1.6.05

TIRANDO DUAS

Ora veja-se só como em termos de preparação, perspicácia e talento há, entre jornalistas (!!), quem perceba o que acompanha.

Tirando duas medidas, talvez três, um programa e peras:


"Um texto demagógico

Serve este texto para explicar como podia e pode o governo salvar o défice sem nos "lixar" a vida a todos. O artigo é, sobretudo, uma lista de mercearia (ou de lavandaria, para quem gosta dos livros do WoodyAllen). Os itens não vão por ordem de grandeza, mas são todos exequíveis. Ora aí vai:

1. Proibir qualquer governo de mudar a sua lei orgânica durante 20 anos.

2. Proibir qualquer ministro de mudar o nome do seu ministério e, assim, não encomendar novo logótipo, papel timbrado, envelopes, cartões e afins.

3. Proibir qualquer ministério ou direcção-geral de mudar de instalações e ameaçar criminalmente quem o fizer.

4. Proibir as delegações que vão a Nova Iorque de se instalarem no Pierre ou no Waldorf Astoria, apesar de os representantes da Guiné estarem lá.

5. Restringir o uso dos Falcon ao Presidente da República e ao Primeiro-Ministro.

6. Não encomendar nenhum estudo a nenhuma consultora durante 1 ano. Vão ver que os preços das consultoras baixam e que os 'power-points' deixam de ser um chorrilho de banalidades.

7. Extinguir todas as comissões de livros brancos, verdes e afins.

8. Extinguir os governos civis todos, vender os edifícios e a tralha respectiva.

9. Reduzir drasticamente o 'staff' variável dos ministérios e, sobretudo, das câmaras municipais para acabar com as máquinas de emprego partidário.

10. Proibir que os ministérios contratem empresas de comunicação para fazer a assessoria de imprensa ou que o façam através das empresas que tutelam.

11. Não nomear amigos e "malta do partido" para as administrações das empresas estatais e para-estatais.

12. Para assustar a nossa Banca, o Governo devia deixar que o BBVA comprasse um grande banco em Portugal.

13. Para mostrar que nem tudo está combinado na secretaria, o Governo devia deixar que o Belmiro ganhasse um concurso público qualquer. Lá porque ele não dá dinheiro aos partidos, começa a ser escandaloso que o maior empresário português nunca ganhe nada quando a decisão está nas mãos do Estado.

14. Vender os submarinos a algum país emergente (ou submergente, como nós).

15. Vender todos os quartéis que existem no centro das cidades, urbanizar 30% e pôr tudo o resto com espaços verdes geridos e pagos pelas construtoras que ficam com os direitos de construção.

16. Obrigar Angola a pagar a dívida.

17. Assumir que só as linhas do TGV Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto é que podem ser rentáveis e acabar com as outras todas, que nunca vão ser feitas e para as quais se continuam a encomendar muitos estudos.

18. Condecorar o Paulo Macedo.

19. Depois de ser condecorado, sugiro ao Paulo Macedo que faça uma busca simultânea nos partidos políticos e nas empresas que montam campanhas eleitorais. Vai ver, finalmente, o que são sinais exteriores de riqueza.

20. Fazer o mesmo nas SAD dos clubes que vivem acima das possibilidades e jogam cada vez pior.

21. Implodir o Estádio do Algarve em cerimónia pública e obrigar o José Sócrates e o José Luís Arnaut a carregarem no botão e, já agora, a comprar a dinamite do seu bolso - são os dois ricos e não lhes faz diferença. Ameaçar, nesse mesmo dia, implodir os estádios de Aveiro e de Coimbra se continuarem a dar prejuízos monstruosos."

Ricardo Costa (director de Informação da SIC Notícias)
in diarioeconómico



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