28.2.06

O código




"- Talvez seja como Napoleão. Quando lhe perguntaram se ele descendia da nobre família Buonaparte de Florença, ele respondeu: «Não sou descendente. Sou antepassado.» "

Gore Vidal

cristovao do vale

27.2.06

Jubila-te da memória


E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.



Hilda Hist



cristdovale

O INSURGENTE

Com Clarice Lispector, um brinde ao bravíssimo Insurgente:

"Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas"

cristovao do vale



Um fundo de comparsaria pagante


"Dúzia e meia de ratões que se ajuntaram para envelhecer, supportando uma vez por semana, a sensaboria dos vinhos do Braganza e a chateza deprimente dos menus. À sobremeza, habitualmente, os vencidos da vida dizem mal, com mais ou menos verve - o que é uma vingança lícita, na bocca de indivíduos de quem se tem dito mal, sem verve nenhuma. Um terço é celebre, o outro dá-se ares de o ser, e emfim o último faz um fundo de comparsaria pagante, destinado a fazer o talento maquillé dos outros dois. Mal humorada sempre, a opinião pública, ao ler no Tempo as descripções dos seus banquetes, pergunta o que é que esse grupo pretende, e intenta, e mira longe. A resposta é simples. Os Vencidos da Vida, quando juntos, o que pretendem é jantar; depois de jantar, o que intentam é digerir; e digestão finda, se alguma coisa ao longe miram, tanto póde ser um ideal, como um water-closet. Não há portanto razão p´ra sobressaltos. Que os Vencidos jantem em paz. E se a obscuridade os consola das amarguras soffridas na via pública, fiquemos nisto - a história nem sempre fixa os nomes dos que bebem champagne."


Fialho de Almeida


cristovaodovale

26.2.06

Ali

Camões e Olbinski podiam encontrar-se ali, na antecâmara do paraíso...


Cristóvão do Vale

CATEDRAL, 19.45




" In boca al lupo...
Crepe´il lupo ! "



brventana

Farwell to desires of flesh


'It's "carnival" in English, but the Portuguese "carnaval" (accent on the "val") is prettier.
Both words come from the Latin-esque Italian, carne vale: literally, "Goodbye, meat," but in spirit more like "Farewell to desires of the flesh."
Protestantism, rooted in chilly Northern Europe, would have us bid that farewell abruptly, even rudely, and for keeps. Slam the door on desire and that's that.
Catholicism, a Mediterranean invention, evolved a small-"c" catholic (inclusive) tradition that could be summed up as: What's a goodbye without a kiss? And why stop at kissing? If we're going to bid farewell to desires of the flesh, let's first evoke those desires in all their regalia – we'll dance from the streets to the bars to the bed, with masks, costumes, music, drums, and spirits (liquid and/or noncorporeal). The best goodbyes are celebrations. Let's celebrate our desires before we bid them farewell.

'And so we have Mardi Gras ... Fat Tuesday ... Carnaval, before the rigors of Lent.

As Laurence Durrell wrote in Balthazar:
"Carni vale – the flesh's farewell to the year, unwinding its mummy wrappings of sex, identity, and name, and stepping forward naked into the futurity of the dream."

That's his viscous way of saying that Carnaval, both as party and as metaphor, is rife with the mysteries of sex, love, and identity.'

(Michael Ventura)



cristóvão do vale

Sem tirar nem pôr

"A ministra [Maria de Lurdes Rodrigues] deve ouvir as críticas dos sindicatos como um elogio. E deve afastar qualquer ideia de "chegar a um consenso" com aquelas organizações: se o fizer, é porque perdeu."
António Barreto
PÚBLICO, 26-02-2006


crsdovale

Quatrocentos

The 400th anniversary of the birth of master painter Rembrandt is being marked at Amsterdam's Van Gogh Museum.
(bbc news)


crisdovale

25.2.06

Ditos e efeitos

"A isso (o comunicado de Freitas do Amaral) chama-se cobardia diplomática"
Arturo Perez-Reverte
(Independente-24.6)

"Depois de quatro meses de Santana Lopes no poder do país, Sampaio concluiu que este era incapaz. Incapaz de vencer a crise, controlar a instabilidade politica e de ser credível"
Nuno Sá Lourenço
(Publico-25.2)

"Quase me levam a citar o futuro Presidente da Republica: Deixem-nos trabalhar!"
F. Pinto Balsemão
(publico-25.2)

"Como diz Daniel Bessa, se tudo correr bem o desemprego aumentará"
F.Van-Zeller
(D. Económico-23.2)

"Sou o primeiro a trabalhar em sete gerações"
M. Paes do Amaral
(Sabado-23.2)

"... Freitas do Amaral, no estado em que está, não dá garantias."
Manuel Alegre
(Visao-23.2)

"Não vou lançar nenhuma OPA, mas estou interessado em 10 a 15 jornalistas do Expresso"
Jose Antonio Saraiva
8Diario de Noticias-22.2)

"Do que sinto mais saudades em portugal é dos rissóis de camarão."
Maria de Medeiros
(Lux-22.2)

