27.12.04

AVULSOS, CURTOS E MEMORÁVEIS

Faz, por agora, quarenta anos. Um governo deste país (12.12.1914/28.1.12915) presidido por Vítor Hugo de Azevedo Coutinho, pelas vincadas características que estadeava, mereceu à opinião pública do tempo o esclarecedor sobriquet de “Os Miseráveis”.



Antes, em 1835, a dada altura passou a chefiar o Governo o Duque de Saldanha, sucedendo ao Duque de Palmela. A constituição desse Governo (que incluía o chefe da oposição!) era de tal forma incongruente que o povo o baptizou de “Governo dos Impossíveis”. Por esse tempo, chamavam ao Duque de Palmela o “Ministro dos Estrangeiros em Portugal”.



Ainda nesse saudoso ano de 1835, em Novembro, foi empossado um Governo liderado por José Jorge Loureiro que, pala sua prestação singular, ficou para a História o “Ministério dos Vândalos”.



Em 7 de Fevereiro de 1842, Palmela é nomeado, uma outra vez, Chefe do Governo. Este dura três dias e passará à posteridade como o “do Entrudo”.



Voltando à I República, encontramos no capítulo dos “curtos” (executivos com menos de três meses), entre muitos, o de Francisco José Fernandes Costa, que, empossado em 15 de Janeiro de 1920, caiu em 21 desse mesmo mês de Janeiro e, um pouco mais tarde, o de José Ramos Preto, que durou de 6 a 26 de Junho de 1920, e o de Álvaro de Castro que aguentou dez dias (20 a 30 de Novembro de 1920).



O mais extraordinário dos “avulsos”, agora respigados ao acaso, data de 19 de Maio de 1870 e passou à História como a “Saldanhada”:

João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira Daun, filho do Conde de Rio Maior, neto, por sua mãe, do Marquês de Pombal e admirador de Lafayette, pega cavalo e tropa e, chegado à Ajuda, coage D.Luís I a demitir o (terceiro) Governo dos Históricos, chefiado por Loulé, e fica com a Presidência do Conselho para si mesmo.

Na sequência imediata, deparando-se naturais dificuldades, fica, aliás, com todas as pastas. Tinha oitenta anos.


Como sabemos, houve mais avulsos e curtos….


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