Diogo Pinto Freitas do Amaral, a um motorista do seu gabinete
ao serviço "dos familiares mais próximos".
O peregrino texto do estadista deixa lavrado que os familiares "gostaram do serviço".
Era o que faltava.


crisdovale

Ver claro no escuro

«José Rodrigues dos Santos no telejornal da RTP1 das 20 horas disse as primeiras coisas sensatas aí ditas há muito tempo. São sensatas, evidentes e conhecidas de há muito, mas parecem blasfémias ditas nos noticiários mais anti-americanos e israelitas da televisão portuguesa. Disse que muitos libaneses sentem que o seu país está a ser violado por sírios e iranianos para o usarem para uma guerra estrangeira ao Líbano. Disse que era preciso cuidado com a utilização do termo "civis" porque o Hezbollah era só constituído por civis e que usava casas civis de famílias civis para esconder o armamento. Não é novidade nenhuma e não precisava de ir ao Líbano para nos dizer isto, mas no meio da contínua manipulação das palavras que constitui o grosso das notícias sobre o conflito foi um oásis, mais para o lado do jornalismo do que do "jornalismo de causas".»

JPachecoPereira (in abrupto)

crisdovale

La grandeza de Gatsby


"La grandeza de Gatsby no es aquella que le atribuye el generoso Nick Carraway - ser mejor que todos los ricos de viejos apellidos que lo desprecian- sino estar dotado de algo de lo que éstos carecen: la aptitud para confundir sus deseos con la realidad, la vida soñada con la vida vivida, algo que lo incorpora a un ilustre linaje literario y lo convierte en suma y cifra de lo que es la ficción. Por su manera de encarar la realidad, huyendo de ella hacia una realidad aparte, hecha de fantasía, y tratando luego de sustituir la auténtica vida por este hechizo privado, Jay Gatsby no es un hombre de carne y hueso, sino literatura pura"

Mario Vargas Llosa
"La verdad de las mentiras"


brunoventana

Com um milhão de votos!


A torturante incubação do MIC, se confirma o que sempre se adivinhou acerca do episódio - que ninguém, entre promotores e putativos destinatários, liga ao assunto –, exibe, ainda assim, uma simpática faceta castiça, muito própria dos lusos: o amor pela tertúlia que, a par daqueloutro pelo bacalhau de cebolada, leva directamente à pândega.


crisdovale

El Señor Gobierno




"Il pèse sur le Latino-Américain, comme une chape de plomb, une vieille tradition qui le conduit à tout attendre d´une personne, d´une institution ou d´un mythe, puissant et supérieur, devant lequel il abdique sa responsabilité civile. Cette vieille fonction dominatrice fut exercée dans le passé par les empereurs barbares et les dieux incas, mayas ou aztèques, puis, plus tard, par le monarc espagnol, l´Eglise ou la vice-royauté, et les caudillos charismatiques et sanglants du XIX siècle.
Aujourd´hui, c´est l´Etat qui rempli ce rôle. Celui que les humbles paysans des Andes appellent «Monsieur le Gouvernement» - «El Senõr Gobierno» - formule indubitablement coloniale qui traduit notre sous-dévellopement économique."


Mario Vargas Llosa
(Dictionnaire amoreux de l´Amerique latine)




bruno ventana

Contra a corrente


Nesta fotografia, publicada pelo Los Angeles Times, a legenda dizia: um rocket do Hezbollah é lançado a partir da cidade libanesa de Tyre em direcção à cidade israelita de Haifa.

Por outras palavras, eis o Hezbollah a executar um acto militar -- um acto de guerrilha ou um acto terrorista, enfim, o que lhe quiser chamar -- contra uma cidade israelita -- e não contra um alvo militar, note-se -- a partir de uma cidade libanesa e não de uma zona despovoada.

Agora, algumas perguntas: para respeitar a proporcionalidade na resposta -- não destruir infra-estruturas civis, nem matar civis -- como é que Israel deveria reagir?

