3.11.04

AS ENGRENAGENS DISSOLVENTES


“In a world of pretence, a pretender is the best thing you can be”
The Barefoot Contessa

“…dans les mouvements de leurs tendres ardeurs,
Les bêtes ne sont pas si bêtes que l´on pense. »
La Fontaine


O director da TVI, debitando para um jornalista da casa feito parede de bater bolas, explicou que o espaço em que trabalham “é um modelo de independência e liberdade”.
Continuando, sem rir, anunciou que vai assinar mais o presidente Paes um papelinho em que a tal independência e a tal liberdade vão ficar preto no branco.

Estavam portanto no lusco-fusco.

O que ficou claro é que daqui em diante a principal ideia do Paes é deslombar o Moniz e que a principal ideia do Moniz é deslombar o Paes.

O folhetim promete, já que às personagens não falta lustro.
Um, o Moniz, apesar das tais saburras que lhe atraiçoam a linha, tem audiências, tem aliados e é telhudo.

O outro, o Paes, ensaia a fanfarronia poseuse de quem está levemente enfadado, mas isso não chega. Teve a habilidade de, no caso Marcelo, fazer convergir em si todos os coices que não levam sobrescrito.
Isso, porque se pôs numa posição em que nem as mentiras escondem os defeitozinhos de carácter.
E, sobretudo, porque para se picar a florete “seleccionou” o prof. Marcelo.
Não foi, de facto, finório.

O professor esperou uns tempos e, arrecadado o álibi, numa tarde memorável de espectáculo, torcendo-se de gozo o “alta autoridade”Portela, presenteou o auditório com a demonstração de que o comportamento do presidente da TVI se revelava, como diria J. Azevedo de Castelo Branco, “(…)um produto da sua natureza, criado na impostura, gerado na intrujice com muitos modinhos.”

Os imprevistos deste enredo vão certamente depender da evolução das “providências urgentes” reclamadas pela abrupta entrada em cena do grupo Bertelsmann/ RTL …


Cristovaodovale