1.5.07

Cidade de navegar



Logo a abrir, apareces-me pousada sobre o Tejo como uma cidade a navegar. Não me admiro: sempre que me sinto em alturas de abranger o mundo, no pico dum miradouro ou sentado numa nuvem, vejo-te em cidade-nave, barca com ruas e jardins por dentro e até a brisa que corre me sabe a sal. Há ondas de mar aberto desenhadas nas tuas calçadas; há âncoras, há sereias. O convés, em praça larga com uma rosa dos ventos bordada no empedrado, tem a comandá-lo duas colunas saídas das águas que fazem guarda de honra à partida para o oceano. Ladeiam a proa ou figuram como tal, é a ideia que dão; um pouco atrás, está um rei-menino montado num cavalo verde a olhar, por entre elas, para o outro lado da Terra e a seus pés vêem-se nomes de navegadores e datas de descobrimentos anotados a basalto no terreiro batido pelo sol. Em frente é o rio que corre para os meridianos do paraíso. O tal Tejo de que falam os cronistas enlouquecidos, povoando-o de tritões a cavalo de golfinhos.

José Cardoso Pires


BrunoVentana

3 Comments:

At 1:33 da tarde, Blogger Raquel Sabino Pereira said...

E-S-P-E-C-T-A-C-U-L-A-R!

 
At 2:45 da tarde, Blogger Minha Rica casinha said...

Grazie mille Sailor baby

 
At 2:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Um dos melhores posts que jamais vi na blogosfera.
Por aqui "passarei a passar" todos os dias.
HV

 

Enviar um comentário

<< Home