2.5.05

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Barroso usa discrição para evitar estimular o não


Políticos e eurocratas recusam admitir em público que aquilo que mais os ocupa ultimamente é a passagem em revista das saídas possíveis para superar a grave crise política que resultará inevitavelmente da rejeição da Constituição por um dos dois mais importantes fundadores da UE. Isto é particularmente flagrante entre os membros do gabinete do presidente da Comissão, Durão Barroso, o qual tem adoptado um perfil muito baixo a respeito desta delicada questão.

"É deliberado", como dizia esta semana a este jornal uma fonte próxima de Barroso. "O presidente não fará nada que possa ser interpretado, de perto ou de longe, como uma interferência (num debate já de si tão extremado)" ou, pior ainda, "que seja susceptível de ser explorado pelo campo do 'Não'".

Esta e outras pessoas da equipa que trabalha de perto com o presidente convergem na mesma análise a Comissão faz o que pode, mas o que ela pode fazer, neste momento, é muito pouco. Todos têm ainda em mente a forma deselegante como o presidente Jacques Chirac fez abortar a prevista prestação de Barroso na TV francesa com o argumento de que ela poderia mais "desajudar" do que ajudar o campo do "Sim".

in JN, 02 Maio



Eusébio Furtado