1. Israel não poderia reagir? Funcionando, deste modo, os centros urbanos libaneses como santuários para o Hezbollah, a partir dos quais poderia atacar, mas não poderia em caso algum ser atacado?

2. Assumindo que deveria -- ou que, pelo menos, poderia -- reagir contra as cidades e/ou bairros a partir dos quais o Hezbollah desencadeia as suas acções militares, nesse caso, como é que Israel o deveria fazer?

Em suma, assumindo que a actual estratégia está errada -- i.e. lançamento de panfletos exortando as populações a abandonar as suas casas e bombardeamentos selectivos das cidades e/ou bairros xiitas onde o Hezbollah se esconde -- como é que Israel deveria retaliar e defender-se dos rockets lançados a partir de cidades libanesas?

Fico, muito sinceramente, à espera de respostas.

in Bloguítica



Eusébio Furtado

25.7.06

A vingança da Aspirina



O paracetamol, medicamento mais vendido em Portugal e no mundo para o tratamento da dor e da febre, pode destruir o fígado e provocar o mau funcionamento dos rins, mesmo quando é tomado em doses recomendadas. No nosso país registaram-se 46 reacções adversas nos últimos três anos, sobretudo alérgicas.

in Correio da Manhã



A concorrência tem destas coisas...

Há uns anos atrás, a aspirina caiu em desgraça com o argumento de que era muito agressiva para o estomago. As vendas caíram a pique. Agora a vingança...


B. Pinheiro

Os intemporais


"Ninguém se serve da ambiguidade sem ser à sua própria custa."

Jean François Paul
De Gondy, Cardinal de Retz


guido sarrasa

24.7.06

... by mutual goodwill



"(...) In July 1921, at a meeting at Carlton Gardens, Churchill, Balfour and Lloyd George told Weizmann «that by the Declaration they had always meant an eventual Jewish state.» For Balfour the Arabs - «A great, an interesting, and an attractive race» as he told a Zionist audience in July 1920 - should remenber that Britain «has freed them, the Arab race, from the tyranny of their brutal conqueror» the Turk; therefore he hoped they would not grudge «that small notch in what are now Arabs territories being given to the people who for all these hundreds years have been separated from it». Indeed he was sure that such a difficulty «can be got over and will be got over, by mutual goodwill»( ...)"

Max Egremont
(Balfour- A life of Arthur James Balfour)


crisdovale

Os refinados

"Juan Soler, presidente do Valência, negou esta segunda-feira ter feito uma oferta para adquirir os direitos desportivos sobre o capitão do Benfica, Simão Sabrosa" (Diario Digital-24.7, 22.30)

"Valência não desiste de SimãoO director desportivo do Valência, Amadeo Carboni, está em Lisboa a negociar com o Benfica a transferência de Simão para o clube espanhol. Ainda não há acordo, mas poderá estar para breve. (a bola-24.7, 22.45)


Como dizia Rommel, os tanques não andam com fé, andam com gasolina.
Hoje há caracóis, amanhã não sabemos.

crisdovale

A subir


"Os portugueses estão muito satisfeitos com a actuação do Presidente da República, Cavaco Silva. Segundo a sondagem CM/Aximage, o Chefe de Estado tem actuado bem para 58,1 por cento dos entrevistados que atribuem ao Presidente nota 16, numa escada de 0 a 20."
(correio da manhã-24.7)