"Esta crónica pode parecer um guião para um filme de Hollywwod.Mas não é."
Pimpinha Jardim
(Vida-22.2)

"A estupidez humana é a única coisa que dá uma ideia de infinito"
Ernest Renan (1823-1892)
(cit. in Sabado 23.2)


cistóvão do vale

Provavelmente

Provavelmente a fotografia mais interessante da mulher mais interessante de todos os tempos.


guido sarrasa

Com mil milhões de macacos

Alegre ainda não conseguiu falar com Joaquim Ferreira do Amaral...



crst do vale

Acima dele próprio

UM PRIVILEGIADO

posted by João Gonçalves at 25.2.06
(in portugal dos pequeninos)


crsdovale

24.2.06

Um certo escrúpulo

Enternece-me o pobre vapor, tão humilde vai ele e tão natural.
Parece ter um certo escrúpulo não sei em quê, ser pessoa honesta (...)
Álvaro de Campos


cristóvão do vale

The salt of the earth


"All this shouldn't last; but it will, always; the human 'always,' of course, a century, two centuries...and after that it will be different but worse.

We were the Leopards, the Lions; those who'll take our place will be little jackals, hyenas; and the whole lot of us Leopards, jackals, and sheep, we'll all go on thinking ourselves the salt of the earth."



"The Leopard"
Giuseppe Tomasi di Lampedusa, principi di Lampedusa, duchi di Palma e Montechiaro
(1896-1957)



cristovao do vale

Nem sequer

"Nos últimos anos, a coisa que mais me espantou em Portugal foi o doutor Santana Lopes ter sido primeiro-ministro.
(... ) como é que aquele homem com todo o seu cortejo chega a primeiro-ministro?
(...)
É uma criatura tão pobre que nem sequer uma personagem de livro dava."

António Lobo Antunes
(Visao-23.2)


cristovaodovale

23.2.06

Jamais de la vie

"Todos nós corremos com desvantagens secretas"
Purswarden






"Justine apoiada num fuste de uma coluna de Taposiris, a cabeça negra recortando-se contra a obscuridade murmurante da água, uma mecha desfeita pela brisa marinha, dizendo:

Na língua inglesa há uma única expressão que para mim tem significado :Time immemorial."



Lawrence Durrel


guido sarrasa

A sobrinha-neta

" (...) O que mostra que o anonimato é apenas uma ficção num pequeno mundo de pequeninas polémicas."

Assim remata Constança Cunha e Sá uma fina espreitadela sobre as ondulações à volta dos "anónimos", onde nomeadamente refere, a benefício de alguns excêntricos da matéria, que "dá pouca importância as essas subtilezas da blogosfera".
À finura das observações, junta-se a escrita da senhora, que se recomenda por si sózinha.
É caso para dizer que não é impunemente que se é sobrinha - neta do autor deste clássico da literatura portuguesa.


crstovãodovale

22.2.06

Fizeram mais

"Recordo também que neste dia, do ano de 1974, era posto à venda o livro de António de Spínola, "Portugal e o Futuro", onde o general e o respectivo editor, um tal Paradela de Abreu, fizeram mais contra o regime do Estado Novo que já estava velho do que muitas dezenas de antifascistas de café e pose."
(por JAM in TempoQuePassa)


crstdovale

21.2.06

CATEDRAL - 21.45


bventana

CATEDRAL - 19.45





" In boca al lupo...
Crepe´il lupo ! "




brventana

Meia dúzia de entusiastas

" (...) A Assembleia da República, o seu lugar por excelência, é vista pelo país (e pelos partidos) como um depósito de inutilidades avulsas que não sabem o que hão-de fazer na vida..."


bventana

Estas são melhores...

" Conceptual Continuity
ou as leis da blogolândia according to Joachim dei Fiori...
"
por Piotr Kropotkine at 3:19

(in anarca)



bventana

La clarté dans la confusion

" (...) Simon : Bon, si j'ai fait venir toutes ces personnalités, qui nous ont d'ailleurs coûté très cher, hein, je préfère vous prévenir, eh bien, c'est pour que vous vous rendiez compte des contradictions qu'il y a entre les idées, les systèmes, les théories, les pays, les drapeaux. Enfin, j'espère que vous n'avez rien compris !
Aldo : Tu veux dire que tu espères que nous avons bien compris
Simon : Parfait ! Il n'a rien compris, mais c'est parce que vous, vous avez compris que vous n'avez rien compris que vous allez rester au-dessus de cette confusion et gagner beaucoup, beaucoup, mais beaucoup de fric ! Notre nouveau champs d'action, d'après moi, c'est d'utiliser les contradictions de tous ces gens qui disent "aimez-vous les uns les autres" et qui tuent les autres ! Alors, notre spécialité, toujours d'après moi, ce serait d'être les Spécialistes de la clarté dans la confusion. Vous me suivez ?





