As proas giram sozinhas
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto
Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
Cecília Meireles
guido sarraza
5 Comments:
Forte...
Duro...
Bruxedo!!
Bruxedo é o Blog LX Autárquicas estar tão parado, desde as eleições para a Distrital...
Não seria melhor escrever um poema dizendo:
Os primeiros Vogais
Giram sozinhos???
O Bruxedo mantêm "O SEGREDO" (mesmo), mas adverte:
"Gira lá com isso, ó meu! A malta quer saber!"
Afectuosamente
Politicopata
«No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas»...
Sounds quite familiar, indeed...
By the way... O ATLÂNTICO AZUL COMEMORA HOJE O SEU 1.º ANIVERSÁRIO!
Enviar um comentário
<< Home