20.12.04

TODO ALÇADO NO BICO DOS BOTINS


“Uma caleche passava, vazia.
Detive-a. Berrei:
-Aos touros! “
Eça de Queirós



Não conseguiu das últimas vezes.
Em todas elas, formação de governos ou remodelações, o seu nome, qual flecha fendendo os ares, corria em primeiro por mentideros, tertúlias, corredores e jornais.
Ele próprio, acanhado, o fazia fender.
Os arremedos raiaram o desespero e estrugiram os nervos.
Chegava a fazer doer, saindo as listas, não ver o seu nome.
E já alguns murmuravam: Dêem lá qualquer coisa ao homem…
Até porque aptidão para pastas, parece que tinha para mais que uma, mais que duas, mais que três.
Nada se arranjou. O PSD (mesmo o PP), friíssimo, não lhe abriu a adega.
Ainda lhe amanharam um vão de escada – a presidência do Instituto Nacional de Administração – mas a adega, isso não.

Só que, e isso tem valor, o nosso homem não se ficou.
Pois não é que, na grande festa do PS, à borda Tejo, na sexta-feira, lá estava ele.
Sentado à esquerda de Sócrates, o que, nos tempos que correm, é um sítio esplêndido.
Não tem domicílio moral, mas a sede, essa é bestial.




crisdovale