Pequeninamente
«Os portugueses não sabem falar uns com os outros, nem dialogar, nem debater, nem conversar.
Duas razões concorrem para que tal aconteça: o movimento saltitante com que passam de um assunto a outro e a incapacidade de ouvir. Não se pode dizer que a segunda decorra da primeira, porque o inverso também é verdade. resultam as duas do facto de as falas não conseguirem atinar com um "tom" comum. Porquê? Paradoxalmente (ou perversamente), porque o que se procura é precisamente a discordância (não a discórdia) e, antes de tudo, ouvir o som da sua própria voz - pequeninamente, a afirmação autista de si, na fala pronunciada sem a preocupação de ser ouvida ou ser compreendida (porque essa crença nem sequer se põe em dúvida, desde que eu me oiça. Produz-se assim uma algazarra insuportável, com todos a falar ao mesmo tempo, cada um com a sua veemência particular sem dar a devida atenção aos outros seus "interlocutores". »
José Gil
Portugal, Hoje
O medo de Existir
crisdovale
Duas razões concorrem para que tal aconteça: o movimento saltitante com que passam de um assunto a outro e a incapacidade de ouvir. Não se pode dizer que a segunda decorra da primeira, porque o inverso também é verdade. resultam as duas do facto de as falas não conseguirem atinar com um "tom" comum. Porquê? Paradoxalmente (ou perversamente), porque o que se procura é precisamente a discordância (não a discórdia) e, antes de tudo, ouvir o som da sua própria voz - pequeninamente, a afirmação autista de si, na fala pronunciada sem a preocupação de ser ouvida ou ser compreendida (porque essa crença nem sequer se põe em dúvida, desde que eu me oiça. Produz-se assim uma algazarra insuportável, com todos a falar ao mesmo tempo, cada um com a sua veemência particular sem dar a devida atenção aos outros seus "interlocutores". »
José Gil
Portugal, Hoje
O medo de Existir
crisdovale
2 Comments:
isto e o Portugal dele e de todos os diletantes inconsequentes que de facto fazem tudo para travar o progresso de toodos os paises.
O maior pecado é exactamente o não 'saber ouvir': uma deficiência mental crassa e avassaladora de soberba e orgulho. Ou melhor, pobreza de espírito.
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