Simon : Citoyens...
Jacques : Camarades !
Lino : Frères !
Aldo : Salut les copains !
Charlot : Mesdames et messieurs.
Simon : Je vous remercie pour votre asile politique. Et je tiens à vous dire tout de suite : moi, le névropathe cyclique, le chef de la paranoïa occidentale, que le pouvoir, c'est au bout du fusil !
Lino : Nous avons voulu... nous avons voulu être libres ! Et nous sommes libres ! Croyez-moi, il vaut mieux un bon patron qu'un mauvais serviteur.
Jacques : Le chemin le plus court pour aller de la barbarie à la décadence passe par la civilisation.
Simon : Camarades ! La politique, c'est du show-business ! Du show-business !
Lino : Nous avons déclaré très haut que tout homme libre ne devrait avoir ni travail, ni famille, ni patrie !
Simon : Nous sommes des tigres de papier, mais des tigres vivants !
Lino : Et nous sommes contre l'autogestion dans les bordels !
Charlot : J'ai à vendre une Mercedes, première main 71, décapotable, 6000 Km !
Simon : Vive Mao !
Aldo : Oui ! Vive Mao ! Lui, jamais il a volé une Ferrari ! Et jamais il a écrasé personne...
Jacques (poussant Aldo) : Et vive la Suisse libre ! (...) "






bruno ventana

Ambiguidades animadoras

"Return in peace to the ocean, my love
I, too, am part of that ocean, my love"

Walt Whitman

guido sarrasa

Consagração perversa

"David Irving foi condenado a uma pena de prisão na Áustria, por ter negado o Holocausto. David Irving não é um historiador, é um homem que falsificou deliberada e muito competentemente a história. Não se enganou: quis fazer o que fez. Não se pode invocar a favor dele o "cepticismo" académico e o direito ao erro. Só se pode invocar o direito político que lhe assiste de escrever e publicar tudo o que entender. Há quem o ache "perigoso", porque, ao contrário do malfeitor comum, estudou com minúcia e seriedade a evidência arquivística para a distorcer. Talvez seja "perigoso". Mas não escapou ao exame da comunidade dos pares. Ninguém o leva a sério há mais de quinze anos. Desprezado, isolado e já sem sombra de influência, recebeu agora uma espécie de consagração perversa por culpa de uma lei estúpida e de uma atmosfera persecutória, num país que se quer livrar do seu abominável passado à custa de uma virtude postiça. David Irving estava na rua como o lixo. Se por acaso se conseguir levantar é porque esquecemos que a liberdade nos defende."
vpv
(o espectro)


bventana

20.2.06

O jogo da dama


KWAHERI MEANS FAREWELL

“How do you get to Neverland? Wendy asked.
Second star to the right, and straight on till morning “

JM Barrie (“Peter Pan”)


A map in the hands of a pilot is a testimony of a man's faith in other men; it is a symbol of confidence and trust. It is not like a printed page that bears mere words, ambiguous and artful, and whose most believing reader--even whose author perhaps--must allow in his mind a recess for doubt.

A map says to you, 'Read me carefully, follow me closely, doubt me not. It says, 'I am the earth in the palm of your hand. Without me, you are alone and lost.'

And indeed you are. Were all the maps in this world destroyed and vanished under the direction of some malevolent hand, each man would be blind again, each city be made a stranger to the next, each landmark become a meaningless signpost pointing to nothing.

Yet, looking at it, feeling it, running a finger along its lines, it is a cold thing, a map, humourless and dull, born of calipers and a draughtsman's board. That coastline here, that ragged scrawl of scarlet ink. shows neither sand nor sea nor rock; it speaks or no mariner, blundering full sail in wakeless seas, to bequeath, on sheepskin or a slab of wood, a priceless scribble to posterity. This brown blot that marks a mountain has, for the casual eye, no other significance, though twenty men, or ten, or only one, may have squandered life to climb it. Here is a valley, there a swamp, and there a desert; and here is a river that some curious and courageous soul, like a pencil in the hand of God, first traced with bleeding feet.

Here is your map. Unfold it, follow it, then throw it away, if you will. It is only paper. It is only paper and ink, but if you think a little, if you pause a moment, you will see that these two things have seldom joined to make a document so modest and yet so full with histories of hope or sagas of conquest.

No map I have flown by has ever been lost or thrown away; I have a trunk containing continents....”


Beryl Markham
(“West with night”)


Bruno Ventana

Bon Chic Bon Genre

"Os homens raramente têm valor bastante para ser inteiramente bons ou inteiramente maus"
Nicolau Maquiavel



( Portrait of Cesar Borgia attributed to Rafael.)


IL VALENTINO

CÉSAR BORGIA

Portrait en pied


Sur fond d´ombre noyant un riche vestibule
Où le buste d´Horace et celui de Tibulle

Lointains et de profil rêvent en marbre blanc,
La main gauche au poignard et la main droite au flanc

Tandis qu´un rire doux redresse la moustache,
Le duc César en grand costume se détache.

Les yeux noirs, les cheveux noirs et le velours noir
Vont contrastant, parmi l´or somptueux d´un soir,

Avec la pâleur mate et belle du visage
Vu de trois quarts et très ombré , suivant l´usage

Des Espagnols ainsi que des Venetiens
Dans les portraits de rois et de patriciens.

