31.7.05

NOVIDADES

"When the eagles are silent, the parrots begin to jabber."
Sir Winston Churchill




Os prosélitos, sobretudo os não ostensivos, do movimento "lufada de ar fresco" para a política nacional vêm procurando instilar a ideia de que os candidatos prefigurados para as presidenciais de 2006 são, ambos, antigos, são, ambos, de um outro tempo, são, ambos, velhos.

A habilidade parece bem achada mas, como é próprio das manigâncias, acaba por ser manhosa.

Como tranquilamente refere João Cândido Silva (in publico de 30.7), a elementar constatação de que um dos candidatos terá 81 anos em Janeiro e outro terá 66 "deita por terra os argumentos que, sublinhando o tempo de vida dos dois políticos, os colocam indevidamente no mesmo saco em termos geracionais, tentando erguer a idade, simultaneamente, como um factor de rejeição das suas prováveis candidaturas. Tudo isto é pouco mais do que uma falácia.

A diferença de idades entre Soares e Cavaco basta, só por si, para que se possa constatar que pertencem a gerações diferentes. São quinze anos que correspondem a uma distância suficientemente larga para que se perceba, com base no mero senso comum, que os seus pontos de vista e as suas referências foram moldados por circunstâncias diversas..."

Que o MASP III continue animosamente a tentar reconstituir o "arco anti-Cavaco" de 1994/5 - frente de "esquerda", sindicatos, jornais, televisões, capitalistas "inteligentes", "gente da cultura", despeitados laranjas e cidadãos que legítima e genuínamente antipatizam com o gajo -
é, bem vistas as coisas, o seu papel, mas ganha com toda a certeza em não falar de idades e, já agora, em ter presentes quatro novidades em relação àqueles tempos:

As habilidades finórias, que passaram impunes no segundo mandato soarista, foram há muito desmontadas e são, hoje, do domínio público;

A "vitória" que dali saiu, levou os portugueses, em linha recta, ao triste marnel onde se encontram, catapultados pelo inenarrável guterres;

Os jornais e jornalistas portugueses já não são, apesar de tudo, o monturo entre o acéfalo e o acrítico que, ao tempo, imperava;

O povo desta boa terra, saído duma recessão e com outra mais ou menos prometida ali à frente, é capaz de, farto de ser burro de nora, arquejar a energia dum coice dedicado a quem pensa que o país é um quintal de folguedos para vaidades elefantinas.



Crist.doVale