Mago da doblez
"Só conheci um traidor verdadeiro, perfeito : Fouché"
Napoleão Bonaparte
Em 16 de Janeiro de 1793, Joseph Fouché votou a favor da decapitação, na guilhotina, de Luis XIV e de Maria Antonieta.
Em 1815, no dia 1 de Agosto, ao casar-se com a jovem condessa de Castellane, o regicida teve como sua principal testemunha... Luis XVIII, irmão do guilhotinado.
Perante a escandalosa cena do rei amparando-se para caminhar no braço do ministro, Chateaubriand terá exclamado: "O vício apoiado na traição!"
Durante mais de vinte anos, numa das épocas mais complexas e determinantes da História, Fouché, manejando os fios por detrás dos cenários, foi um dos homens mais poderosos de França.
Sobreviveu à Convenção, ao Directório, ao Consulado, ao Império, à breve Restauração, aos "Cem dias" e ao segundo Directório, deixando pelo caminho Danton, Barras, Robespierre, Carnot e Napoleão.
Amoral, demoníaco, maquiavélico, cruel, reptil, frio, cínico, sinistro, intrigante, feio, traidor e assassino, para Heinrich Heine foi "un homem que levou a falsidade ao ponto de publicar, depois de morto, umas memórias falsas."
Talleyrand - um outro sobrevivente que o superou em talentos e maneiras - explicou que Fouché "despreza tanto a humanidade porque se conhece demasiado bem a si mesmo."
Balzac e Stefan Zweig viram-no a uma luz mais favorável. O primeiro tinha-o por "um génio singular, a cabeça mais brilhante que conhecera. O seu biógrafo - "Fouché: um génio tenebroso" - termina o seu trabalho com as palavras " foi o mais excepcional dos homens políticos."
Porque este homem, além de mau, foi astuto, inteligente, ousado, meticuloso, prudente e um fenomenal analista político. Goste-se ou não, como ministro da polícia criou uma organização tão perfeita que, décadas passadas, vários ministérios do interior a tomavam como modelo.
Como animal politico era um predador com o objectivo da sua própria sobrevivência. Não era um psicopata, nem uma besta, nem um torturador, nem um mero assassino.
Este mago da doblez era talvez uma coisa pior: não era nada.
(tirado de um texto de
Nicolás Casariego)
crisdovale
1 Comments:
Pr'aí um Pinto Sousa ...
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