7.6.07

Esta actividade a que chamam vulgarmente "política"

«(...) Estou a ouvi-lo e a pensar que, se não tivesse responsabilidades de Governo, diria coisas muito próximas daquelas que está a dizer. Gostaria de viver numa sociedade livre onde o respeito pela pessoa e pela liberdade dos outros fosse uma preocupação constante de cada cidadão. E é isso que, como governante, o que também desejaria.
Mas o processo da liberdade é muito complexo e feliz estaria eu se a liberdade fosse uma coisa que os governos pudessem oferecer. Costuma dizer-se que a liberdade não se recebe, conquista-se. Só que não é pelo verbalismo irresponsável nem pelo anarquismo revolucionário que os povos podem conquistar as liberdades de que precisam. Eu entendo que os cidadãos só conquistam a liberdade à maneira que vão assumindo responsabilidades.
As liberdades dos cidadãos estarão sempre dependentes da estabilidade social que aos governos cabe garantir. Quando o uso da liberdade a põe em perigo, a autoridade terá sempre de ser exercida.
(...)
Repare ainda numa coisa que é muito importante: esta actividade a que chamam vulgarmente "política" e que pode ser elemento de perturbação duma sociedade, passa-se ao nível duma minoria, muitas vezes divorciada do que efectivamente constitui a Nação (...)»


Marcelo Caetano in "Conversas com Marcello Caetano" de António Alçada Baptista (Moraes ed. 1973)


crisdovale

3 Comments:

At 2:19 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O último parágrafo é mesmo o pão que o diabo amassou do nosso quotidiano.

 
At 1:26 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Anda por aí a técnica. E desta vez disfarçada de democrática.
LC

 
At 1:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Porque é que ninguém fala desta obra do Alçada Batista. Que aliás nem na feira do livro se encontra....
Abafanço mais completo só o livro do Rui Mateus....

 

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