9.2.07

NÃO



Eusébio Furtado

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2 Comments:

At 3:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não obrigada, não.
É não. Ponto.
Aliás, «não» é a raíz do princípio da realidade de todas as Civilizações.

 
At 10:31 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Caveant Consules *

Pereira de Oliveira
24 de Janeiro 2007


Seis engenheiros Portugueses comem favas. Juntam-se, num domingo, numa capital da Europa. São todos emigrantes. Um é mais velho e os outros andam à volta dos trinta anos. São os novos emigrantes. Uns dos muitos milhares que foram empurrados para a fronteira nos últimos dois anos. Todos muito bem formados. Todos com elevadas qualificações. Afinal o dinheiro da União Europeia tinha sido bem empregue. Ali estavam cinco provas disso. Tinham excelentes curricula obtidos em Portugal. Todos têm uma óptima preparação profissional. O Estado segregou-os para a emigração nos dois últimos anos. Um Estado que se comporta como um protectorado. Um Estado que não reconhece que os seus cidadãos são os melhores do mundo e os exporta de novo com a mesma desfaçatez com que os fez ser clandestinos nos anos sessenta do século XX. Desta vez, teve o cuidado de os qualificar, e muito bem, primeiro. Mas logo que pressentiu que eles faziam parte da Nação independente não os quis, não os quer por perto. O Estado que hoje se comporta como um protectorado não se dá bem com a Nação que é, que se sente que se afirma independente. Diz-se que o Estado não aproveitou bem os fundos para formação. Ali e por todo o mundo estava a prova que, pelo contrário, utilizou-os muito bem. Só que depois de os treinar muito bem, rejeitou os cidadãos que melhor preparou, ostracizou aqueles em que mais investiu. Mandou-os, enviou-os até aos Estados protectores. Talvez seja a forma de pagamento do Estado protegido aos estados protectores. Quem sabe.
Esta esquizofrenia entre a Nação independente e o Estado que se comporta como um protectorado, sempre que aconteceu gerou uma guerra civil.
A guerra civil começa, muito antes de vir para a rua. Inicia-se sempre com cidadãos confusos e amedrontados. E hoje, os homens de Portugal têm medo. Têm medo de ser, por exemplo, pais. Os homens de Portugal têm medo. Os homens estão cheios de pavor pelo futuro: poderei continuar a vestir-me como um anúncio de marcas de pronto a vestir? Perderei o status? O carro? O emprego? A casa? As férias? Mil e um nadas? E estes homens não querem ser pais. E esses homens fizeram uma lei. Está em vigor e querem-na alterar para garantir, os homens, que não existe tal coisa como a responsabilidade de ser pai. A lei, e todas as deste sentido são feitas por homens e para homens cheios de medo da vida. A lei retira-lhes toda a responsabilidade. Apregoam que são para libertar as mulheres. Não são. São para se libertarem eles das responsabilidades.
A esses homens, os que fizeram a lei e a querem alterar, quando lhes aparece uma nova vida consideram-na uma ameaça. À notícia que lhes é dada por uma mulher que teve a alegria da confirmação de que está grávida, a estes homens o medo toma-lhes conta da alma, o pânico invade-lhes o corpo e como primeira forma de negação gritam, quando ouvem com ternura “vais ser pai”: EU?!! E se não for o pai, é o pai dela , é o tio dela, é o irmão dela, é o coro deles todos que a censura a ela o ser mãe com a fórmula: estragaste a tua vida. E a mãe dela, as irmãs, as tias, as amigas, as mulheres, ouvem com enorme desgosto o medo dos homens e sem saber porquê, porque todo o instinto lhes diz de outra maneira, juntam-se com tanta mágoa e sofrimento ao coro dos seus homens que vêem profundamente medrosos. E os homens com medo sabem que a lei que fizeram os protege. E cada vez mais os protegerá. São eles quem faz hoje a lei. E de arrogância em arrogância os homens chegam a dizer: a decisão é tua. Tu, Mulher, és livre. Eu é que não quero ser avô, pai, tio, amigo, o resto é contigo.
Os homens com medo no coração estão prontos a fazer os novos, os novíssimos, autos-de-fé. Em tempos, queimámos pessoas para lhes salvar a alma. Agora, a turba dos homens com medo faz abortar as mulheres para elas serem livres. O mandante, o homem, faz a lei, condena a vítima e diz-lhe que é para a libertar. Mas a lei foi feita por homens e a lei protege os homens, do meu país, que estão transidos de medo. E sabe-se da biologia que numa colectividade de animais quando os machos têm medo, as fêmeas não têm filhos. E os homens que fizeram estas leis estão apavorados com a própria vida. Têm medo que não chegue para eles. Dizem, até, que querem libertar as mulheres. Não querem. É uma lei feita por homens para proteger o seu medo. Os homens portugueses que estão cheios de medo escreveram a lei que os irresponsabiliza e gritam que, em consequência, da total irresponsabilidade (com cobertura legal) deles, as mulheres ficam libertas... libertadas.
