20.2.06

Correio dos Leitores

Homenagem às donas de casa


“AI DOS VENCIDOS” !
(Império Romano, no Sec.II A.C.)


Lisboa, AINDA Portugal
MAS, até quando ? ,
aos 9 de Fevereiro de 2006


Homenagem às “Donas de Casa” da Europa
(à percentagem de 14,31%, de 22 de Janeiro de 2006)


1 - Lembram-se de uma eleição para Presidente do Parlamento Europeu, em que ganhou uma “Dona de Casa” versus um ex-Presidente da República de um Estado Membro da U.E. ?

Que vitória, meu Deus !!!

Que triste e escusado vexame para o Povo e para o Estado do dito “ex” !!!

2 - Reconheço que, afinal, é muito difícil, direi mesmo, DIFICÍLIMO, ser-se democrata, a corpo inteiro. Sofro com esta minha enorme limitação.

Passo, assim, a confessar os meus terríveis pecados políticos.

3 - No rescaldo das recentes eleições presidenciais portuguesas, tenho que admitir - com algum embaraço democrático - que ainda não sei lá muito bem SE, a enorme alegria e a profunda emoção que me proporcionaram os resultados dessas eleições, resultam da vitória esmagadora do Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva ou, pelo contrário, resultam da deliciosa e reconfortante derrota do Senhor Soares.

4 - Desde SEMPRE - não é, pois, só de agora - e, certamente, ainda muito antes da fundação, na República Federal da Alemanha, do Partido Socialista Português, no exílio, que eu tenho uma particular AVERSÃO ao Mário, o sobrinho comuna, como lhe chamava, com piedosa ternura, a Tia “Senhora Laurona”, lá da Abadia e das CORTES - Leiria (minhas terras de eleição).

5 - Esse sentimento de AVERSÃO, que me terá chegado por honrosa herança familiar - lado Paterno - manteve-se muito viva, permanente e cada vez mais forte, até aos nossos dias.

6 - Os acontecimentos políticos, pindéricamente anedóticos, que se desenrolaram em Portugal, ao longo dos últimos 32 (trinta e dois) ANOS, criaram a ridícula lenda política do “pai da democracia”.

7 - Todos os povos, e o Povo Português não foge à regra, precisam como “do pão para a boca”, de criarem os seus próprios ícones nacionais.

8 - Normalmente esses mitos são enormes falácias em que as pessoas se deixaram embalar, por conveniências(s), por inércia(s), por sentimentalismos bacocos e, ainda, por muitas outras razões fúteis, fáceis de compreender. “É a Vida !”, como diria o refugiado Toneca.

9 - Enquanto Português, e ainda, do ponto de vista cívico, próprio de um Cidadão Livre, DECLARO, solenemente, que :

NÃO devo NADA, nem NUNCA devi absolutamente NADA, ao Senhor Soares. Felizmente !

TAMBÉM estive presente na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, no célebre comício de apoio ao “Grupo dos Nove”. Também lá estiveram o meu Padeiro, o meu Leiteiro, o meu Merceeiro, o meu Barbeiro, o meu Taxista, o meu Engraxador e, sobretudo, o meu saudoso Porteiro.
Estivemos TODOS !!!

NÃO considero, pois, o Senhor Soares como sendo o “pai da democracia portuguesa”, NEM sequer o considero como o padrinho, NEM mesmo, como o simples padrasto !

10 - Quando muito, o Senhor Soares foi um habilidoso aproveitador da boa-fé dos Portugueses e, também, um jogador, calculista, no tabuleiro das dramáticas condições históricas que, então, vivíamos.

Nisso foi um exímio “animal político” MAS, sempre e SÓ, a seu favor, claro !

11 - Numa dilação de 18 (dezoito) ANOS, a diferença de idades entre nós, sou EU, agora, que digo ao Senhor Soares :

BASTA !

e recolha-se, humildemente, a uma das suas 4 (quatro) casas o que, convenhamos, é muito telhado, para um socialista, tão convicto e tão “devoto”, ..... apesar de agnóstico.

12 - O futuro a Deus pertence, mas não deixaria de ser uma enorme comédia - como aquela que acaba de nos divertir tanto - SE, em 2011, o Senhor Soares viesse a disputar as eleições presidenciais da altura.

Lata não lhe falta. O siso é que já é pouco.

13 - Prometo, desde já, SE tal viesse a suceder, que o Senhor Soares poderá contar com o meu voto entusiasta. Tal compromisso será cumprido, apesar de estar garantido, à partida, que até o perene Dr. Garcia Pereira, ou outro Grande Educador da Classe Operária, irá ter melhor percentagem.

14 - É por tudo isto que eu reconheço, constrangido, que é muito difícil, direi mesmo, DIFICÍLIMO, ser-se democrata, a corpo inteiro. Sofro com esta minha enorme limitação.

MEA CULPA .

AMÉN .


Sancho Pança
(com burro e tudo)


PS(D): Ficamos à espera, Senhor Soares, da prometida biografia de Sua Excelência o Senhor Professor Doutor António de Oliveira Salazar.