bruno ventana

23.7.06

O nome da casa

Sua Majestade Imperial visitou o Sr. Alexandre Herculano. O facto em si é inteiramente incontestável. Todos sobre ele estão acordes, e a História tranquila.
No que, porém, as opiniões radicalmente divergem - é acerca do lugar em que se realizou a visita do Imperador brasileiro ao historiador português.
O "Diário de Notícias" diz que o Imperador foi à mansão do Sr. Herculano.
O "Diário Popular", ao contrário, afirma que o Imperador foi ao retiro do homem eminente que...
O Sr. Silva Túlio, porém, declara que o Imperador foi ao Tugúrio de Herculano; (ainda que linhas depois se contradiz, confessando que o Imperador esteve realmente na Tebaida do ilustre historiador que...)
Uma correspondência para um jornal do Porto afiança que o Imperador foi ao aprisco do grande, etc.
Outra vem todavia que sustenta que o Imperador foi ao abrigo desse que...
Alguns jornais de Lisboa, por seu turno, ensinam que Sua Majestade foi ao Albergue daquele que...
Outros, contudo, sustentam que Sua Majestade foi à solidão do eminente vulto que...
E um último mantém que o imperante foi ao exílio do venerando cidadão que...
Ora, no meio disto, uma coisa terrível se nos afigura: é que Sua Majestade se esqueceu de ir simplesmente a casa do Sr. Alexandre Herculano!

Eça de Queirós


crsdovale

A história


A história do défice - durante décadas a fio acompanhada da do "empréstimo" - continua, tranquilamente, a ser a história das finanças portuguesas.Já Rodrigues Sampaio (1806-1882), numa tirada memorável, que apanhava a essência da coisa, clamou perante o parlamento:
"Quase me chego a assustar de que acabe o défice entre nós, com medo de que, acabando ele, acabe o sistema parlamentar"


bvtana

Fabrizio di nome suo


E ainda o Maestro e ainda... Diego.


brunoventana

22.7.06

Para conversas e coisas dessas

Dos movimentos e decoro no praticar :

“Parte é o falar bem que leva tudo após si”...


crisdovale

Lendo Amin Malouf no Café d´Orient

Mario Vargas Llosa escreve "À sombra dos cedros", sobre o Líbano e outras "identidades".


crisdovale

21.7.06

"Read no history: nothing but biography, for that is life without theory."*

«As the Roman, in days of old, held himself free from indignity when he could say 'Civis Romanus Sum' [I am a Roman citizen], so also a British subject in whatever land he may be, shall feel confident that the watchful eye and the strong arm of England will protect him against injustice and wrong.» (Lord Palmerston)


Henry John Temple, Viscount Palmerston
The Most English Minister (D. Southgate-1966)


*Benjamin Disraeli

bventana

Manipulação da espiral

"Freedom isn´t knowing your limits, but realizing you have none."





“Influência da espiral:
John Arnold foi o primeiro fabricante de relógios de bolso de precisão.
Descobriu o método de manipulação da espiral, reduzindo, assim, as imprecisões derivadas das várias amplitudes do balanço.”




george daniels
(La montre: príncipes et méthodes de fabrication)


brvetana

(Não) Te amo mais




Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...


Clarice Lispector


(OBS.: Agora leia esta poesia de baixo para cima.)



brvetana

20.7.06

Fermoso Tejo meu



Tall Ships Races 2006

crisdovale

Estou para ver

"... Pelo contrário, está já a pagar o preço da sua independência e de alguma ingenuidade."



crisdovale

O ângulo agudo

"Se a amplitude do ponto permitisse, havia d´explanar aqui detalhes curiosíssimos, por onde inferir até certo ponto a argúcia quase humana dos macacos. Basta um detalhe. Constatam as observações do dr. Paul Sollier que nos chamados macacos jantareiros, à semelhança do que sucede nos idiotas, os sinais d´alegria aumentam quando a comida é de borla, ou em casos pagantes, quando o criado do restaurante errou a conta para menos.
Mais: substituindo alguns dos pratos, por palha, o animal dá profundos sinais d´irritação."

fialho de almeida


bvtana

O SLB já está em movimento para a gloriosa época 2006/7

"Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa"
Juarez Soares, Comentarista Esportivo.



"Futebol se joga no estádio?
Futebol se joga na praia,
futebol se joga na rua,
futebol se joga na alma."