Le nez palpite, fin et droit. La bouche, rouge,
Est mince, et l´on dirait que la tenture bouge

Au souffle véhément qui doit s´en exaler.
Et le regard errant avec laisser-aller

Devant lui, comme il sied aux anciennes peintures,
Fourmille de pensers énormes d´aventures.

Et le front, large et pur, silloné d´un grand pli,
Sans doute de projects formidables rempli,

Médite sous la toque où frissone une plume
S´élançant hors d´un noeud de rubis qui s´allume.


Paul Verlaine



guido sarrasa

Condecorações ao quilo

Jorge Sampaio, quase a deixar a presidência, anda numa imensa correria, a fazer tudo o que gostava mas, à boa maneira portuguesa, foi sempre deixando para depois... Ou outras que em fim de mandato não passam de caprichos.

Agora foram as condecorações a seus colaboradores. Do Palácio de Belém?... Não! Por inacreditável que pareça, o Presidente da República resolveu condecorar os seus colaboradores enquanto foi presidente da câmara de Lisboa.

É demais! Sampaio utiliza o cargo de mais alto magistrado da nação e, em claro abuso da função, utiliza as mais altas condecorações do estado português para premiar os seus ajudantes na câmara de lisboa.

Porquê Jorge Sampaio só se lembrou de agraciar estes seus fiéis mais de dez anos após os serviços prestados? E porquê condecorações nacionais? Não foi a respectiva colaboração no âmbito da cidade de Lisboa? Na capital não há condecorações para este tipo de prestações?

É mais um capricho de Sampaio. E um abuso!


Eusébio Furtado

Correio dos Leitores

Homenagem às donas de casa


“AI DOS VENCIDOS” !
(Império Romano, no Sec.II A.C.)


Lisboa, AINDA Portugal
MAS, até quando ? ,
aos 9 de Fevereiro de 2006


Homenagem às “Donas de Casa” da Europa
(à percentagem de 14,31%, de 22 de Janeiro de 2006)


1 - Lembram-se de uma eleição para Presidente do Parlamento Europeu, em que ganhou uma “Dona de Casa” versus um ex-Presidente da República de um Estado Membro da U.E. ?

Que vitória, meu Deus !!!

Que triste e escusado vexame para o Povo e para o Estado do dito “ex” !!!

2 - Reconheço que, afinal, é muito difícil, direi mesmo, DIFICÍLIMO, ser-se democrata, a corpo inteiro. Sofro com esta minha enorme limitação.

Passo, assim, a confessar os meus terríveis pecados políticos.

3 - No rescaldo das recentes eleições presidenciais portuguesas, tenho que admitir - com algum embaraço democrático - que ainda não sei lá muito bem SE, a enorme alegria e a profunda emoção que me proporcionaram os resultados dessas eleições, resultam da vitória esmagadora do Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva ou, pelo contrário, resultam da deliciosa e reconfortante derrota do Senhor Soares.

4 - Desde SEMPRE - não é, pois, só de agora - e, certamente, ainda muito antes da fundação, na República Federal da Alemanha, do Partido Socialista Português, no exílio, que eu tenho uma particular AVERSÃO ao Mário, o sobrinho comuna, como lhe chamava, com piedosa ternura, a Tia “Senhora Laurona”, lá da Abadia e das CORTES - Leiria (minhas terras de eleição).

5 - Esse sentimento de AVERSÃO, que me terá chegado por honrosa herança familiar - lado Paterno - manteve-se muito viva, permanente e cada vez mais forte, até aos nossos dias.

6 - Os acontecimentos políticos, pindéricamente anedóticos, que se desenrolaram em Portugal, ao longo dos últimos 32 (trinta e dois) ANOS, criaram a ridícula lenda política do “pai da democracia”.

7 - Todos os povos, e o Povo Português não foge à regra, precisam como “do pão para a boca”, de criarem os seus próprios ícones nacionais.

8 - Normalmente esses mitos são enormes falácias em que as pessoas se deixaram embalar, por conveniências(s), por inércia(s), por sentimentalismos bacocos e, ainda, por muitas outras razões fúteis, fáceis de compreender. “É a Vida !”, como diria o refugiado Toneca.

9 - Enquanto Português, e ainda, do ponto de vista cívico, próprio de um Cidadão Livre, DECLARO, solenemente, que :

NÃO devo NADA, nem NUNCA devi absolutamente NADA, ao Senhor Soares. Felizmente !

TAMBÉM estive presente na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, no célebre comício de apoio ao “Grupo dos Nove”. Também lá estiveram o meu Padeiro, o meu Leiteiro, o meu Merceeiro, o meu Barbeiro, o meu Taxista, o meu Engraxador e, sobretudo, o meu saudoso Porteiro.
Estivemos TODOS !!!

NÃO considero, pois, o Senhor Soares como sendo o “pai da democracia portuguesa”, NEM sequer o considero como o padrinho, NEM mesmo, como o simples padrasto !

