MAROTEIRAS NA ALDEIA
“ As citações são nas minhas obras
como ladrões de estradas, que fazem um ataque
armado e que aliviam um ocioso das suas convicções”
( W. Benjamin )
No “O Independente” de 9 de Agosto de 2002, em manchete, lia-se “Quem dá assim não é Gago”. Lá dentro, com o engraçado título “Subsídio em casa própria”, dava-se conta que o ex-Ministro socialista da Ciência atribuiu um subsídio de 1,5 milhões de euros dois dias antes das eleições de Março, a um laboratório que fundou e agora preside.
O “Expresso” on line de 12 de Agosto do mesmo ano referia: “ Ex-Ministro deu 3 milhões ao laboratório a que preside.” Mais, contava que os dinheiros em causa, provenientes do Estado e da União Europeia, “foram atribuídos ao arrepio do regulamento previsto”.
Mais tarde, o “Público” de 13 de Janeiro de 2004 , dizia a toda a largura da página (32) que “Auditoria da Comissão Europeia critica gestão de Mariano Gago” e apontava as” anomalias ao programa Ciência Viva e aos laboratórios associados”
Na versão on line do mesmo jornal, do dia seguinte, lia-se que em alguns casos a própria autoridade de gestão do programa tinha sido contornada, através de propostas de financiamento apresentadas directamente ao ministro pelas organizações beneficiárias ou, em certos casos, pelos destinatários últimos.”
A auditoria não poupa o ciência viva:
” Uma proposta de 25,5 milhões de euros foi apresentada pela Agência à autoridade de gestão do programa e enviada por esta ao ministério, sem que exista documentação relativa a uma avaliação, apreciação ou parecer da unidade de gestão do programa”.
È hoje do conhecimento geral que desde o Verão de 2003 foram necessárias dezenas de funcionários e milhares de horas de trabalho da Administração Pública para recuperação do histórico de mais de 3000 processos do POCTI, de 2000 e 2001, e que levaram a Comissão Europeia, face às habilidades encontradas, a suspender o financiamento comunitário para a ciência nacional.
Em causa estava a restituição de 100 milhões de Euros, já pagos pela Comissão no período 2000-2002, a que acresciam 117 milhões de Euros já comprometidos relativamente ao período 2002-2003, bem como os financiamentos a aprovar até 2006.
Isto leva-nos ao pensamento que os responsáveis pela governação da área da ciência e tecnologia que saíram em 2002 não era gente aprumada.
Porque será então que têm da imprensa um tratamento tão bom, que nem o Eusébio em “ A Bola” ou o Zézé Camarinha em “ A Trombeta do Sotavento” ?
Tudo tem explicação
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