Carlos Drummond de Andrade



bvtana

Espiridão e o violino



A benefício de gente interessada, que por vezes se espanta com dissonâncias, recorda-se o violino.

Pois que, como dizia Espiridão Amim:
"O poder é como o violino. Segura-se com a esquerda mas toca-se com a direita".


guido sarrasa

Against all odds

From Wikipedia:
Desenrascanço (impossible translation into english) : is a Portuguese word used to describe the capacity to improvise in the most extraordinary situations possible, against all odds, resulting in a hypothetical good-enough solution. Portuguese people believe it to be one of the most valued virtues of theirs.



bventana

Isto era o que devia ter sido dito de início...

Sobre assessores, viagens, regalias e outras maldades... (*)

Dedico este texto à classe política na qual, com orgulho, me incluo. Fui, tal como o próprio presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), "acusada" de ter a trabalhar comigo um "exército" de assessores.

Reles, vil mulher, esta vereadora: usurpadora dos dinheiros públicos ao serviço de clientelas partidárias, juvenis e afins (no meu caso, posso até estar ao serviço desses potentados de vícios, leia-se promotores imobiliários, já que tutelo o Urbanismo).

Raro é o político que não foi "atacado" ou porque tem boys, ou faz viagens ou abusa de telemóveis ou outras regalias... Momento temido este de ver o nosso nome maltratado nos jornais!

E, nesses momentos, o que faz a maioria dos políticos? Acobardam-se!

Sacam da virgem ofendida que há dentro de nós e envolvem-se em comunicados e desmentidos... e vai de mostrar estratégias de transparência, modelos de boa gestão, rebuscam na arca das suas memórias políticas momentos (que obviamente são comprováveis) da enorme rectidão das suas vidas públicas, de comportamento exemplarmente ético, respeitador... moralmente inatacável. Viram-se aos jornalistas (Ah esses vendidos!) e sai a inevitável cartada do politicamente correcto! Para mim, basta. Isto é cansativo. Venha a verdade!

Eu tenho 20 assessores. É verdade e PRECISO DELES. São úteis. São bons e trabalham que se fartam. Constituem uma mais valia para a câmara. Perguntem aos serviços que tutelo se os meus assessores os substituem ou trabalham contra eles? Dados os pelouros que tenho devo dizer que se entender que preciso de reforçar a equipa, de modo a conseguir realizar melhor trabalho, o farei. O limite é o do respeito pela coisa pública, o bom senso, a disponibilidade financeira e a inexistência dessas competências no município.

Alguns são do PSD. É verdade. Também os tenho de outros partidos. Estão comigo aqueles em quem confio pessoal e tecnicamente. Faço viagens. É verdade. A área do Urbanismo, da Reabilitação Urbana e do Planeamento está representada num conjunto de organismos internacionais e mal seria se Lisboa não estivesse directamente envolvida. Além do mais a roda está inventada e há exemplos que nos poupam muito dinheiro, tempo e sobretudo... erros! Ou querem voltar ao Portugal fechado, isolado, poupadinho, pequenino e orgulhosamente só?

A política é uma actividade nobre que tem de ser exercida com verdade, por mais que ela seja difícil de explicar. Aquilo a que assistimos é uma política de pátio. Um enorme ridículo público que deixa cada vez mais descrentes as pessoas que, deste modo, chegam sempre à mesma conclusão, lógica, diga-se: "Eles são todos iguais. Só querem é tacho!"

Eu quero trabalhar e estou a fazê-lo. Quero, no que me compete, fazer com que se viva melhor em Lisboa. Não quero ser consensual ou politicamente correcta e enquanto sentir a razão do meu lado, quero lá saber da polémica criada pelas minhas posições. Quero ser cada dia uma pessoa melhor e vivo na certeza de ser muito vã esta glória de mandar. Vã, temporária, provisória e... precária!

Estar-se na política com profissionalismo e rigor exige um único, simples e ambicioso objectivo: deixar as coisas melhor do que as encontrámos.

