3.8.05

É ALGO DE PENOSO

"É pena. O apego ao poder diminui os que dele padecem»
helena roseta





"Uma candidatura infeliz

A súbita aparição de Soares como possível candidato a Presidente da República surgiu como a resolução de todos os problemas da esquerda: o PS, o Governo (e o PCP e o Bloco) têm um candidato ganhador e, no caso remoto de Soares perder, as responsabilidades acabam por ser mais dele do que dos partidos que o apoiaram. Do ponto de vista de Sócrates, uma eventual derrota de Soares não é um problema com que o Governo se tenha de preocupar.

À primeira vista é assim. Mas se nos detivermos um pouco mais a analisar a candidatura de Soares, poderemos chegar à conclusão contrária: a de que ela, ganha ou perca, pode ser muito desestabilizadora para o Governo e para a esquerda.

Uma vitória de Soares provocaria uma crise de legitimidade no PS e no Governo. Onde hoje existe um líder incontestado - José Sócrates - passaria a haver um poder bicéfalo partilhado por Sócrates e Soares, cada qual com os seus aliados internos. E quem não viu que Soares não morre de amores por Sócrates ainda não percebeu quem é Soares nem quem é Sócrates. Argumentar-se-á que o mesmo se passaria fosse quem fosse o candidato socialista. Mas tal não é verdade. No PS, Soares sempre teve o seu pequeno ou grande exército, mas isso jamais se passou com Alegre, com Vitorino ou com Gama que sempre actuaram de forma praticamente isolada.

Uma derrota de Soares - que está longe de ser impossível ou mesmo improvável - também não seria indiferente para o Governo e o PS. Na verdade, um candidato de direita que ganhe a Soares, seja ele Cavaco Silva ou outro, alcança uma legitimidade especial e um impulso considerável, deixando o conjunto da esquerda, mas sobretudo o PS e o Governo em depressão profunda. A derrota de Soares não é comparável a uma derrota de um outro candidato da esquerda, porque Soares tem uma história que não é comparável à de qualquer outro candidato. Mais: uma derrota de Soares seria a prova mais provada da incomensurável estupidez da candidatura de Soares: perder-se-ia uma referência a troco de nada.

Por último, o infeliz impulso de Mário Soares em candidatar-se é algo de penoso para aqueles que sempre foram seus amigos; admiradores do homem de coragem e do amante da vida, para além das pequenas contingências da nossa pequena política."

Henrique Monteiro
Expresso online
3 Agosto 2005





brventana

3 Comments:

At 10:41 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Quando não se sabe gerir a fase de declinio é certo e sabido que todo o passado fica em causa...está teoricamente mais que provado desde que Vernnon introduziu na àrea da Gestão o conceito de CVP/PLC!!!

Facto que demonstra a debilidade estratégica dos "suppoters" desta asneira!!!

LCV

 
At 2:22 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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At 3:29 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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