10 - Quando muito, o Senhor Soares foi um habilidoso aproveitador da boa-fé dos Portugueses e, também, um jogador, calculista, no tabuleiro das dramáticas condições históricas que, então, vivíamos.

Nisso foi um exímio “animal político” MAS, sempre e SÓ, a seu favor, claro !

11 - Numa dilação de 18 (dezoito) ANOS, a diferença de idades entre nós, sou EU, agora, que digo ao Senhor Soares :

BASTA !

e recolha-se, humildemente, a uma das suas 4 (quatro) casas o que, convenhamos, é muito telhado, para um socialista, tão convicto e tão “devoto”, ..... apesar de agnóstico.

12 - O futuro a Deus pertence, mas não deixaria de ser uma enorme comédia - como aquela que acaba de nos divertir tanto - SE, em 2011, o Senhor Soares viesse a disputar as eleições presidenciais da altura.

Lata não lhe falta. O siso é que já é pouco.

13 - Prometo, desde já, SE tal viesse a suceder, que o Senhor Soares poderá contar com o meu voto entusiasta. Tal compromisso será cumprido, apesar de estar garantido, à partida, que até o perene Dr. Garcia Pereira, ou outro Grande Educador da Classe Operária, irá ter melhor percentagem.

14 - É por tudo isto que eu reconheço, constrangido, que é muito difícil, direi mesmo, DIFICÍLIMO, ser-se democrata, a corpo inteiro. Sofro com esta minha enorme limitação.

MEA CULPA .

AMÉN .


Sancho Pança
(com burro e tudo)


PS(D): Ficamos à espera, Senhor Soares, da prometida biografia de Sua Excelência o Senhor Professor Doutor António de Oliveira Salazar.

19.2.06

À moda antiga

"Courage is grace under pressure."
Ernest Hemingway



Ernest Hemingway en los toros -Fotografia de Paco Cano
(Exposição naIII Feira do Toiro-Santarém)
(http://www.cnema.pt/)


bventana

Cavaleiro monge

Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por casas, por prados
Por quinta e por fonte
Caminhais aliados

Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por penhascos pretos
Atrás e defronte
Caminhais secretos

Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por plainos desertos
Sem ter horizontes
Caminhais libertos

Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por ínvios caminhos
Por rios sem ponte
Caminhos sozinhos

Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por quanto é sem fim
Sem ninguém que o conte
Caminhais em mim.



Fernando Pessoa


guido sarrasa

17.2.06

EÇA com VPV


O abraço solidário de o Eco de Santarém
a o espectro, lembrando como um outro grande das letras reagiu à barbárie.





“Ilustríssimo e Exmo. Senhor Pinto Coelho, digno director da Companhia das Águas de Lisboa e digno membro do Partido Legitimista.

Dois factores igualmente importantes para mim me levam a dirigir a V. Ex.ª estas humildes regras: o primeiro é a tomada de Cuenca e as últimas vitórias das forças carlistas sobre as
tropas republicanas, em Espanha; o segundo é a falta de água na minha cozinha e no meu quarto de banho.

Abundaram os carlistas e escassearam as águas, eis uma coincidência histórica que deve comover duplamente uma alma sobre a qual pesa, como na de V. Exª, a responsabilidade da canalização e a do direito divino.

Se eu tiver a fortuna de exacerbar até às lágrimas a justa comoção de VExª, que eu
interponha o meu contador, EXmo. Senhor, que eu o interponha nas relações da sensibilidade de V. Exª com o mundo externo! E que essas lágrimas benditas, de industrial e de político, caiam na minha banheira!

E, pago este tributo aos nossos afectos,
falemos um pouco, se V. Ex.ª o permitir, dos nossos contratos.

Em virtude de um escrito, devidamente firmado por V. Exª e por mim, temos nós – um para com o outro - certo número de direitos e encargos.

Eu obriguei-me para com V. Ex.ª a pagar a despesa de uma encanação, o aluguer de um contador e o preço da água que consumisse.

V. Exª, pela sua parte, obrigou-se para comigo a
fornecer-me a água do meu consumo. V.Exª fornecia, eu pagava. Faltamos evidentemente à fé deste contrato: eu, se não pagar, V Exª, se não fornecer.

Se eu não pagar, V.Exª faz isto: corta me a canalização. Quando V. Exª não fornecer, o que hei-de eu fazer, Exmº Senhor?

É evidente que, para que o nosso contrato não seja inteiramente leonino, eu preciso no caso análogo àquele em que V.Exª me cortaria a mim a canalização, de cortar alguma coisa a V.Exª …

Oh! E hei-de cortar-lha!..

Eu não peço indemnização pela perda que estou sofrendo, eu não peço contas, eu não peço
explicações, eu chego a nem sequer pedir água!

Não quero pôr a Companhia em dificuldades, não quero causar-lhe desgostos, nem prejuízos!
Quero apenas, esta pequena desafronta, bem simples e bem razoável, perante o direito e a justiça distributiva: quero cortar uma coisa a V. Exª!

Rogo-lhe, Exmo Senhor, a especial fineza de me dizer, imediatamente, peremptoriamente, sem evasivas, nem tergiversações, qual é a coisa que, no mais santo uso do meu pleno direito, eu possa cortar a V. Exª.

