ZONAS CINZENTAS

O Público de hoje traz uma notícia com o título "Nova Feira Popular poderá ir para o Parque da Belavista".

O Parque da Belavista era, até à realização do Rock in Rio, uma zona verde pouco conhecida lá para os lados de Chelas. Uma espécie de fronteira entre a Lisboa burguesa e a Lisboa dos excluídos.

Depois, o Parque da Belavista passou a ser uma promessa para a cidade. Uma promessa pois por enquanto ainda se notam os vestígios do grande evento musical e verdadeiramente, o parque ainda não foi devolvido à cidade.

Mas o Parque da Belavista é (será) muito mais que a zona do Rock in Rio. Praticamente desconhecida, a designada zona sul (continua à outra) era, até há pouco tempo uma área esquecida da cidade, um espaço sujo, desordenado, abandonado.

Neste momento, a zona sul está em recuperação para ser devolvida aos lisboetas com condições excepcionais. São mais 10 hectares num espaço que, em conjunto com a zona norte, totaliza cerca de 80 hectares que transformam esta zona verde na segunda maior da cidade.

No entanto, de acordo com a citada notícia do Público é nesta zona verde que se pretende instalar a Feira Popular.

Parece ser a continuação da velha máxima de que as zonas verdes das cidades são espaços disponíveis. Onde se coloca tudo aquilo que não cabe noutras zonas da cidade. Uma espécie de zonas cinzentas…


Eusébio Furtado