Isto era o que devia ter sido dito de início...
Sobre assessores, viagens, regalias e outras maldades... (*)
Dedico este texto à classe política na qual, com orgulho, me incluo. Fui, tal como o próprio presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), "acusada" de ter a trabalhar comigo um "exército" de assessores.
Reles, vil mulher, esta vereadora: usurpadora dos dinheiros públicos ao serviço de clientelas partidárias, juvenis e afins (no meu caso, posso até estar ao serviço desses potentados de vícios, leia-se promotores imobiliários, já que tutelo o Urbanismo).
Raro é o político que não foi "atacado" ou porque tem boys, ou faz viagens ou abusa de telemóveis ou outras regalias... Momento temido este de ver o nosso nome maltratado nos jornais!
E, nesses momentos, o que faz a maioria dos políticos? Acobardam-se!
Sacam da virgem ofendida que há dentro de nós e envolvem-se em comunicados e desmentidos... e vai de mostrar estratégias de transparência, modelos de boa gestão, rebuscam na arca das suas memórias políticas momentos (que obviamente são comprováveis) da enorme rectidão das suas vidas públicas, de comportamento exemplarmente ético, respeitador... moralmente inatacável. Viram-se aos jornalistas (Ah esses vendidos!) e sai a inevitável cartada do politicamente correcto! Para mim, basta. Isto é cansativo. Venha a verdade!
Eu tenho 20 assessores. É verdade e PRECISO DELES. São úteis. São bons e trabalham que se fartam. Constituem uma mais valia para a câmara. Perguntem aos serviços que tutelo se os meus assessores os substituem ou trabalham contra eles? Dados os pelouros que tenho devo dizer que se entender que preciso de reforçar a equipa, de modo a conseguir realizar melhor trabalho, o farei. O limite é o do respeito pela coisa pública, o bom senso, a disponibilidade financeira e a inexistência dessas competências no município.
Alguns são do PSD. É verdade. Também os tenho de outros partidos. Estão comigo aqueles em quem confio pessoal e tecnicamente. Faço viagens. É verdade. A área do Urbanismo, da Reabilitação Urbana e do Planeamento está representada num conjunto de organismos internacionais e mal seria se Lisboa não estivesse directamente envolvida. Além do mais a roda está inventada e há exemplos que nos poupam muito dinheiro, tempo e sobretudo... erros! Ou querem voltar ao Portugal fechado, isolado, poupadinho, pequenino e orgulhosamente só?
A política é uma actividade nobre que tem de ser exercida com verdade, por mais que ela seja difícil de explicar. Aquilo a que assistimos é uma política de pátio. Um enorme ridículo público que deixa cada vez mais descrentes as pessoas que, deste modo, chegam sempre à mesma conclusão, lógica, diga-se: "Eles são todos iguais. Só querem é tacho!"
Eu quero trabalhar e estou a fazê-lo. Quero, no que me compete, fazer com que se viva melhor em Lisboa. Não quero ser consensual ou politicamente correcta e enquanto sentir a razão do meu lado, quero lá saber da polémica criada pelas minhas posições. Quero ser cada dia uma pessoa melhor e vivo na certeza de ser muito vã esta glória de mandar. Vã, temporária, provisória e... precária!
Estar-se na política com profissionalismo e rigor exige um único, simples e ambicioso objectivo: deixar as coisas melhor do que as encontrámos.
É esta a nossa obrigação. Trabalhar com exigência, método e organização. Foi para isto que fomos eleitos. Não foi para ter medo ou para perder tempo. Isso sim, é a utilização abusiva do dinheiro público.
NOTA: Logo hão-de vir os que vêm perguntar: "Então a vereadora diz que é verdade e o vice-presidente da CML ainda há dias desmentiu as notícias?" Nem tudo o que foi escrito é verdade. Fez bem o vice-presidente em repô-la e isso não é incompatível com o que aqui escrevo. Os que insistirem... ou não perceberam nada ou não quiseram perceber ou, pior ainda, estão empedernidos na tablóide táctica politiqueira que nos condena a todos, infelizmente! Qualquer das três hipóteses é má!”
in Público, 18 de Julho de 2006
(*) Gabriela Seara - vereadora na Câmara Municipal de Lisboa
Eusébio Furtado
3 Comments:
confesso a minha ignorância ao não saber quem é esta senhora, mas que lhe dá duro, dá. Bem forte.
Pois ... eu só quero saber qual é a dívida acumulada da CML e se ela é que é a "solução cosmopolita" para o Portugal pequenino e poupadinho. Ora bolas.
Já o Prof. Maltez, em muito recente entrevista a «O Diabo», parece ter-se reencontrado com as delícias da dialéctica :
Afinal está bem o que está bem e está quase tudo bem. Chapeau !
«Opções»:
«Luís Centeno Fragoso foi nomeado, a pedido da vereadora Marina Ferreira, director municipal dos Recursos Humanos e, segundo o despacho 110/P/2006, publicado no Boletim Municipal de 23 de Março, optou pelo salário que tinha nos Correios, cerca de 6000 euros por mês».
(C.Manhã,20-07-06)
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