Foi essa a lógica
“Que país é esse onde matam um rei e um príncipe e a primeira medida que se toma é demitir o Ministério?”
Eduardo VII ao Marquês de Soveral
“Le plus âpre et le plus dificille métier du monde,
à mon gré, c´est faire dignement le roi”
Montaigne
«D. Carlos foi um bom ou um mau rei? Não foi dessa questão que dependeu a sua sorte.
Como esclareceu António José de Almeida, mesmo que o rei de Portugal tivesse sido S. Francisco de Assis, os republicanos portugueses tê-lo-iam derrubado da mesma maneira. A sorte da monarquia em Portugal não foi determinada pela bondade ou pela maldade atribuída ao rei.
Por um lado, havia uma república de facto, coberta por um leve manto monárquico.
Em Portugal, a república havia de ser sempre uma mera questão de substituir o hino, bandeira e selos, e acabar com os privilégios (ou direitos) de uma família.
Por outro lado, o chamado “Partido Republicano” tornou-se uma força quando, para além dos velhos ideais, congregou as ambições de uma geração. Essas não podiam satisfazer-se com simples concessões ou com um comportamento exemplar por quem estava no poder: só com sinecuras e honrarias, e sinecuras e honrarias para todos os novos só haveria se os velhos fossem atirados fora e um regime novo abrisse as portas do Estado.
Foi essa a lógica da República e contra essa lógica nunca houve argumentos»
Rui Ramos
bventana
5 Comments:
São questões de nepotismo apríoristico.
Não quer dizer que o casuístico não se esteja a tornar preocupantemente permanente. Mais,
"bons exemplos" estão por aí às centenas. De toda a natureza...
Apesar de tudo....
Num país onde a confusão natural e forçada começa a ser escandalosa,... que dizer?
Tal como Eduardo VII insinuava, as confusões já então estavam instaladas.
Isto da falta de rigor (pode ler-se seriedade) vem de facto de longe.
Dicutir uma coisa e falar-se de outra, não é novo. É pena, mas de facto parece ser este um atributo bem encrustado na maneira de vermos o mundo. Se assim for então estamos em presença de uma característica verdadeiramente cultural. Nada a fazer. Paciência, por muitos e bons anos, é o que nos resta.
LC
Então aqui vai :
A revolução devora sempre os seus filhos dilectos. A revolução republicana não escapou à regra. Aquela gentuça violenta, medíocre e arrivista, que galgara a tiro, bombas, difamação e demagogia a escada do poder, logo que instalada, praticou com esmero - com moderado cinismo ou com escancarada coerência - a pedagogia do porrete, das prisões arbitrárias, do assalto e queima das redacções dos jornais oposicionistas, do desterro dos inimigos e dos ajustes de contas mafiosos.
A república anunciou-se com um horrendo crime, impôs-se a tiro e manteve-se pela intimidação do poder da rua, das organizações civis armadas do terror jacobino e da confiscação do aparelho do Estado, destruíndo quase cem anos de esforço civilizador que começava, finalmente, a entreabrir as portas do país ao compasso da Europa.
A república foi uma involução, fechou-nos numa singularidade "mexicana" - com os pronunciamentos, guerras civis, matanças rituais, intolerância anti-religiosa - e partejou tudo o que a esquerda mitómana persiste, erradamente, em atribuir à criatividade liberticida do Estado Novo. Foi sob a República que morreu o Estado de Direito, foi sob a república que se instaurou o policiamento do espírito, foi sob a república que se deu rédea solta aos senhores militares e seus apetites de mando e fortuna, foi sob a república que se anulou a separação de poderes, foi sob a república que se instrumentalizaram a Escola e a Universidade para a inculcação do credo político dominante.
Salazar apenas operou com tecnologias repressivas e materiais seleccionados e testados durante a "República Velha" e a "República Nova": censura, polícia política, leis extraordinárias, anulação da oposição, juramento de fidelidade ao regime, obrigatório para todos os servidores do Estado, desterro e exílio para os recalcitrantes. Em certa medida, a república foi mais abusiva, menos legalista e tendencialmente mais totalitária que o salazarismo, na medida em que continha um programa que misturava regime e sistema (a diversidade política sob a república era, tão só, a de uma pluralidade intestina), que confundia soberania do Estado com direito de intervenção do Estado na esfera da religão, do ensino e da família e declarava ser seu propósito mudar a cultura, as tradições e crenças do povo português.
Finalmente, a república, ao contrário do que afirmam os seus panegiristas - Carlos Ferrão, Medina, Oliveira Marques - colocou os interesses do regime acima dos interesses nacionais, desenvolvendo uma política externa lesiva da segurança nacional, expondo o país a uma guerra mundial de todo evitável, alienando simpatias com os aliados (Grã-Bretanha) e criando relações de má-vizinhança com a Espanha.
Postado por Combustões em 1.2.07
As ambições de uma geração ... tal e qual :
«Mandantes morais do crime: o dinheiro dos plutocratas despeitados
"A caixa da revolução era engrossada pelas bolsas dos abastados, de alguns viticultores irritados e sobretudo a de José Relvas, tornado republicano. O comerciante Francisco Grandela pagava com paixão e tinha um alvo fixo: o Rei, envolto no ódio do mercador porque jamais subira as escadas dos seus armazéns em preito ao seu talento de fanqueiro organizador."
(v. Rocha Martins, D. Carlos: história do seu reinado)
O sentimento predominante entre os anti-monárquicos, amiúde dissimulado pela invocação da igualdade dos cidadãos e pelo repúdio pela hereditariedade da chefia de Estado monárquica, reside, precisamente, no ódio que aos homens do dinheiro inspira tudo que não podem comprar. Se não podes comprar, destrói ! É entre os plutocratas, os arrivistas e os parvenus que se encontra, ainda hoje, o maior número de adeptos republicanos».
Postado por Combustões em 31.1.07
Visconde de Ribeira Brava: mecenas do crime
Para além dos nomes, a questão mais interessante é a da origem do armamento utilizado. O processo judicial iniciado em 1908(1) ocupou-se especialmente, segundo assevera quem o pôde consultar, da aquisição da carabina do Buíça. Era uma carabina semiautomática Winchester, de modelo recente, de grande calibre e precisão, com o número de série 2137. Foi possível apurar que fazia parte de um lote de nove encomendadas em Hamburgo, em 1907, pelo armeiro Gonçalo Heitor Ferreira, com loja no Rossio. Tinham chegado a Lisboa precisamente em Janeiro de 1908. Segundo o instrutor do processo, três terão sido adquiridas por caçadores da província e as restantes pelo visconde da Ribeira Brava. (...) Também a arma de Alfredo Costa, uma FN-Browning, teria sido vendida por Heitor Ferreira a Ribeira Brava. Ferreira era, como acontecia a muitos dos comerciantes da Baixa de Lisboa, um maçon."
(v. Rui Ramos, D. Carlos)
Postado por Combustões em 31.1.07
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E quem era o VISCONDE DA RIBEIRA BRAVA ?
É ler bem o nome :
Francisco Correia de Herédia, 1º visconde da Ribeira Brava
* 02.04.1852 + 16.10.1918
(Genealogia/Sapo)
Ele há coisas ...
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