29.3.07

No desenho do esquema


"Assim pensavam os monstros sagrados de Vailland, o militar Laclos, o aventureiro Casanova, Gallois, o matemático, o cardeal de Bernis e essoutro de que ninguém fala, Louvet de Couvray, alma e corpo de Faublas - todos, em suma, libertinos no moderno sentido da palavra, que tinham do mundo uma concepção progressiva, fria e experimental e que viam na contradição das regras e dos interesses a boa oportunidade de se aplicar um conjunto de azares e de golpes meditados com destino a minar e render a praça inimiga.
Assim pensava, e muito antes deles, o português D. Luis da Cunha (1662-1740), autor das Instruções a Marco António de Azevedo Coutinho, breviário racionalista para uso de todo o bom governante, em que se faz testamento solene de muitas regras do grando jogo, os respectivos interesses e alianças, e se fala dos «subterrâneos por onde estas se pretendem conseguir para se contraminarem».
Minar, contraminar... No desenho do esquema está o êxito da partida."

José Cardoso Pires



brventana

2 Comments:

At 11:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

D. Luis da Cunha, um dos maiores portugueses do seu tempo e de todos os tempos. Grande na Europa e no mundo do seu tempo. Sabia-a toda!

 
At 12:27 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Grande observador e grande contador, o Cardoso Pires

 

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