16.11.04

O ENTREMEZ DA DESLEMBRANÇA

“Couard alude a un ademán psicológico del animal temeroso: el de la hipocresia que simula valor en el momento de cometer el acto cobarde”
Leo Spitzer (Estúdios Hispânicos)


O maior embusteiro de trinta anos em democracia, o governante mais falto de carácter, o tortulho daninho, reemergiu, como surgem os répteis, exibindo as conhecidas escamas babosas sob a franja.

Depois de outros movimentos, moles e manhosos, assoma, enfim, à luz do dia, o lâche.

Bacharelou, o promíscuo da política e dos media, sobre a “política reality show”.
Tartamudeou, o servidor dos interesses, sobre dependências.

A Plateia não se mostrou chocada. Não se riu, ao menos. Parece, até, que aplaudiu.
Sempre foi mal-agradecida, a luta da memória contra o esquecimento, mas ao ficar inerte diante de tamanha sem vergonha, a Plateia exibiu a indignidade dos frouxos e a cobardice dos rasteiros.

E o que quer, afinal, o invertebrado?
Quer ser Presidente.

Trata-se de um exercício muito violento.


(Ver a este propósito: António Barreto “Guterres.Outra vez?” – Público de 14.11)


brunoventana