NO PAÍS DAS MARAVILHAS
Os astrólogos e esotéricos consultados pela Minha Rica Casinha avançam com as suas previsões para 2005. Ou melhor, com o ano em revista avant la lettre.
As opiniões dividem-se. Sem ordem de probabilidade, aqui vão algumas:
1 – O PS ganha as eleições de 20 de Fevereiro à tangente. No PSD, chovem tiros entre os companheiros tentando interpretar se foi com Santana ou apesar de Santana. Os opositores quedam-se, à espera que o golpe final venha com as autárquicas. Cavaco não avança com Santana. E Santana fica. Jorge Sampaio não passa de uma figura sem peso. Face à instabilidade e sem possibilidade de dissolução, Portas faz o número do queijo e governa com o PS, recuperando pelo menos uma área estratégica – provavelmente, a própria Defesa Nacional, raramente beliscada pelo socialismo aparentemente católico. Guterres avança.
2 – O PS ganha as eleições de 20 de Fevereiro à tangente. No PSD, chovem tiros entre os companheiros tentando interpretar se foi com Santana ou apesar de Santana. Chama-se o Berloque a ver se o barco não racha. Jorge Sampaio limita-se aos pró-formas. Guterres avança, sem grande convicção, preparando-se para alguns anos de pró-formas. Sócrates envelhece dez anos antes das autárquicas, sendo seu único consolo o ziguezague dos calendários eleitorais que impedem a dissolução. Por alturas do OE, dá-se a primeira remodelação. Porque entretanto Cavaco avança. Apesar de Santana.
3 – O PS ganha as eleições com maioria absoluta. Os opositores pedem congresso extraordinário, que tem lugar em Maio. O PSD com novo líder e muita raiva tem as suas fronteiras prontas antes das autárquicas. Por alturas do OE e incapaz de conter o défice, o Governo PS, pejadinho de caras velhas e oportunistas de ocasião, perde o estado de graça, que mal terá tempo de saborear. O patronato opõe-se em bloco, e o PIB cai. O precedente sampaísta dará frutos nos trânsitos favoráveis de 2006. Com Cavaco na Presidência.
4 – O PSD vence as eleições, coligando-se de seguida com o PP. O País assiste, incrédulo, ao exercício que faltava a tal hipótese rocambolesca de Ciência Política: a renúncia do Presidente da República. Um último esforço a ver se Guterres se senta em Belém.
Avalon
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