4.8.05

ALMARGEM D´ENGORDA

"Aparte outras virtudes, a política tem esta de pratica: tira os vadios dos caminhos da cadeia e pespega com eles no caminho da fortuna."
F. de Almeida



À medida que saiem os números gordos da taluda das nomeações de superboys - fernando gomes, luis magalhães, armando vara, etc - e se aguarda para breve novo conjunto, por ora na antecâmara - nuno cardoso, centieiro e quejandos -, e se notam pontas soltas de papagaios de voo mais alto que o costume - ota, mensalão, águas, etc - o país vai ardendo em lume vivo, ao sabor da temperatura e da indústria do fogo.

Escreveu em tempos o grande Fialho sobre estas coisas:

"... o de se ir tornar na albergaria de quarenta ou cinquenta esfomeados, que o impuseram como condição sine qua non da sua fidelidade partidária, e nele vão instalar, como num almargem d´engorda, a sua contagiosidade de rêzes tinhosas e matreiras."

Por agora, a descrença já tomou o passo ao estado de graça, os indicadores económicos continuam inclementes e, num arroubo patético, um antigo presidente desta República, imitando saldanha, que aos 80 anos teve uma ânsia de opereta, vem a terreiro oferecer ao "povo de esquerda" um projecto fresquíssimo, que não é só para Portugal, pois que o próprio Planeta também lhe merece uma porção da sebenta.

Um pequeno, mas eloquente, apontamento da dimensão do desígnio foi dado com um "almoço" com esse fóssil do estalinismo inferior, o domingos abrantes.

Todavia, salvo uma ou duas excepções, este perigoso entremez não tem suscitado aos pensantes da comunicação social, aos arautos da esquerda moderna e aos responsáveis da vida económica, um leve suspiro de preocupação, quanto mais o elementar berro de "chega de palhaçada".

Louvam mesmo, alguns, a "lufada de ar fresco".

Estamos só em 5 de Agosto, ainda há muito Verão pela frente; perante o perigoso e incerto cenário, o tuguinha, tosco e egoísta, descansa-se, dizendo que não há-de ser nada, que, bem vistas as coisas, já há pouca coisa para arder...

E, de facto, após uma década de desgoverno(s), de irresponsabilidade e de impunidade, uma descrença, ainda assim angustiada, ocupou o nosso espaço, quase todo.

Só que, e isso faz toda a diferença, há ainda muito, muito mais do que se pensa, para arder...



lourenço bravo

1 Comments:

At 6:03 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Desculpem lá... mas como dizem os nossos jovens tenho ideia que "estamos f..eitos"!!!!
LC

 

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