14.6.05

HÁ UM ANO

14.6.04

“ELES QUEREM FECHAR AS JANELAS”
UM EVENTO MUITO SÉRIO


Organização do Conselho dos Laboratórios Associados
Lisboa – 31 de Maio - Pavilhão do Conhecimento


“….e o sacerdote à esquerda
levantou-se e cantou
a culpa é uma carpa deserdada”
(Manuel Gusmão)




Para o efeito emparelhou-se com o prof José M. Gago o Comissário Europeu P. Busquin, que, com falta de respeito por si próprio e pela Comissão a que pertence, irrompeu pela campanha eleitoral portuguesa, atontadiço, em sessão de propaganda levada a cabo por um denominado CLA , grupinho criado e nutrido sob os auspícios do citado Prof José M Gago e que acerca seja do que for tem opinião coincidente com o mesmo.

Há um relatório da Comissão Europeia que demonstra e atesta que a acção da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica (Ciência Viva) violou as normas comunitárias e nacionais a que se encontrava vinculada, em termos tais que justificaram a suspensão dos fundos?
Pois o Senhor Busquin não é de modas e no tal evento, tipo jornada de luta contra quem quer bulir com o monopólio da Promotora Oficial (da divulgação científica no espaço nacional), a Mestre Rosália Vargas, não se prendeu com miudezas e deixou cair a seguinte pérola: “ O Ciência Viva é um modelo excelente de sensibilização para a Ciência” .

Colaborou, pois, à sua maneira, na tese de que a suspensão dos fundos comunitários para a Ciência portuguesa não se deveu aos reiterados e sistemáticos atropelos dos responsáveis pela área, ao tempo do XIII e XIV Governos, mas sim à falta de habilidade dos actuais para limpar minudências burocráticas junto de Bruxelas.
(Lembrarmo-nos que nos tempos “da habilidade” foi possível sacar a tranche final do financiamento do PRAXIS XXI sem o respectivo Encerramento do Programa…..)

A mistificação a que veio dar uma ajuda tem um enredo simples:

Em nome de uma ideia – divulgação científica junto dos jovens – que como se calcula ninguém de bom senso deixa de apoiar, tenta passar-se o alerta de que quem põe cobro aos desmandos, irregularidades e compadrios em que a Agência ( a par do Gestor do POCTI e da ADI, ) se refocilava, o que visa afinal é, nas palavras da Promotora Oficial, no tal evento, “fechar as janelas da cultura científica às crianças e jovens.”

Ou seja, o que está em causa não seria a necessária reposição da legalidade, aliás, naturalmente imposta por Bruxelas, mas antes, e sabe-se lá por que ruindade intrínseca, fechar as janelas às criancinhas.
A tese, na sua crueza, deve ser isto:

A criançada portuguesa, na parte da cultura científica, navega como é sabido no negrume mais abjecto.
Ele há, ainda assim, semeadas pela Mestre, umas luzinhas bruxuleantes, quase uns pontinhos, que se vislumbram por entre esconsas janelas….
Mas, aí, as pessoas que agora governam, vendo-as, as tais luzinhas, atiram desapiedadamente:

Te esconjuro! Rápido, tragam panos e tábuas e pregos e martelos, cerremos as frestas, vamos escurecer o mundo da pequenada, que nós, nós somos pelo breu !



E a apadrinhar esta alegre sessão (a que se vão seguir outras mais pelo país fora), nem mais nem menos que o Presidente da República!

Que a dado passo afirmou, certeiro: “É preciso bom senso.”


No dia seguinte, a cobertura do evento, nas páginas do jornal “O Público”, pela mão de Teresa Firmino (Clara Barata, essa, brilha numa atrevida e incisiva entrevista ao Comissário Busquin), eleva-se, no estilo e na isenção, ao nível do “Avante” dos dias de luxo.
As duas jornalistas, chamemos-lhes assim, revelam-se aliás dignas continuadoras da linha “Público na política Científica” desbravada por Vítor Malheiros nos anos 90.
O bom do Malheiros, recorde-se, começou por dar umas largas passeatas mundo afora, a expensas da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), sob os auspícios do então presidente (o referido Prof. José M Gago), para se ilustrar.
E o que é facto é que se ilustrou.
A seguir, dada a coincidência de opiniões, anseios, dúvidas, certezas, apostas e combates que, sem desfalecer, sempre partilhou com o ex-presidente da JNICT, ganhou nos meios jornalísticos e da ciência os simpáticos sobriquets de “porta-voz” e de “paquete”.

O circo conta, de facto, com artistas experimentados.
A eles voltaremos.