12.6.07

No desenho do esquema


"Silhueta de pirata nostálgico, tesourando o chão a passadas sonâmbulas"
Raul Brandão




"Assim pensavam os monstros sagrados de Vailland, o militar Laclos, o aventureiro Casanova, Gallois, o matemático, o cardeal de Bernis e essoutro de que ninguém fala, Louvet de Couvray, alma e corpo de Faublas - todos, em suma, libertinos no moderno sentido da palavra, que tinham do mundo uma concepção progressiva, fria e experimental e que viam na contradição das regras e dos interesses a boa oportunidade de se aplicar um conjunto de azares e de golpes meditados com destino a minar e render a praça inimiga.
Assim pensava, e muito antes deles, o português D. Luis da Cunha (1662-1740), autor das Instruções a Marco António de Azevedo Coutinho, breviário racionalista para uso de todo o bom governante, em que se faz testamento solene de muitas regras do grando jogo, os respectivos interesses e alianças, e se fala dos « subterrâneos por onde estas se pretendem conseguir para se contraminarem »
Minar, contraminar... No desenho do esquema está o êxito da partida."

José Cardoso Pires



brventana

4 Comments:

At 12:19 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Parece até escrito para azáfama das municipais, dos aeroportos, e das europas. Afora o demais.

 
At 12:35 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Nem mais. Que grande peça.

 
At 3:22 da tarde, Anonymous Anónimo said...

- Mas o senhor é um profissional...
- Profissional de quê? Nunca fui profissional da política.
- Não foi profissional da política?
- Não. Tornei-me político pela força das circunstâncias. Nunca encarei a política como carreira nem como profissão e nunca ganhei dinheiro com a política, sempre perdi. Fui líder do PS durante 13 anos e nunca aceitei um tostão do partido. Eu é que, muitas vezes, antes e depois de Abril, contribui com dinheiro do meu bolso, quando o partido estava aflito...
- Ainda olha para a política como uma missão?
- Nunca olhei de outra maneira. Fui educado num meio republicano em que se separava a política dos negócios (...).

[entrevista a Mário Soares na «Única»] citado da «Grande Loja do Queijo Limiano».


PS : O que eu acho verdadeiramente interessante - e que presta à reflecção desapaixonada - é a boa-fé com que tudo é dito. Não há o vislumbre de mácula, há a ética republicana como um «souvenir-écran» e pronto. É extraordinário.

 
At 3:49 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não será esquizofrenia. É melhor que esquizofrenia. O teatro na sua grande expressão. Mas, hélas, a impunidade, velha companheira de uma viagem inteira, essa abandonou-o. E os segredos do ilusionismo aparecem nus e crus. Desilusão para alguns, reposição de um módico de justiça para a maioria da plateia.

 

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