Tenho a honra de ser.
De V. Exª
Com muita consideração e com umas tesouras.
(a)-Eça de Queirós”



bruno ventana

O bom, o bem e o belo

"La verdad es lo que es
y sigue siendo verdad,
aunque se piense al revés"
Antonio Machado



"(...) Podemos gastar horas a debater o que é o bom, o bem e o belo, mas há um facto indesmentível: os muçulmanos emigram para os países ocidentais, e os ocidentais não emigram para os países muçulmanos. Tudo é relativo? Relativo o tanas."
(José Carlos Fernandes-DN)



crsdovale

Des silences






Le seul fait de rêver est déjà très important

Je vous souhaite des rêves à n'en plus finir..

Et l'envie furieuse d'en réaliser quelques uns

Je vous souhaite d'aimer ce qu'il faut aimer

Et d'oublier ce qu'il faut oublier

Je vous souhaite des passions

Je vous souhaite des silences

Je vous souhaite des chants d'oiseaux au réveil

Et des rires d'enfants

Je vous souhaite de résister à l'enlisement

A l'indifférence, aux vertus négatives de notre époque

Je vous souhaite surtout d'être vous....



Jacques Brel


bventana

16.2.06

La Carpa



Fundolho escamado
superficiando olho prà Carpa.
Vem do fundo do olho que foi ao fundo.
Movindo das profundas move manualetas,
num abr'olhos de peixespanto.
Dizque tacteia águas que estão na água,
trevas que estão na terra.
Podeserque.
Carpabricolada,
reactiva nossa gula das jóias,
tão segura da sua completude está,
tão cor é na desluz que a encerra (escrínio).


Nada nadando,
a carpa vem ao de cima
devolver o olhar com que a vimos.
Olho na carpa de olhos em nós.
Por ela e por nós.
Peixespelho,
troço de maravilhoso, atenção!,
a carpa vai fechar a luz. Fechou.
Agora, no escuro, a carpa travestindo-se
para novos feéricos espectáculos pela mão de Marina Obo.
Oh, as Carpas amestradas!


Alexandre O´Neill


Muito elegante e muito simpática, Marina Obo registou a referência na nhaRica à sua obra que inspirou Alexandre O ´Neill e disponibilizou a belissima imagem de "La carpa", acompanhada do seu endereço: http://www.marina-obo.com/.
Também a não perder:
http://marina.obo.free.fr/FR/marinaobo/.


Bruno Ventana

Tirado do baú

POR ORDEM

Alçando-se ao nível do divino prado coelho, uma denominada paula bobone entrou, sem atalhos, pela filosofia da vida (e das coisas em geral) adentro, e pesou valores em forma de lista.

Confidenciou à revista Caras( 5.05) :

"Tenho tudo o que é preciso para estar bem."

Vejamos, por ordem, o "tudo":

a)electrodomésticos
b)automóvel
c)renda da casa paga
d)minha filha
e)meu marido

Da ordenação desta pérola do espírito, ficará mais agradado o senhorio que o marido.


bvtana

Tinha a suprema habilidade de arranjar governos calmantes

" O homem de Estado é dominado muitas vezes pelas circunstâncias, tanto ou mais que pelas teorias e princípios."
José da Silva Carvalho







"Não hesitando nunca em se associar aos gabinetes progressistas que reclamavam o seu apoio, temperava-lhes as exaltações com a madureza da sua reflexão; não hesitando em hastear a bandeira conservadora, que mais amava pela índole do seu carácter, afirmava o seu amor ao progresso... e assim temperava o quietismo infecundo." (A Revolução de Setembro, 5.5.1881)

"...era um moderador utilíssimo, quando as paixões se achavam revoltas e a agitação proveniente do excesso de vida se mostrava porventura temerosa." (Diário Popular, 4.5.1881)

"A sua missão na política portuguesa era essencialmente reguladora; era a brisa serena que amainava o vagalhar tumultuoso do oceano das paixões políticas." (Comércio do Porto, 5.5.1881)

"Pela situação em que se colocara, Ávila tornara-se uma espécie de pára-quedas, muito útil quando caiam os governos exaustos, organizando outros, transitórios, que serviam de prefácio a ministérios mais duradouros. Competia-lhe ser chefe de todas as situações provisórias. Havendo caso difícil, ele tinha a suprema habilidade de arranjar governos calmantes." (Gomes de Amorim)

(Da"biografia do Duque de Ávila e Bolama", de josé miguel sardica)



Cristóvão do Vale

1492

"Actualmente, inventa-se tanto mais o passado quanto mais o futuro escapa à imaginação"
j.a.


"..quase tudo o que hoje é importante - para o bem e para o mal - foi decidido então.
Que as cinco figuras emblemáticas - o Mercador, o Artista, o Descobridor, o Matemático, o Diplomata - e os cinco valores maiores de hoje - a Democracia, o Mercado, a Tolerância, o Progresso e a Arte - não teriam o seu sentido moderno se 1492 tivesse decorrido de outro modo."