É esta a nossa obrigação. Trabalhar com exigência, método e organização. Foi para isto que fomos eleitos. Não foi para ter medo ou para perder tempo. Isso sim, é a utilização abusiva do dinheiro público.

NOTA: Logo hão-de vir os que vêm perguntar: "Então a vereadora diz que é verdade e o vice-presidente da CML ainda há dias desmentiu as notícias?" Nem tudo o que foi escrito é verdade. Fez bem o vice-presidente em repô-la e isso não é incompatível com o que aqui escrevo. Os que insistirem... ou não perceberam nada ou não quiseram perceber ou, pior ainda, estão empedernidos na tablóide táctica politiqueira que nos condena a todos, infelizmente! Qualquer das três hipóteses é má!”

in Público, 18 de Julho de 2006

(*) Gabriela Seara - vereadora na Câmara Municipal de Lisboa



Eusébio Furtado

Os intemporais

"Como é próprio do animal que Aristóteles chamava político, isto é, que vai sempre tratando de si, ruminava em coisas e loisas."
Aquilino Ribeiro



brunoventana

Tratos ao entendimento

A um leitor costumeiro, simpático por isso, que esbordoa sem descanso a prosa desta casa, vai o lembrete de Cavaleiro de Oliveira a Tasso Diaxo:

"Parece que escreveis somente com o fim de dar tratos ao entendimento. Se não gostais de ser entendido quem vos impede que vos caleis?"


bventana

19.7.06

A spy is an agent employed to obtain secrets

«Em cada operação de espionagem existe o que está acima e o que está por baixo da escrita. Por cima está o que alguém faz de acordo com as normas. Por baixo está a forma como alguém deve fazer o trabalho.»
John Le Carré


brunoventana

Sempre e regularmente





«Dizia então o Dr. Azeredo Perdigão que “não basta aprender a ler e a escrever. É preciso ler sempre e regularmente”. Neste simples e profundo enunciado afirmava o combate à exclusão e abria um caminho que ainda hoje prosseguimos com tenacidade e redobrado reconhecimento da sua importância.»
Presidente Cavaco Silva


brunoventana

18.7.06

The salt of the earth

"All this shouldn't last; but it will, always; the human 'always,' of course, a century, two centuries...and after that it will be different but worse.

We were the Leopards, the Lions; those who'll take our place will be little jackals, hyenas; and the whole lot of us Leopards, jackals, and sheep, we'll all go on thinking ourselves the salt of the earth."



"The Leopard"
Giuseppe Tomasi di Lampedusa, principi di Lampedusa, duchi di Palma e Montechiaro
(1896-1957)



cristovao do vale

17.7.06

Carmona Rodrigues, como qualquer mortal...

As recentes notícias sobre os assessores na câmara de Lisboa prejudicam Carmona Rodrigues, muito para além do que se possa supôr.

António Carmona Rodrigues é um independente eleito pelo PSD para a Câmara Municipal de Lisboa. Ou melhor, o PSD foi eleito para a câmara de Lisboa por um independente. Esta simples troca de precedências faz toda a diferença. É que o PSD ganhou a câmara municipal de Lisboa graças à candidatura do independente Carmona Rodrigues.

É trivial a "troca de cadeiras" sempre que muda um governo ou um executivo camarário. É comum que os gabinetes dos responsáveis políticos em actividade sejam preenchidos com pessoal político dos respectivo partido no poder. É frequente o aproveitamento destas posições para a satisfação de favores partidários.

Para falar nos governos do país, Guterres fez assim, Durão Barroso também, Santana Lopes idem e agora, Sócrates faz o mesmo. Na câmara de Lisboa sempre assim foi. João Soares e Santana Lopes usaram (e de que maneira) os lugares e as nomeações na câmara para satisfazerem as respectivas clientelas pessoais e partidárias. Toda a gente sabe. Infelizmente ninguém se consegue surpreender com estes comportamentos. Foram tornando-se a regra...

