8.12.05

HORA DE JANTAR

Codornizes à Fialho de Almeida

"Eu digo-vos. Ficaram as avezitas a marinar de um dia para o outro, em marinada heróica: em vinho, alecrim e rosmaninho, azeitona descaroçada. Mas antes de banharem nesta calda, os bichos tiveram trato. Bem esfregadas de alho, sal e pimenta e um tudo muito nada de canela (sem abuso, apenas para lhe dar o cheiro). Chegado o momento de ir à frigideira de barro, as codornizes foram retiradas da marinada, enxugadas num pano, que deveriam seguir secas à vida. Que essa era a regra antes do assalto final: na frigideira, aqueceram um palmo de azeite, a que lhe acrescentaram uma colher de banha e aí aloiraram alho, para mitigarem a gorduranca com uma colher de sopa de vinho do porto.
E foi neste requinte que as codornizes fritaram!
Retiradas para a travessa as codornizes, aproveitaram os despojos da fritada para cozerem a marinada na frigideira: o molho com o qual as codornizes foram regadas.
Divino! O senhor Fialho de Almeida tinha arte. Se duvidam, ensaiem.
Em verdade vos digo que não sei o que mais adorar: se a truculência azorragante de “Os Gatos”, se a excelência do manjar."
(nuno rebocho)



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