E no entanto, sabe-se desde tempos imemoriais que há cinco tipos de casamentos.
Algumas religiões descrevem-nos e estabelecem princípios. Há o casamento de uma mulher com um homem. Quando a mulher fica grávida o homem zela pela criança. É o pai. No casamento de uma mulher com vários homens, quando a mulher fica grávida, dá à luz, os mais responsáveis da comunidade olham, vêem e dizem: É parecida com .... e esse homem zela pela criança. É o pai. No casamento de um homem com várias mulheres, de cada vez que uma fica grávida ele toma conta da criança e é o pai. Há também o casamento de um homem com uma mulher em que o homem quer ser pai de uma criança filha da mulher e de outro homem que ele considera importante. Se a mulher aceitar e ficar grávida desse outro homem, o marido tem os cuidados de pai para com ela e para com a criança. E há também o casamento de uma mulher com os homens todos que lhe aparecem. Nesse caso a mulher tem uma bandeira na porta. Quando fica grávida a criança nasce e os mais velhos julgam com quem é parecida. Sobre quem for a decisão fica com a responsabilidade do pai. Hoje, por acaso, até há o ADN. Mas o facto é que nenhuma criança nasce onde estes são os preceitos, os princípios, sem os cuidados e a responsabilidade de um pai. Não importa quão remoto é o pai biológico. Têm um pai. E os pais, os homens, não têm medo. E as mulheres ainda que usando véu, e cada vez mais nas escolas do ocidente, as mulheres jovens usam véu, são mães e as suas Nações crescem e prosperam. E essas mulheres têm homens que vivem sem medo da vida. A colectividade tem por princípio a protecção da criança que nasce dando-lhe um pai. Não deixa que os homens ameacem a mulher: “estragaste a tua vida”. O Estado, homens sem medo de vida nova, protegem mãe e filho. O Estado, a colectividade, garante que as mulheres têm a escolha.
Prepara-se o Estado português para negar, através de leis feitas por homens, para homens, o abraço de ternura que todos temos que dar quando uma mulher tem a alegria e a glória de ser mãe de portugueses. No mesmo momento na Alemanha o Estado dá, os alemães levam até à mulher grávida, vinte e cinco mil euros. Quantas mulheres Portuguesas abortariam quando o pai dela, o pai da criança, o irmão dela, os tios dela, os amigos dela, os homens que têm à volta lhes uivam do fundo do pavor deles com a vida: “ estragaste a tua vida !” se o colectivo dos portugueses lhes entregassem, com vergonha, porque seria sempre pouco, vinte e cinco mil euros, pela glória de termos uma mãe de portugueses?
Não sei. Não saberemos. A lei foi feita por homens e homens com medo que se protegem com a lei. Sabemos que só homens poderiam fazer estas leis para subjugar até ao limite as mulheres. Sabemos que só homens com medo poderiam fazer leis para que as mulheres não tivessem filhos da Nação. Sabemos que a Nação portuguesa tem cada vez menos portugueses e cada vez menos nascimentos. Sabemos que os que nascem estão a emigrar em massa logo que acabam a formação ao mais elevado nível. Sabemos que muitos homens estão apavorados com a vida e que por isso têm medo de ser pais e empurram, esmagam, as mulheres até não serem mães.
E, sabemos, que de hoje constará que sendo em Lisboa, cônsules o Sr. Prof. Doutor Cavaco Silva e o Sr. Eng. José Sócrates e Pontífice D. José Policarpo, na Alemanha a uma mulher grávida os alemães honram-se dando-lhe vinte e cinco mil euros para que livremente escolha se quer ser mãe e em Portugal os portugueses pagam-lhe um pelourinho com grilhetas, a clinica e entregam-na a um monstro de fogo, o aborto, para ela ser ... livre.
Caveant Consules.



*Caveant Consules era a mensagem que em Roma o Senado enviava aos Consules quando havia perigo para a cidade. A mensagem era constituída pelas duas primeiras palavras de: Caveant Consules ne quid respublica detrimenti capiat que sigifnicava: Que os Consules velem a fim de que a República não sofra dano.

 

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