7.11.06

Em uso de banhos



Na sua viagem pelas Praias de Portugal – Póvoa do Varzim, Granja, Vila do Conde, Figueira da Foz, Pedrouços, Cascais, Ericeira, Nazaré, Setúbal – Ramalho Ortigão dedica um capítulo às “praias obscuras”, que descreve como”pontos adequados à instalação de uma família em uso de banhos”.

Ente essas “pequenas praias” refere como “particularmente dignas de menção” as de Âncora, Apúlia, Lavadores, Furadouro, Costa Nova, Assenta, Santa Cruz, São Pedro de Moel, Porto Brandão, Alfeite, Fonte da Pipa e a de São Martinho do Porto.

Eis como Ramalho, à luz do Séc. XIX, viu a praia de São Martinho do Porto, que em meados do século seguinte viria a atingir por entre névoas e ambiguidades um destino prodigioso:

« São Martinho do Porto, na Estremadura, entre as Caldas da Rainha e Alcobaça.
É uma povoação de pescadores.
Aluga por módicos preços vinte ou trinta casas mobiladas.
Está ligada à Marinha Grande por um caminho–de-ferro americano, e comunica com as Caldas da Rainha, com Alcobaça e com a Batalha por uma boa estrada.
A temporada em São Martinho do Porto presta-se às mais interessantes excursões artísticas que se podem fazer comodamente em Portugal.
São Martinho do Porto é principalmente habitado nos meses de Verão por famílias espanholas.
As pessoas de Leiria , de Alcobaça, da Marinha Grande preferem a Nazaré.
A viagem de Lisboa a São Martinho do Porto faz-se por Chão de Maçãs e Leiria ou pelo Carregado e Caldas, e custa mais ou menos uma libra por passageiro tomando lugar de primeira classe no caminho–de- ferro e prosseguindo na diligência do Carregado ou de Leiria.
Em Setembro do ano passado encontrámos em Mérida uma estimável família espanhola que chegava de São Martinho do Porto.
Traziam cabazes cheios de excelente fruta de Alcobaça.
Tinham-se provido para o seu Inverno de uma barrica de magníficos badejos, pescados em São Martinho e conservados em salmoura.
Disseram-me maravilhas da cómoda e tranquila vida passada durante dois meses no agradável retiro que tinham tido a lembrança de escolher. »



guidosarraza

3 Comments:

At 5:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Consta-se-me que tudo aquilo está desgraçadamente estragado pelo pato bravo e a meia-tigela ...

 
At 6:10 da tarde, Anonymous Anónimo said...

É facto. Está destruído.

 
At 8:13 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Mas ainda há sobreviventes! Vivem entre êles, mas concordam com a destruição e lamentam a invasão dos intrusos.

 

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