3.5.05

A RÃ E O ESCORPIÃO

O fogo crepita feroz e avassalador. Na margem do largo rio que permeia a floresta, encontram-se dois inimigos figadais: a rã e o escorpião.

Lépida e faceira, a rã prepara-se para o salto nas águas salvadoras. O escorpião, que não sabe nadar, aterroriza-se ante a morte certa, estorricado pelas chamas ou impiedosamente tragado pelas águas revoltas.

Arguto e num esforço derradeiro, implora o escorpião:
— Bela rã, leva-me nas tuas costas na travessia do rio!
— Não confio em ti! Teu ferrão é inclemente e mortal — responde a rã.
— Jamais tamanha ingratidão. Ademais, se eu te picar, é morte certa para nós dois.
— É verdade — pensou candidamente o bondoso batráquio. Então suba!

E lá se foram irmanados e felizes. No entanto, no meio da travessia, a rã é atingida no dorso por uma impiedosa ferroada. Entremeando dor e revolta, trava o derradeiro diálogo:
— Quanta maldade! — exclama a rã, contorcendo-se. Não vês que morreremos os dois?
— Sim, responde o escorpião, mas essa é a minha natureza!


Manuel S. Carneiro

4 Comments:

At 11:44 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Ando a repetir isto à anos sobre a natureza do Zombie... É por isso de esperar que lá para Setembro/Outubro anúncie triunfalmente a sua candidatura a Presidente dos Zombies... Está-lhe na natureza...

 
At 2:44 da tarde, Blogger O Politicopata said...

Pelo menos, lá ferrão tem ó Anonymous!!! Cá para mim, é melhor esperar sentado ò Anonymous!!!!!

 
At 2:44 da tarde, Blogger O Politicopata said...

Pelo menos, lá ferrão tem ó Anonymous!!! Cá para mim, é melhor esperar sentado ò Anonymous!!!!!

 
At 11:47 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Cool blog, interesting information... Keep it UP »

 

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