25.1.07

Quadratura do círculo

A situação crítica que atravessa a actual gestão da câmara de Lisboa, por estranho que possa parecer, reune o aplauso de uma parte significativa do PSD.

O caso "Bragaparques" envolve os nomes de Gabriela Seara e de Fontão de Carvalho colocando-os numa situação de enorme fragilidade. Gabriela foi mesmo constituída aguida e Fontão pode vir a ter o mesmo estatuto.

Gabriela é militante do PSD mas Fontão é independente. No entanto, ambos reunem grandes ódios (ou invejas) no seio do PSD.

A génese da lista que venceu as eleições e governa a CML resulta do afastamento de Santana Lopes como candidato, situação imposta por Marques Mendes. Na sequência desta atitude, Carmona Rodrigues é convidado a encabeçr a candidatura social democrata. A restante lista resulta de algumas imposições de Carmona ao partido e de outras indicações do partido num momento de grande divisão entre pró santanistas (Menezistas) e mendistas. Os mendistas ganham e integram a lista.

A actual situação é considerada a vingança de mendistas e santanistas.

Por um lado, a fragilidade de Gabriela e Fontão - nomes impostos por Carmona Rodrigues e sem o apoio de Marques Mendes serve este último pois diminui a predominância no governo da CML de nomes que ele não controla. Gabriela, por ter ascendente sobre Carmona e por ser tida por próxima de Helena Lopes da Costa sempre foi considerada um alvo a abater. Fontão, por ser um idependente não controlado pelo aparelho do partido, foi sempre considerado um "infiel". Ambos sempre foram diabolizados pelos mais fiéis mendistas junto do partido por forma a ficarem fragilizados. Este cenário torna esse objectivo alcançado.

Para os opositores de Gabriela Seara e de Fontão de Carvalho, a renúncia ao cargo destes dois vereadores seria a solução ideal. Permitiria uma redistribuição de pelouros com reforço do seu peso na autarquia, deixaria Carmona Rodrigues mais dependente deles e isso aumentaria o seu poder no interior do PSD.

Por outro lado, os santanistas consideram que a situação a que se chegou é a prova por que tanto ansiavam de que a solução de candidatura imposta foi um erro e que Santana seria a solução adequada. A fragilidade da solução de Marques Mendes será utilizada como exemplo da sua própria fragilização. Acresce que, sendo a bandeira de Marques Mendes a credibilização da política, a situação de suspeita sobre a equipa camarária que ele escolheu significa o seu falhanço nesta aposta.

Para os opositores de Marques Mendes, a queda da câmara de Lisboa seria o cenário ideal pois serviria para acusar o actual líder laranja de erro fatal na gestão do caso de Lisboa e serviria para reabilitar Santana Lopes.

Este cenário torna a actual maioria social democrata extremamente vulnerável pois além de estar sobre fogo cerrado da oposição, conta ainda com a falta de apoio (não declarada) do partido que supostamente a apoia, conseguindo, por motivos diferentes a concordância dos grupos que se degladiam do interior do PSD

Tudo se torna ainda mais agonizante se mesmo entre os vereadores sociais democratas esta divisão tiver lugar.


Manuel S. Carneiro

4 Comments:

At 2:52 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Quando aparece a Dra. Helena Lopes da Costa como arguida?

 
At 11:26 da manhã, Anonymous Anónimo said...

... a eloquência da democracia.
Não há melhor Arte.

 
At 11:29 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Reabilitação do...Santana??!! Haja caridade.
jmn

 
At 3:13 da tarde, Anonymous Anónimo said...

De Mestre em Mestre ...

- «Portugal está condenado como nação, porque perdeu valores colectivos que definem um povo, uma sociedade, uma moral, uma política».

(Prof. Adelino Maltez, citando o Prof. Oliveira Marques)

 

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