25.3.05

CABEÇA EM ÁGUA

O morgado de Gaia, desinquieto e pálido, cabelo sem espiral nem torvelinho, explicou, no condicional, como faria oposição a Sócrates:

"Eu iria deixar-lhe a cabeça em água.
Apareceria às seis da manhã nas lotas a falar com pescadores, passaria as noites nos bairros degradados da periferia de lisboa a discutir problemas de segurança.
Ele nunca saberia onde me iria encontrar no dia seguinte."

Mas o morgado, relata um jornalista do Expresso, "teme que o PSD ainda não esteja preparado para este projecto de liderança e de oposição"

O "ainda" é uma delícia, um verdadeiro papo de anjo em forma de advérbio.

Mas que a tal falta de preparação é o azar de Sócrates e a sorte dos pescadores, disso é que ninguém tem dúvidas.



brunoventana