Linha de Sombra

"Sou o homem mais cortês do mundo. Prezo-me de nunca ter sido grosseiro, nesta terra onde há tantos velhacos insuportáveis que vêm sentar-se ao pé de nós para nos contarem as suas desventuras e até para nos declamarem os seus versos"
Heinrich Heine



Há leituras destas, que nos fazem rever os nossos caminhos esquecidos e dão lastro para o resto do percurso nos territórios não seguros, que são os deste mundo.
São conversas e pontos de balizagem, e, até, manuais de sobrevivência.
Arturo Pérez-Reverte e Vasco Pulido Valente , os dois, cada um por sua vez, no "Público" de hoje, são "fornecedores objectivos de conteúdos. O leitor faz o resto."


"Em (El pintor de las batallas) há uma personagem que diz existirem lugares donde não se pode regressar. É verdade. Há uma linha de sombra de que falava o escritor Joseph Conrad que uma vez transporta não tem retorno.
(...)
Um romance nunca está acabado pelo simples facto de estar escrito e publicado. Quando chega às mãos só metade do caminho está percorrido. Quando o leitor projecta num romance os seus sonhos, a sua vida, os seus outros livros, os seus ódios, os seus amores, percorre o resto da estrada.
(...)
O mundo é um território hostil e perigoso. Vivemos em território inimigo continuamente. quem se descuida, quem é preguiçoso, que adormece é vítima do mundo que o rodeia.
(...)
O ser humano tem que estar preparado para o pior. É o preço que se paga por estar no mundo. Temos de aceitar isso da mesma forma que buscamos e aceitamos a felicidade e a utopia de que nascemos para nos amarmos e beijarmos na boca uns aos outros.
(...)
O ser humano é um filho da puta. Assumamos esta realidade e aprendamos a viver com ela. Este é o ponto de partida dos meus romances. Os meus romances são verdadeiros manuais de sobrevivência."
(A.P.R.)

"Chateubriand dizia que, se é triste envelhecer num mundo que se conhece, é muito mais triste envelhecer num mundo que não se conhece e de que não se gosta"
(V. P. V.)


bruno ventana