Com o descrédito e o desalento crescente nos partidos e nos políticos, os cidadãos foram perdendo a capacidade crítica, com a respeitabilidade dos políticos em quotas muito baixas, o nível de exigência dos cidadãos também diminuiu.

A questão da utilização dos gabinetes e outros lugares do aparelho do estado e da administração local para a satisfação dos aparelhos partidários banalizou-se.

Há por isso algo de diferente na atenção dada à questão dos assessores na câmara de Lisboa. Noutras circunstâncias isto quase não seria notícia. Seria "normal". Acontece que isto se passa com Carmona Rodrigues. E isso faz toda a diferença. É que Carmona foi eleito, precisamente por ser diferente. Por não ser um político "normal". Assim, o que seria normal tornou-se excepcional.

Dada a imagem que Carmona Rodrigues dispunha na opinião pública (e que ele cultivou), a questão dos assessores na CML permite concluír que afinal ele age como os outros políticos. Que Carmona Rodrigues, ao contrário do que se pensava (e ele dizia), é igual aos outros. Por isto, este caso é mais grave para Carmona. Ele tornou-se igual aos outros. Com uma diferença: é que dos "outros" já ninguém esperava muito, de Carmona esperava-se alguma coisa. E afinal...


Manuel S. Carneiro

Aguçosa confissom e pensoso proposito


"Promove, no lugar da ética, o ardil, a astúcia e o cinismo.
A amizade dos grandes pode ser obtida com servidão ou dinheiro, e mantida com ciúme e obséquios."



"Breviário dos políticos"
Cardeal Giulio Mazzarino



guido sarrasa

Fermoso Tejo meu


Fermoso Tejo meu, quão diferente
Te vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente.

A ti foi-te trocando a grossa enchente
A quem teu largo campo não resiste;
A mim trocou-me a vista em que consiste
O meu viver contente ou descontente!

Já que somos no mal participantes,
Sejamo-lo no bem. Oh, quem me dera
Que fôramos em tudo semelhantes!

Mas lá virá a fresca Primavera:
Tu tornarás a ser quem eras dantes,
Eu não sei se serei quem dantes era.



francisco roíz lobo



bvtana

Nunca se sabe

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Clarice Lispector


brventana

16.7.06

Normas da pragmática

“Ascendem a Ministros alguns homens com pouca prática da sociedade. Cincam, principalmente, em certas normas da pragmática e da cortezia. O titular de uma das pastas oferece um jantar aos chefes das missões estrangeiras. À sobremesa, um colega sopra de tal modo a espuma da sua taça de champagne, que ela transborda e estraga o vestido da esposa do encarregado de negócios da Suécia, Mme Kantzow. Doutra vez um destes mesmos Ministros, num jantar em que não havia brindes, teima em fazer um, a Lord Howard, e principia:

- Senhores, je bais à la santé de Mr. Lord Palmerston.

O ministro de Inglaterra limita-se a responder-lhe:

-Mr, le ministre, vous êtes extrement aimable.

Nos corredores das legacões e nas salas da aristocracia casquina a risota por largo tempo.”

(Eduardo Noronha)


guido sarrasa

A evidência do oculto

Será que, num dia de glória para o bom senso, haverá alguém que ponha o guarda redes Quim a defender a baliza do SLB?
(Pondo, de acordo com a natureza das coisas, Moreto a rodar no Arraiola Paramés).


bventana

A voz do dono

Marques Mendes demonstrará se foi dito por outros o que ele pensa e não pode dizer...


Na passada semana foi revelado pelo Diário de Notícias um conjunto de críticas a Cavaco Silva publicadas no jornal oficial do PSD - Povo Livre, nada mais nada menos que em sucessivos editoriais assinados pelo seu director.

