1.9.04

VEIO UM ATAQUE LÁ DE FORA! CHAMEM O CLA!

“Nas suas casas de oração, a que chamam pagodes, fazem muitas feitiçarias e nigromâncias….”
Duarte Barbosa


O Mandarim, esse o do pagode, torneou a moita, e, do seu jornal “O Público”, dirigiu-se a um grupinho alargado: todas “as pessoas responsáveis que querem o desenvolvimento do país”, dentro dos partidos políticos e “fora deles”.

Impressionante no tempero e omitindo o mandato (andará por aqui camarada de Almeida Santos, desses dos mais recentes?), esporeou-se e pediu “apoio para uma política científica progressiva para Portugal”e precisou, manso, que o “apelo não é contra ninguém”.
O que acontece é que urge encerrar dois anos difíceis e “virar a página”.

Todavia, sempre deita um olhar ao passado malsão:

“Foram atacados os Laboratórios associados” e “alguns desses Laboratórios viram-se sem financiamento durante ano e meio” (presumindo-se que tenham fechado à míngua de sustento), condenou-se o Ciência Viva, a menina dos seus olhos, “a inaceitáveis dificuldades” e, como se tudo isto não chegasse, veio um ataque lá de fora, “um ataque contra a Ciência em Portugal”(!)
Isso mesmo, Portugal foi alvo de um ataque rasteiro urdido por Bruxelas (onde estaria o camarada Busquin?), que, desalmadamente, quis rebentar com a nossa Ciência.

E porquê?

O Mandarim dá-nos o porquê: Puritanismo processual.

Aqui chegados, bem recordados do que se trata ( vd. DEPOIS DAS JANELAS ELES QUEREM FECHAR AS PORTAS, ELES QUEREM FECHAR AS JANELAS e MAROTEIRAS NA ALDEIA ), apenas podemos concluir que o Mandarim é então um decidido adepto da pornografia processual.

Dá logo a seguir um rico exemplo prático, em forma de pergunta: Porque não pede o governo ao Conselho dos Laboratórios Associados ( esse, o CLA ) apoio no contraditório com Bruxelas?

É uma ideia e peras! Até se podia juntar o ex Presidente da FCT, prof. Luís Magalhães, mais a rapaziada da DGDR da altura, e aproveitar para contar como é que se sacou a última tranche do PRAXIS XXI sem ter a maçada de encerrar o programa.

Mas, afinal, o que traz, por estes dias, tão cheio de viço o Mandarim?

A antevisão do choque tecnológico do engenheiro Sócrates? Não chega.
O calor de alma dum Verão bem passado? Não é o género.

“Virar a página”? O que mudou recentemente, que torna o momento apropriado?

O Governo.
O Mandarim gostou da mudança.

Ele sabe porquê.
O Presidente do Conselho Superior de Ciência, Tecnologia e Inovação também sabe.
E nós também.

O artigo de “ O Público”, exercício já na raia da palhaçada, tem contudo um título certeiro, como um boomerang envenenado, que assim se deve ler:

“Todos precisamos sempre da ciência” (mas uns precisam mais do que outros)
e
“hoje a ciência precisa de nós” ( precisa mesmo…)


PS- Tarde amena de finais de Agosto. Pavilhão à beira Tejo. O Mandarim e a Promotora Oficial da Divulgação Científica em Portugal recebem, juntos, a tutela com champagne e mansedume. Uma ligeira brisa vinda do mar da palha faz mais leves os ares…


Bruno v