15.1.06

Galheteiros

Esta semana entrou em vigor uma disposição legal que determina a obrigação de utilização de embalagens identificadas e descartáveis para o azeite servido à mesa em restaurantes.

Com esta medida pretende-se garantir a qualidade do azeite que é servido nos restaurantes.

Com a entrada em vigor é banido de imediato o tradicional galheteiro. Em vez deste irão aparecer umas quaisquer embalagens que podem ser de vidro ou plástico.

Do ponto de vista ambiental, esta medida representa um retrocesso nas medidas de diminuição de resíduos. Por um lado, porque não foi tido em conta o princípio da utilização de recipientes de vidro nos restaurantes por forma a promover a reciclagem das embalagens, por outro porque esta medida vai promover o aumento da produção de resíduos resultante do desperdício das embalagens, além da poluição produzida pelos restos de gordura nas embalagens.

Sobre os produtores de azeite, esta medida também terá consequências, nomeadamente porque prejudica os pequenos produtores que não terão a mesma capacidade que os grandes de adaptarem a embalagem da sua produção em função desta exigência. É uma medida que promove os grandes industriais de azeite, vedando, na prática, o acesso dos pequenos produtores ao mercado da restauração.

Esta imposição terá ainda implicações no preço cobrado aos consumidores pelas refeições, na medida em que as embalagens individuais terão um custo que será imputado aos clientes.

Quanto ao objectivo de promover a qualidade do azeite utilizado nos restaurantes, esta medida acaba por não ser eficaz pois uma parte significativa do azeite utilizado nos restaurantes é na fase da cozinha, para a qual não estão previstas quaisquer precauções.

Será esta mais uma medida resultante do processo de globalização em curso?

Vivam os galheteiros!


Eusébio Furtado

5 Comments:

At 2:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

apoiado! ainda vão conseguir acabar com os queijos e enchidos...

 
At 4:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Há por aqui um certo populismo, inibidor de agarrar os problemas na sua verdadeira dimensão.
Bem sei que tal dimensão assume de forma crescente um caracter sisténmico. Complicando, de facto, a análise, mesmo quando se abordam problemas aparentemente simples.
Contudo, tal não pode ser razão para aproximações aparentemenrte simplificadas mas de facto de cunho populista (isto sem significar ser esta a intenção objectiva do autor).
RR

 
At 4:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tradicionalistas da borda d'água....
A. Parente
(S. Matin du Port sur Mér)

 
At 6:08 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tá tudo louco!!!

 
At 6:09 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E uma análise de ciclo de vida, mais umas quantas análises economicas? Ou é tudo de "boca"'

 

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