Numa bolha de vaidades

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Soares não fez apenas uma campanha cheia de "asneiras" e "erros", como agora se diz, fez o protótipo de uma campanha que explorou todas as piores características da vida politica portuguesa, agressiva, mesquinha e sem dimensão nem qualidade.
Contrariamente ao que dizem os que alimentam uma espécie de culto da personalidade à sua volta, que foi um elemento importante para manter Soares numa bolha de vaidades, a campanha não teve qualquer grandeza, nem dignidade. Foi um exercício penoso de se ver de alguém que se convenceu de que chegava ao terreno, via e vencia.
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A queda na realidade, aos trambolhões, dessa insuportável jactância e desse desmesurado papel, que se atribuiam todos, a começar pelo próprio, foi dura e penosa.
Soares reagiu a essa situação, que mostrava, aliás, até que ponto estava desfasado do sentir do país, da pior maneira, ficando zangado com o mundo, atacando a comunicação social, mostrando um snobismo de classe, insultando o seu adversário e mostrando a sua dificuldade em perceber a alternância e o voto. Sim, meus leitores, Soares chegou ao ponto de contestar o funcionamento da democracia, com a questão de duvidar se"o voto era livre", sugerindo que havia uma conspiração em curso para evitar que voltasse à Presidência.
Se a protecção de que Soares sempre gozou, como goza ainda hoje na derrota, não existisse, ele teria sido crucificado em campanha...
Houve com Soares um voto claro de rejeição, só semelhante ao que sucedeu com Santana Lopes, não apenas uma escolha por Cavaco ou Alegre, mas uma recusa de Soares.
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E se (os amigos) continuam, como continuam, a dar dimensão de qualidade ao desastre que lhe ocorreu, prestam-lhe um péssimo serviço, pondo-o a "andar por aí", com uma dimensão não muito distinta da dos outros que também "andam por aí."
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J Pacheco Pereira
(Sábado-26.1)


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