Há um século, éramos assim...
Com cinco milhões de habitantes no final do século XIX, apenas um milhão de portugueses saberia ler e escrever, uns melhor outros pior, significando que apenas cem mil estariam em condições de exercer uma cidadania plena, fi cando a nação privada de encontrar riqueza, ciência e elementos de governo na esmagadora maioria do povo português. Ausência de educação cívica, incapacidade da maioria para o exercício das elevadas funções de soberania popular, idolatria do estado, passividade, medo do poder, venalidade, a consideração da politica como coisa suja a que se recorre para satisfazer interesses particulares, subserviência, cobardia, indiferença, encantamento perante o uso ornamental da palavra e fácil adesão a frases feitas sem real substância, vida parlamentar em torno de partidos que trocam entre si o poder, fechando avidamente o circulo à possível participação dos escassos portugueses apartidários com vocação para a vida cívica, incapacidade para a discussão crítica e para pensar a partir de argumentos com que à partida se não concorda....
Augusto Fuschini
(citado por P. Calafate in Portugal como problema)
crisdovale
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