Da glória ou da penúria?
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Que país real? O da glória ou o da penúria?
Para o poder naturalmente o da glória: o país do progresso político ou económico.
Para a oposição, para os intelectuais urbanos, e, em geral, para as classes médias, que o comparavam à França ou à Inglaterra, o país da penúria.
Mas, por ironia, em todos os regimes e sob todos os governos, o país legal, do Estado e dos seus propagandistas oficiais, conseguiu impor ao pais real do campo e da indiferença cívica, o mito da glória contra a evidência da penúria.
Glória oculta, ou efémera, ou iminente. Glória do passado prestes a consumar-se no futuro.
E, dia a dia, ano a ano, século a século, a nação, persuadida da sua íntima grandeza, esperou o taumaturgo que a fizesse ressuscitar num sublime esplendor.
E taumaturgos não lhe faltaram: Pombal, Linhares, Fernandes Tomás, D. Miguel, D.Pedro, Costa Cabral, Fontes, João Franco, D. Carlos, Afonso Costa, Sidónio Paes, Salazar, Sá Carneiro e Cavaco.
Mas depois de infinitas regenerações, revoluções e reformas o Lázaro olha ainda, com inveja ou resignação, cepticismo ou confiança, o céu distante do mundo dos vivos.
O país real continua a viver da sua irrealidade.»
Vasco Pulido Valente
(Divagações sobre o "país real"- K, Dez. 1991)
bvent
2 Comments:
Escrito há 16 anos ...
Haverá melhor convite ao "adeus", ao "passem muito bem", à libertação deste ferrete e deste confisco, haverá melhor convite à emigração ? Eu já não posso que vou velhando. Mas os filhos ?! Só perdem por esperar.
José Marques dos Santos :
"O que terá acontecido foi que o Norte não soube criar as condições para fixar emprego de grande qualidade nos vários sectores. Todo esse emprego foi para Lisboa, para outros locais ou para fora do país, o que significa que não conseguimos fixar pessoas de elevada qualidade, que contribuam para o progresso da região".
(Dos jornais)
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