7.3.07

Quem é e ao que vem?





«Há coisas que não consigo entender.
Reinado juntou-se aos autores ou é ele mesmo o obreiro da crise que eclodiu no país em Abril passado, resultante de outros tantos incidentes anteriores que nunca foram resolvidos?
Reinado, o desconhecido, metamorfoseou-se (ou metamorfosearam-no) em Reinado o herói: foi tratado como fugitivo de primeiríssima classe, foi recebido pelo Presidente da República, dialogou com o primeiro-ministro, esteve guardado pelos militares australianos, passeou-se armado pelo país, assistiu à missa, falou para convidados sem que ninguém lhe deitasse a mão...
É certo que teve uma passagem fugaz pela prisão de Becora. Mas, também aí, Reinado encontrou a porta aberta, num tácito convite para o seu regresso à liberdade. E de passeio em passeio almoçou, riu, bebeu e juntou as armas de oferta de um posto da polícia de fronteira.
Por causa de Reinado, o país está a ferro e fogo.
E o homem que ninguém conhecia soma agora seguidores por todo o país. Os jovens cortam o cabelo à Reinado, os mais (pouco) musculados, tal como Reinado, usam T-shirts sem mangas para que melhor se vejam os seus músculos; nalgumas ruas até já se vêem faixas vitoriando Reinado.
Se Reinado está por detrás de tudo, então não é apenas um Rambo louco e tem qualidades de liderança, de organização e de persuasão de que ninguém suspeitava. O que não quer dizer que manobre sozinho...
Se Reinado não passa de um desgraçado alcandorado aos píncaros da fama por quem tinha o dever de pensar o país, então quem lhe deu força é ainda mais louco que ele.
Se Reinado for preso, a paz volta ao país?
Reinado, o foragido, desertor, bem-falante de língua inglesa, perdida a costela portuguesa, odiado, amado, admirado, quem será este homem que obrigou até o Presidente Xanana a comparar os perfis biográficos de ambos?
Que terá acontecido que tenha escapado aos timorenses e tenha levado a que se transforme o herói - bandido bom, simpático, de sorriso fácil - em alvo a abater com a máxima urgência?
Precisamos mesmo de um mártir?
Estamos transformados num país sem rei nem roque, onde até já se ouvem alguns à boca cheia e despudoradamente recordar em tom nostálgico os bons velhos tempos da ocupação indonésia; reduzidos a espectadores assustados de um triste capítulo da História da nossa curta independência, resvalamos perigosamente para o caos total. Não tarda nada, estamos a pedir que tomem conta de nós... Quem virá ocupar Timor-Leste?
Os timorenses têm o direito de saber...

Maria Ângela Carrascalão
(Publico-6.3)

( 17.5.2006 -A reter, cada vez com mais atenção, a trajectória do Major Alfredo Reinaldo, que fonte muito bem colocada considera "estar muito acima de todos os outros protagonistas da actualidade timorense, em termos intelectuais, profissionais e de carácter.")


crisdovale

5 Comments:

At 4:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Timor deixou de nos interessar!
para quê perder tempo?

 
At 5:41 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Bem, pelo que eu percebo, do que se trata é de observar esta "personagem", que até no mundo inenarrável da "elite" politico/militar timorense, merece um "filme" autónomo.

jmn

 
At 10:29 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O que é que isso tem a ver conosc0?

 
At 8:13 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Porque Reinado?...
Se é Herói ou Bandido mas é certo que é o FRUTO da crise...
O único motivo que sustentou a crise é o «IGNORAR O SENTIMENTO DO POVINHO...»
Os peticionarios são pessoas muito simples e humildes...(mas tem uma forte representatividad)
têm direito como um cidadão comum de reclamar o seu direito...
não foram ouvidos pelas autoridades nem o governo...foram ignorados...foram humilhados...
É isso que esta a sustentar a revolta...É natural que apareca alguem como símbolo e porta-voz dos seu sentimentos...que certamente provoca um sentimento de CIÚME de outros...

 
At 8:23 da manhã, Anonymous Anónimo said...

"They don't think about the nation and they don't think about the people themselves," he said.

"In fact, they only think about their political party, so they sacrifice the nation and people for their own interest."

Reinado

 

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