Uma espécie de toque de clarim

Perante dois "números" substancialmente iguais - dois ex-Presidentes a fazer pela vida, doirando a pílula e o umbigo, em generosas e suaves páginas de jornais -, Sousa Tavares ("O perfume do poder"in Expresso-2.9) vê Sampaio "como alguém que não recuperou ainda da súbita perda de poder e de todo o seu ritual", mas, com as asinhas da poesia a agitar-se no dorso à vista de Soares, vê , "no extremo oposto", "uma espécie de toque de clarim a anunciar que o leão da política portuguesa está aí de novo de regresso ao seu habitual e ao seu melhor."
"... e até a opinião contra a corrente que dá de Hugo Chavez... (é) de uma lucidez e autonomia de pensamento notáveis."
Parece mentira, mas não é. Está lá escrito.
Julgar-se-á que três folhas de DN, ao sol de Agosto, varrem a grotesca rábula que, há meses atrás, exibiu de vez o genuíno recorte da "desprendida" personagem?
Nem o autor da "entrevista" ao referido "leão", Antonio José - valet de chambre mas não tontinho - chegou tão longe. Benza-o Deus.
Que a tenda de Soares sempre foi armada com mais graça que a de Sampaio, ninguém discutirá, agora pensar que os portugueses que compram jornais são todos parvos, isso é que já dá que pensar.


cristovaodovale