Jacques Attali




Cristovao do Vale

15.2.06

Bilhete de Vale de Lobos



"Um dos círculos menos disputados era, nessa ocasião, o de Freixo de Espada à
Cinta. Propunha-se como deputado da oposição um obscuro Gervásio Maldonado,
proprietário local, com uma parentela larga na terra, interesses de lavoura,
etc., e o Governo Cardoso Torres combatia-o, apresentando na lista
governamental, como candidato por Freixo de Espada à Cinta, o moço bacharel
Artur Gavião, filho do Presidente do Banco Nacional, que o pai, cansado da sua
dissipação, queria forçar, pelos deveres que lhe imporia S. Bento - isto é o
Parlamento - a uma vida disciplinada, sóbria e útil.
Conta-se que o sr. Alexandre Herculano, a este respeito, dissera, com aquele
espírito misantropo, que a sua voz ríspida acentuava de um relevo amargo:
Se o Gavião queria morigerar o rapaz, devia-o conservar no bordel, e não o
mandar para o Parlamento!"

Eça de Queirós




Brunoventana

Toda la Península Ibérica pone sus ojos en Santarém


La III Feira Nacional do Toiro
se presenta más apasionante que nunca...



bventana

pode bem ser

O lendário Piotr em grande forma


cdovale

Com a admiração e o respeito

"o país que temos
Nada a acrescentar, a este texto sentido de Manuel Castelo-Branco, excepto a solidariedade.
Publicado por Manuel às 12:20:00 PM."
(in Grande Loja)


Com a admiração e o respeito, na recordação de um Homem bravo e galhardo que contribuiu para o progresso deste país.
Morreu como um soldado debaixo de fogo.


cristovao do vale

O jogo da dama

"Não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados."


"Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas"

Clarice Lispector



bruno ventana

14.2.06

Bon Chic Bon Genre


"It is also necessary to examine, minutely, the main factors which decided the victory of civilization."
Bunau-Varilla



«Bunau-Varilla, Philippe Jean , 1859–1940, French engineer, prominent in the Panama Canal controversy. An engineer after 1884 in the original French company for building the canal, he was chief engineer before the company went bankrupt in 1889 and was the organizer (1894) of the new company that took over the rights of the old one.
Unable to develop his plans in France, he undertook to sell the company to the United States, converting (1901) Mark Hanna and President McKinley, who had been interested in the Nicaragua route, to the Panama project.
After new opposition developed, he persuaded the French directors to reduce the price of the company, and President Theodore Roosevelt was won over to the Panama plan.
When difficulties arose with the Colombian government, Bunau-Varilla conspired with insurrectionists in Panama and touched off (1903) a successful revolution.
As minister from the new Panamanian republic to the United States, he negotiated the Hay–Bunau-Varilla Treaty, which gave the United States control of the Panama Canal.
In World War I a water chlorination process that he had developed was used at the battle of Verdun.»
(The Columbia Electronic Encyclopedia, 6th ed.)

guido sarrasa

E não te esqueças do gelo


"Os cubanos escolheram um processo revolucionário e quem sou eu para dizer a minha democracia é melhor que a deles?"
Jerónimo de Sousa
(Publico)



Quem?
Pouco, de facto.
Olha, toma nota:

Ingredientes
1 1/2 dose de rum
1 rodela de limão
Pepsi ou Coca-Cola




crsdvale

"Em bom"






Silvio Berlusconni comparou-se, nos últimos dias, a Churchill, a Napoleão Bonaparte e a Jesus Cristo.
Diante da cascata de pérolas, havemos de convir que a Itália tem como que um Santana, mas, como soe dizer-se, "em bom".


crsdovale

Noches (quasi) mágicas (III)

4 - Não chegou, mas houve película.


bventana

Noches mágicas (II)

Aos 65m : 4-o.....


bvtana

Noches mágicas



"... tiene que considerar que "el Real Madrid no es un equipo de fútbol", sino "una película". Una película en la que cada jornada es un desafío para el guionista. Una lucha permanente por situar a los personajes en la cima del drama. En la lista de éxitos del pop.
La nueva pieza va de remontadas (21.00, ppv). No queda más remedio después del 6-1 que recibió el equipo ante el Zaragoza en la ida de las semifinales de la Copa. La respuesta de los jugadores es una incógnita, pero la maquinaria publicitaria funciona. No había pasado media hora desde que recibiera seis goles y Casillas ya se había apostado ante las cámaras con la solvencia y el control que sólo él atesora en el escenario.

(...)
Desde el club lo ampara una cadena de suministros: el aparato de propaganda que coordina el director de comunicación, Antonio García Ferreras. "El Real Madrid", predica Ferreras, "es grande porque consigue lo posible y es legendario porque consigue lo imposible. Y, si no te lo crees, no hay nada posible. Hay que creérselo".
(El País)

Aos 47 m, 3-0 : La película ainda pode acabar bem...
Melhor, vai acabar bem.

bventana

O 14 de Fevereiro





Tudo a postos para um ataque desapiedado.














guido sarrasa

13.2.06

A civilização que as alimenta

"a propter vitam, vivende perdere causas"


"(...) Minha tese é, portanto, a seguinte:
a própria perfeição com que o século XIX organizou certas esferas da vida é a origem do facto de que as massas beneficiárias não a considerem como organização, mas como natureza.

