6.5.05

O PECADO DA SOBERBA

Quando tudo se encaminhava para uma vitória folgada de Manuel Maria Carrilho na Câmara de Lisboa, eis que surge Sá Fernandes para estragar tudo.

Carrilho contava com um PSD desacreditado em Lisboa pela acção de Santana na câmara, com uma opção dos sociais democratas muito contestada pelos colegas de Carmona na câmara fiéis ao actual presidente e com a oposição escondida mas activa do próprio Santana Lopes.

O PS tinha conseguido "encostar para canto" os comunistas remetendo-o para um partido residual a par com o bloco de esquerda.

A inexistência de coligação à esquerda, claramente provocada pelo partido socialista, tinha conseguido, aparentemente favorecido a afirmação de Carrilho, fazendo passar uma imagem de segurança e firmeza (conduzindo ao voto útil para o PS em toda a esquerda).

À tentativa de hegemonia do PS correspondeu uma aparente incapacidade de reacção das outras formações de esquerda.

Até que surge a candidatura de José Sá Fernandes.

Sá Fernandes apresenta-se como independente mas rodeado de muita gente da esquerda não alinhada. Parece estar assim encontrada a reacção do BE.

Acontece que esta aparente independência e que será de facto do bloco terá, pela forma como se apresenta, a capacidade de "roubar" eleitorado sobretudo ao PS (o do PCP é, historicamente, mais fiel).

Carrilho tem fortes razões para se sentir preocupado com este cenário.

Foi a soberba...



Manuel S. Carneiro