2.10.04

LANÇAR SEMENTES À TERRA

Lançar sementes à terra, mas que terra?

Parece a mesma a quem não conhece

Pois os segredos que em seu seio encerra

Só são de quem por ela desfalece.



Lezírias chãs, ou faldas duma serra

Gleba morena, fresca, que apetece

Às mãos de quem por ela se desterra

P`los sonhos que o arado nela tece.



Brejos incultos, matagais, baldios

Tisnados ao hálito dos estios

Que do levante ardente sopram lestos:



Os teus mistérios, são as mãos que os trazem

As mãos que ao teu contacto se desfazem

Nesses bailados de fecundos gestos.


D. José Zarco da Câmara


Lourenço Bravo