4.7.05

AS MÁSCARAS

"Dissimulador é aquele que ora censura, ora recomenda uma mesma atitude, conforme lhe vem ou cai melhor"
G.Mazzarino
Breviário dos politicos




Sacerdote e diplomata vindo de Italia, encantou-se com a corte francesa e com Paris.
Hábil, refinado e astuto agradou à rainha-mãe, tutora do futuro Luis XIV.

Protegido de Richelieu, fez carreira servindo o trono de França com tal brilhantismo que ao desaparecer o cardeal-ministro, em 1642, veio ele próprio a tornar-se o senhor todo poderoso do destino dos franceses.

As máscaras, no antigo teatro ático, eram enormes para as numerosas mas distantes plateias poderem aperceber-se, com nitidez, das emoções que iam no íntimo das personagens.

Para o cardeal Mazzarino, primeiro-ministro da França, a máscara tinha precisamente a função oposta: ocultar, nunca exteriorizar os sentimentos e as emoções.

Mazzarino, então já Jules Mazarin, consolidou a obra de Richelieu, edificando a França dos Pirinéus ao Reno e foi um dos protagonistas do tratado de Westfália, que terminou a Guerra dos Trinta Anos; sedimentou o poder real contra a nobreza e rodeou-se de talentos como Colbert, Lionne e Le Tellier.

Foi alvo dos ataques da "imprensa" do tempo e derrubado por uma onda de panfletos - as "Mazarinardes".

Cardeal, não fez votos de pobreza e morreu milionário.

Usou a palavra como um florete, num tom "que não revele adulação, devendo limitar-se ao sinuoso e escorregadio espaço que separa a lisonja do respeito", e viu a política como uma actividade amoral, baseada em duas máscaras:

a da simulação e a da dissimulação.

E explicou: ao empunhá-las, o praticante deve esvaziar-se de si mesmo, expurgar a autenticidade, não se denunciar pela emoção, "porque quase sempre os sentimentos mais profundos do coração se estabelecem em claras notas pintadas no semblante."



LBrav