2.8.04

PALÁCIO DAS LARANJEIRAS

“Este Barão ( d´Esquiville) muito conhecido era de todos nós, porque muito tempo residira em Lisboa, tendo-se introduzido no palácio do Conde do Farrobo e chegando a representar no seu theatro. Era tido como um aventureiro.
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Nem todos os aristocratas mostraram nesta ocasião a sua pouca dedicação pela Rainha D. Maria II. A par dos que se escusavam do serviço ou se evadiam para bordo da nau do Almirante Parker ou se escondiam havia um bom número de fidalgos que corriam a alistar-se nas fileiras. O Conde do Farrobo, apesar da sua patente de coronel da segunda linha, alistou-se como simples soldado e rondava a capital.
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Uma tarde fui chamado ao paço e a Rainha preveniu-me de que os ministros instavam pela minha demissão e que o decreto estava lavrado e assignado. Decidi-me a guardar o maior segredo e a esperar pela demissão, mas não o pude conseguir por muito tempo, visto os ministros terem proposto ao Conde do Farrobo o substituir-me e elle ter vindo prevenir-me ao meu camarote, no Theatro de S. Carlos, dizendo que partia para o Farrobo, porque de forma nenhuma queria aceitar aquela comissão.
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As minhas relações com o Conde do Farrobo datavam da primeira mocidade. As casas dos nossos paes eram vizinhas, nascemos no mesmo bairro de bemfica e não nos podemos chamar velhos um ao outro, porque elle apenas tem mais vinte dias do que eu.

No meado de Março de 1851, estando eu no meu gabinete do Governo Civil, recebi um bilhete do Conde, dizendo-me: meu amigo tenho a dizer-lhe um negócio muito importante. Não convém que eu ahi vá, venha ver-me.

Saindo do governo Civil, encontrei o Conde , o qual me interpellou, dizendo-me: Vo cê, pela sua polícia, sabe duma conspiração?

Disse-lhe: Sei o que todos sabem: que o Duque de Saldanha conspira.

Ao que o Conde me replicou: Pois saiba mais que sahe para a rua por estes oito dias, e que eu fui hontem convidado para fornecer meios e ameaçado de me fazerem grande transtorno na grande demanda que tenho, se não os promptificar.
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Memórias do Marquês de Fronteira e Alorna


Bruno Ventana