Até agora não houve notícia da reacção do líder do PSD às duras críticas sobre o comportamento do presidente da república com o primeiro ministro de alegado apoio a este. Se assim se mantiver e não censurar o autor dessa análise, Marques Mendes estará a concordar com ela e deste modo a colocar-se do lado dos críticos a Cavaco. Veremos...


veja aqui a notícia do Diário de Notícias


Eusébio Furtado

Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui...


E de novo, Lisboa, te remancho,
numa deriva de quem tudo olha
de viés: esvaído, o boi no gancho,
ou o outro vermelho que te molha.

Sangue na serradura ou na calçada,
que mais faz se é de homem ou de boi?
O sangue é sempre uma papoila errada,
cerceado do coração que foi.

Groselha, na esplanada, bebe a velha,
e um cartaz, da parede, nos convida
a dar o sangue. Franzo a sobrancelha:
dizem que o sangue é vida; mas que vida?

Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,
na terra onde nasceste e eu nasci?


Alexandre O´Neill


brunoventana

15.7.06

Em movimento



Parabéns Presidente. Tenha saúde e sorte.

bruno ventana

Os intemporais


Not seldom in this life, when, on the right side, fortune´s favorites sail close by us, we, though all adrope before, catch somewhat of the rushing breeze, and joyfully feel our bagging sails fill out.

Herman Melville

guido sarrasa

14.7.06

O Pilro do Barlavento


A Sul, nos areais de Alvor, onde em tempos andou El-Rey D. João II, subsiste, além do azul, o Restinga.
Entre o mar, a grelha e as mesas joga-se o luzidío bailado de sargos e robalos, regado a espuma de ondas e cerveja.
A movimentação é orquestrada à Marcelo Lippi, com eficácia, brio e souplesse.
Na defesa, Helder, varrendo a área, qual Luisão, e, nas dobras, André, o Cannavaro de Alvor.
A armar o jogo do meio campo para a frente, a batuta do azougado bambino d´oro. Ele marca como Ricardo Carvalho, sai a jogar como Maniche e é mais criativo que Figo.
É ele, pois claro: Felipe Esteves, o Pilro do Barlavento.


bruno ventana

Nós por cá todos bem

"LA SENTENZA SU CALCIOPOLI
In B Juve (e -30 punti), Fiorentina (-12), Lazio (-7). Milan in A ma a -15 "
(Corriere della sera-14.7)

Por cá, felizmente, não temos disto. É tudo azulinho...

crisdovale

Numa centrista maioria


Esquerdireita

À esquerda da minoria da direita a maioria
do centro espia a minoria
da maioria da esquerda
pronta a somar-se a ela
para a minimizar
numa centrista maioria
mas a esquerda esquerda não deixa.
Está à espreita de uma direita, a extrema,
que objectivamente é aliada
da extrema-esquerda.

Entretanto
extra-parlamentar (quase)
o Poder Popular
vai-se reactivar, se...

Das cúpulas (pfff!) nem vale a pena
falar, que hão-de pular!

Quanto à maioria da esquerda
ficará – se ficar – para outro poema.


Alexandre O'Neill



bventana

A solidão como ornamento





"Assim morreu e não foi esquecido. Homens como ele, surgem, talvez, um por cada século, explodindo como um projéctil nos nossos céus obscurecidos. Reconhecemo-los pelas singularidades, pelos seus deseperos e alegrias, que não são iguais às dos outros homens; usam a solidão como um ornamento. Vêm até nós como seres de outro planeta, brilhando como luz que não é deste mundo. São os terríveis vingadores que exigem dos homens o máximo ao serviço de uma liberdade perfeita."

Robert Payne (sobre Thomas Edward Lawrence)


guido sarrasa

Ao fim e ao cabo


A liberdade, ao fim e ao cabo, não é senão a capacidade de viver com as consequências das próprias decisões.
James Mullen



guido sarrasa

Algo así


"Poesía es la unión de dos palabras que uno nunca supuso que pudieran juntarse, y que forman algo así como un misterio."

Federico García Lorca

bventana