19.1.05

ADUNAÇÃO DOS AGOIROS


“Porque afinal de contas, nem todos os críticos espiritados por vinhos canalhas têm o humor faíscante de Poe, de Hoffmann, de Marlowe, de Zacarias Werner e de Bocage – uma constelação de bêbados imortalmente clássicos”
Camilo C. B.



A observação dos sinais, a um mês das eleições, pode levar, sem entrar pelos caminhos escorregadios da ciência augural, a pressentimentos sobre os destinos da governação.
Adubando os presságios com vistas de doutores, trazem-se à interpretação Cervantes, Maquiavel e Wittgenstein.

Diz o primeiro: “Tanto se perde por uma carta a mais como por uma carta a menos.”
Assim o PS, que, embora com uma carta a mais, trazida pelo pêndulo, vai perder.
Pelas fragilidades insuspeitadas do líder e pelo entulho guterráceo, que não sabe nem pode esconder, vai falhar a maioria absoluta, o que, no caso, é perder.
Assim o PSD, que, com uma carta a menos, levada pelo pêndulo, vai perder.
Pela inepcia estrondosa,cinco meses a fio, de uma liderança desnorteada vai ficar atrás do PS, fazendo difíceis malabarismos na barra dos 30%.

Diz o segundo: Democracia e demagogia são irmãs, parecem-se devido “à semelhança que a virtude tem com o vício.”
Assim, fazendo carreira, o PP junta a cinco meses de sacerdócio bem paramentado a queda talentosa para a romaria e, porque sobe, vai ganhar.

Diz o terceiro:”Acerca daquilo de que não se pode falar, tem que se ficar em silêncio.”
Assim, é de ver, embora em silêncio, que, pelo “compromisso” de Portugal, pelo “pensar positivo”, pelo espírito santo e por outros santos da Europa, o senhor PR, pela estabilidade e pelo médio prazo, vai pedir ao PS e ao PP, após cosultas complexas, o fundamentado sacrifício de governarem em coligação.
Em nome do interesse nacional, que a hora é tremenda, PS e PP aceitam.Briosos.


É tudo por amor a Portugal, como diria o outro.



BrVtna