19.4.06

Nesses bailados

Lançar sementes à terra

Lançar sementes à terra, mas que terra?
Parece a mesma a quem não conhece
Pois os segredos que em seu seio encerra
Só são de quem por ela desfalece.

Lezírias chãs, ou faldas duma serra
Gleba morena, fresca, que apetece
Às mãos de quem por ela se desterra
P`los sonhos que o arado nela tece.

Brejos incultos, matagais, baldios
Tisnados ao hálito dos estios
Que do levante ardente sopram lestos:

Os teus mistérios, são as mãos que os trazem
As mãos que ao teu contacto se desfazem
Nesses bailados de fecundos gestos.



D. José Zarco da Câmara*




*D. José Zarco da Cãmara, Conde da Ribeira Grande, lavrador, poeta, violoncelista.
Aristocrata, bon-vivant, figura de elegância lendária, grand causeur, prendia a atenção, fosse em tabernas, fosse em salões, em Paris ou na Granja, em Londres ou em Santarém.
Inspirou Sophia Mello Breyner, que o descreveu na personagem central do conto "A Praia" (in Contos Exemplares).
Uma velha admiradora contava que " fazia lembrar o principe de O Leopardo, mas com mais classe..." Morreu em 1961.

guido sarrasa

10 Comments:

At 1:24 da manhã, Anonymous Anónimo said...

As coïncidências das nossas vidas :

Conde da Ribeira Grande ... Conde da Ribeira Grande ... eu lembro-me de ter visto por cá o Jazigo do Conde da Ribeira Grande !
Telefonei ao meu pai :
- É com certeza um antepassado deste que faleceu em 1961. Sabes que eu conheci esse Senhor ?
Ah sim ?!
E aquilo veio em catadupa :
- Lembras-te de ouvir falar no desastre da Air France no Pico Redondo ? Nesse desastre morreu a grande violinista Ginette Neveu (e o "boxeur" Marcel Serdan)...
- Mas o que é que isto tem a ver com o Conde ?
- Vou-te explicar :
- Essa Ginette Neveu deu um Concerto no Teatro Rosa Damasceno em Santarém quando eu lá estava a estudar na Escola Agrícola.
Fui colega do David Ribeiro Telles (sobrinho do Arquitecto) que acho que tinha um "fraquinho" pela Nina, a filha mais velha do Conde da Ribeira Grande. Essas pessoas, e os Lumbrales que eu também conhecia, costumavam passar o Verão na Granja. O Conde tinha a sua casa de Santarém mesmo defronte ao Teatro, e não me recordo como, o certo é que a Condessa me convidou - e a outros colegas - para um Serão Musical após o Concerto de Ginette Neveu, em que o Conde e ela tocaram. E como tocaram ! Foi lindíssimo.
A Nina (eram talvez quatro irmãos mas já não me lembro do nome dos outros) acabou por casar com um outro colega nosso da Escola Agrícola um tal de Lourenço Neves Alves, mas parece-me que foi infeliz nesse casamento ...
O David Ribeiro Telles foi quem me comprou a "Lady" lembras-te ?
- Esse Senhor Conde da Ribeira Grande era um encanto de pessoa e tinha uma característica curiosa ; não dava apertos-de-mão ... agarrava no ombro, sacudia ligeiramente, e dizia «então como é que vai isso, rapaz ?».
Ora o meu pai. Quem diria, hein ?

 
At 7:18 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Já agora, e porque conheço a família, preciso que a Nina se chama Maria da Pureza Zarco da Câmara Teotónio Pereira e que casou em 1955 na quinta do Mocho em Santarém com o Luís Teotónio Pereira, de quem tem 6 filhos e vários netos. Vivem na Foz no Porto.
E felicito o guido sarrasa pela soberbo retrato que fez do memorável Conde da Ribeira Grande.

António José Melo

 
At 9:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Falamos dos anos 40, meados dos anos 40. Com os seus 79 anos, o meu pai enganou-se.
E de facto, esclarecido o lapso pela Srª Dª Maria Schiappa :
Manuel Lourenço Neves Alves, casou sim com a Srª Dª Teresa Alcochete e não com a Srª Dª Maria da Pureza Zarco da Câmara Teotónio Pereira. Peço desculpa.

 
At 8:51 da manhã, Anonymous Anónimo said...

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At 9:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Desculpe a ignorancia.
Mas vou dizer o que sei de acordo com os meus antepassados. Minha avó era filha elegitima do Conde. Como ela haviam varios outros. Parece-me que ele nunca casou e quando morreu deixou a seu fortuna às mulheres a quem ele enganou desde que tivessem provas disso.
Minha bisavó não soube disso antes do prazo estipulado, por isso não recebeu um centavo.
Meu tio, irmão do meu pai foi visitar os herdeiros do conde e reconheceram-se como família. Isso foi talvez há mais de 50 anos atráz.
Se alguém tiver mais alguma informação sobre o conde, eu gostaria de saber. Por exemplo: O seu apelido, data de falecimento, onde morava...
Estou fora de Portugal e gostaria de saber também alguma coisa sobre as famílias herdeiras do conde.

 
At 1:29 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Meu nome é Fernando Gomes da Camara, Meu avô chamava-se Clemente Jacintho da Camara, nascido em São Miguel. Procuro referências familiares...
atenciosamente
Fernando

 
At 1:39 da manhã, Blogger Fernando Camara said...

Fernando Camara. Favor enviar correspondências para fernandogcamara@yahoo.com.br
Moro no Riode Janeiro, Brasil.

 
At 5:01 da manhã, Blogger Sofia Costa said...

olá a todos... qual é o meu espanto quando a meio de uma insonia passeava eu pelas pag. deste blogue e me deparo com esta conversa...
é que essa tal Nina (Maria da Pureza Magalhaes Gonçalves Zarco da Camara Theotonoi Pereira) é minha avó!!!
venho entao esclarecer que ela se casou com luis bettencourt theotonio pereira, tem 6 filhos, 15 nteos e 1 bisneta.
o actual conde da ribeira grande é primo direito da minha mae.

 
At 7:13 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Gostava de esclarecer o comentario sobre o conde da ribeira grande que nunjca casou e deixou a herança aos bastardos. Nunca existiram na familia Ribeira Grande bastardos nem condes solteiros. O Senhor que se informe melhor porque deve estar a confundir com outra pessoa

 
At 6:09 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Continuando a conversa sobre os filhos bastardos de um dos condes. Segundo meu pai, que nasceu em 1916 e já falecido, contou-nos que sua mãe, minha avó era filha do conde. Isto talvez tenha acontecido entre os anos 1890 e 1900. Esta historia foi sempre guardada em segredo, pois na época, teria sido um grande escandalo para a família. Eu só fiquei sabendo disto muitos anos mais tarde (+- 1980). Minha bisavó era cozinheira na casa do conde. Ela ficou gravida dele. Quando este soube da gravidez, despediu-a. Parece que êle usou-se de outras mulheres que igualmente tiveram filhos dele. Mais tarde, antes de morrer, êle deixou a sua fortuna aos filhos dessas mulheres. Minha avó não se apresentou dentro do prazo estipulado e não teve direito a nada. Não acredito que a minha família tivesse guardado êste segredo, não tendo sido o mesmo um fato verdadeiro.

 

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