28.10.04

O “ENCAIXA MELHOR” DE PACHECO PEREIRA

“There are many people that have answers to questions and don`t even know the questions exist”
J. Harrisson


J. Pacheco Pereira (vd. Abrupto – 6.10) constrói que, “encaixando” ( Kennedy ) mal na esquerda, já L. Johnson, por estranho que pareça, “encaixa melhor”.

Parece mesmo muito estranho.

A ideia, pouco tratada, vai buscar-se a uma vulgata do panteão presidencial americano, a uma pseudo história, politicamente correcta, que, mesmo com a espantosa conspiração de silêncio das forças das “deep politics” ( as práticas e acções políticas, deliberadas ou não, que são sistematicamente ocultadas), desapareceu por completo antes do final do século passado.

Havia, antes, o lado positivo da denominada “Great Society”, com os avanços na questão racial e numa projectada luta contra a pobreza.
Havia o notável manobrador político (no sentido mais rasteiro do termo), fruto da experiência como senador e presidente do Senado, alimentado por uma vontade titânica de poder.

Havia, sobretudo, uma maioria do partido democrata saída das eleições de 1964, fruto da onda de emoção que varria a América, poucos meses após o assassinato de Dallas, e da qualidade do oponente republicano ( Barry Goldwater) cujo extremismo o tornava praticamente inelegível.

Tudo isso afocinhou miseravelmente, ainda nos anos 60, no desastre da escalada na guerra do Vietname e na teia infame de embustes que a envolveram.

Mas o recorte mais fino da sórdida personagem veio mais tarde.
O homem de mão dos patrões do petróleo do Texas (Edward Clark, Billie Sol Estes), o corrupto, o chantagista, o cúmplice e instigador de assassínios.

Desde que saiu da Casa Branca viveu recluso, amarfanhado em restos de consciência, sob tratamento psiquiátrico permanente, morrendo na mais abjecta miséria moral.

Tinha razões para isso.

Hoje, 70% dos americanos está convicta de que houve uma conspiração para assassinar JFK e que Johnson nela participou de alguma forma, ou tendo conhecimento antecipado do crime ou colaborando no seu encobrimento.

E, em 2003, o puzzle do completo envolvimento de L. Johnson no assassinato de Dallas foi encaixado pelo seu personal attorney Barr McClellan ( vd. Blood, Money & Power, Hannover House, 2003).

Também o antigo patrão Sol Estes conta a mesma história (vd. JFK-Le Dernier Témoin - William Raymond, Billie Sol Estes, Flammarion, 2003).

“Encaixa melhor”? Aonde?


brunoventana

3 Comments:

At 10:08 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Very cool design! Useful information. Go on! »

 
At 3:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Fabuloso post. um dos melhores de sempre da nossa blogosfera.
Impressionante e perturbante.
DG

 
At 4:52 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"the story of Billie Sol Estes [is about] how the government can destroy a family anytime, anywhere and for any reason".

 

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