Lisboa
A luz vinha devagar
Através do firmamento...
Vinha e ficava no ar,
Parada por um momento,
A ver a terra passar
No seu térreo movimento.
Depois caía em toalha
Sobre as dobras da cidade;
Caía sobre a mortalha
De ambições e de poalha,
Quase com brutalidade.
O rio, ao lado, corria
A querer fugir do abraço;
Numa vela que se abria,
E onde um sorriso batia,
O mar já era um regaço.
Mas a luz podia mais
Voava mais do que a vela;
E o Tejo e os areais
Tingiam-se dos sinais
De uma doença amarela.
Ardia em brasa o Castelo,
Tinha febre o casario;
Cada vez mais nosso e belo,
O profeta do Restelo
Punha as sombras num navio...
Nas casas da Mouraria,
Doirada, a prostituição
Era só melancolia;
Só longínqua nostalgia
De amor e navegação.
Os heróis verdes da História
Tinham tons de humanidade;
No bronze da sua glória
Avivava-se a memória
Do preço da eternidade.
Nas ruas e avenidas,
Enluaradas de espanto,
Penavam, passavam vidas,
Mas espectrais, diluídas
Na cor maciça do encanto.
E a carne das cantarias,
Branca já de seu condão,
Desmaiava em anemias
De marítimas orgias
De um fado de perdição.
Miguel Torga
guidosarraza
2 Comments:
Nã... Isto em Lisboa está mauzito.
O Carmona não tem feitio para liderar o que quer que seja. Um banana indeciso.
O Fontão quer é festas, negócios e que não o chateiem.
O Feist está esclerosado e as intervenções patéticas. Tudo o que faz, fazem por ele.
A Marina é uma sonsa. Só pensa em agradar o comandante e tenta meter-se por baixo do Carmona e do Fontão...
A Gabriela só quer safar o Cabeça e ajudar a Helena. Vai fazendo uns negócios e ainda acredita que o Carmona é bom presidente.
O Proa só pensa em jardins virtuais pois os reais estão mal. Quer agradar à Paula e ao Carmona.
O Amaral Lopes só ajuda os amigos do cinema (especialmente o festival dos gays...).
O Lipari quer ver se sobrevive à zezinha. É um pateta e só ele é que não percebeu.
Tenho para mim, que teria votado nele, se fosse de Lisboa, que o Carmona caminha para se tornar uma desilusão.
Fv
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