26.12.05

Festas

As épocas festivas não são a minha especialidade. Pior que o Natal, que a infância redime, só a passagem de ano, com a sua alegria forçada e os seus inevitáveis convívios. Há uns anos, quando tentei desistir deste tipo de comemorações, a tentativa foi mal interpretada e a minha agenda encheu-se imediatamente de jantares "simpáticos" e de fins-de-semana "tranquilos". O propósito de ficar sozinha em casa, sem passas, nem confraternizações, teve um efeito demolidor: não houve ninguém que não se sentisse na obrigação de me arrancar às garras da depressão e de me proporcionar uma passagem de ano decente quer eu quisesse quer não. Aliás, quanto menos eu queria, mais a obrigação se impunha, ao ponto de haver mesmo quem se prontificasse a levar-me à força para um festejo qualquer: "Estou aí, dentro de 10 minutos, prepara-te". Acabei por inventar um programa fictício que teve o condão de me livrar de toda aquela boa vontade. Desde aí, os ânimos aplacaram-se e a passagem de ano passou a ser mais uma das minhas idiossincrasias. Por mim, tudo bem! Sempre me angustiou esta necessidade gregária que reflecte apenas o medo que temos de nos apanharmos sózinhos.
ccs

3 Comments:

At 3:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Finalmente! Neste blog faltava algum espaço para reflexões mais intimistas.

Decididamente a "Casinha" ganhou com esta aquisição.

Parabéns, CCS!

 
At 6:28 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Daqui se vê que o dito popular - "Não há festa nem festança em que não apareça a D. Constança" - tem as suas falhas

Margarida

 
At 3:15 da tarde, Anonymous Anónimo said...

No ano passado fui para a cama às 11 da noite. Foi a melhor passagem de ano dos últimos anos. A minha mãe ofendeu-se...

FTA

 

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