2.8.04

PORTUGAL

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Hoje
Sei apenas gostar
Duma nesga de terra
Debruada de mar.”
Miguel Torga


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O instinto, porém, protesta ainda.
E homens e bichos, irmanados no mesmo ardor que ele desperta, encontram-se dia a dia nos terreiros que o sol da razão não ilumina. Ora, é no Ribatejo o sítio do mundo onde esse embate é mais belo e natural.

A luta ali não é para servir nenhum senhor, ou para distrair a atenção inquietante das massas. È um lúdico acto de coragem, alegre e soalheiro. Por sentir que o combate que vai travar não é um fruto do rancor mas o desabrochar de uma espontânea solicitação., o campino veste-se de garridos trajes, ergue na mão um pampilho, o ceptro da sua majestade, o símbolo de uma grandeza feita de graça e valentia e, quando soa na praça o clarim da refrega, é assim vistoso e confiado que ele se expõe. E chama festa brava à lide gloriosa!

O toureio português, ribatejano, é a prova de que nem tudo no homem é cobardia de açougue, mistificação vegetariana. A vida é um desempate permanente, e o que é preciso é jogar com limpeza e formosura em cada número da caprichosa roleta.
………….”
M. Torga ( Portugal)

Bruno Ventana