Assim se explica e se define o absurdo estado de ânimo que essas massas revelam:
não se preocupam com nada além de seu bem-estar e ao mesmo tempo não são solidárias com as causas desse bem-estar.

Como não vêem nas vantagens da civilização uma invenção e uma construção prodigiosas, que só podem ser mantidas com grandes esforços e cuidados, acham que seu papel se resume em exigi-las peremptoriamente, como se fossem direitos naturais.

Nas agitações provocadas pela escassez as massas populares costumam procurar pão, e o meio que empregam costuma ser o de destruir as padarias.

Isto pode servir como símbolo do comportamento que, em proporções mais vastas e subtis, têm as massas actuais para com a civilização que as alimenta."


José Ortega y Gasset


bruno ventana

É a passagem que se continua

Cântico II


Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens...
não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue: É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu.



cecília meireles


bvtana

Uma espécie de catarse

O MNE anda bizarro.
Numa pirotecnia selvagem, dardeja foguetes de espírito uns atrás dos outros. Feito girândola.
Que ar é que lhe deu, para o levar estonteado para o centro das atenções, gerando, aliás, um consenso pouco habitual quanto aos seus méritos?
Tudo leva a acreditar que se trata de uma espécie de catarse, na ressaca duríssima de um sonho presidencial para que trabalhou, e muito, durante grande parte da vida, no seu voo de Marcelo Caetano a Bin Laden.


cristovao do vale

11.2.06

À luz da câmara do Pathé





"Mal Chamberlain abandonou a Conferência de Munique, segurando no seu chapéu-de-chuva como se fosse um cajado de pastor para as câmaras, disse-se que Hitler comentara: « Se aquele idiota voltar mais alguma vez aqui, vou atirá-lo escadas abaixo e pular em cima da barriga dele em frente da câmara de televisão do Pathé» "

Gore Vidal
(A idade do ouro)



bruno ventana

El Toro

"El toro no piensa: da que pensar"
Jose Bergamin FEIRA DO TOIRO - SANTARÉM

bventana

A Investigação e Desenvolvimento e a Elegância

"Even if a submarine should work by a miracle, it will never be used. No country in this world would ever use such a vicious and petty form of warfare!"

Admiral William Henderson, 1914



bruno ventana

Aditamento à Postura

Correio do leitor:


bventana

10.2.06

Ridículo III

Agora, quase a deixar a presidência da república, Jorge Sampaio resolve, sem que nada o fizesse esperar, ressuscitar a regionalização.

P'ra quê? Em nome de quem? Com que objectivo? Capricho?


Eusébio Furtado

Ridículo II

O nosso ministro dos negócios estrangeiros. Esse que disse, minutos antes, que saía fora do "politicamente correcto", fez a seguinte afirmação sobre a candidatura de Ramos Horta a Secretário Geral da ONU:

"Se houver um consenso generalizado nas Nações Unidas de apoio a Ramos Horta, então Portugal estará na primeira linha do apoio ao ministro de Timor Leste."

Aqui está algo arrojado, de quem tem convicções e se bate por elas, de quem arrisca. Timor Leste deve ter ficado entusiasmado com o empenho português...


Eusébio Furtado

Ridículo I

O Presidente da República está a ver o tempo a passar, o mandato a acabar e tardiamente lembrou-se de visitar o concelho de Nelas.

Nelas é o concelho onde fica a freguesia de Canas de Senhorim, aquela que queria subir a concelho e que Sampaio vetou.

O povo de Canas é que não está pelos ajustes e declarou Sampaio "persona non grata". Por isso, o presidente nunca quis ir a Nelas.

Agora, só para poder saír de Belém afirmando que visitou os 308 concelhos do país, teve que se humilhar e ir até ao concelho de Nelas numa visita quase clandestina, rodeada de secretismo, que durou apenas quarenta e cinco minutos, depois do que saiu rapidamente para paragens mais seguras. Quarenta e cinco minutos!

Afinal o que foi fazer Sampaio a Nelas? De que serviu? Capricho?


Eusébio Furtado

9.2.06

Pela ponta da sapatilha

An appeaser is one who feeds a crocodile - hoping it will eat him last.
(Sir Winston Churchill)


O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal já não surpreende.
Mas consegue renovar o menosprezo que suscita com um vigor assinalável.
O seu lamentável comunicado envergonha Portugal e envergonha a Europa.
Deu-lhe, agora, para ser um papudo Savonarola, pendurado pela ponta da sapatilha no trapézio da sonsice e do capachismo.
Meter a criatura no governo não foi, de facto, o momento mais notável do Primeiro Ministro.


cristovão do vale

Nem bons ventos nem bons casamentos...

Qual será a verdadeira consequência da OPA da SONAE sobre a Potugal Telecom?

Será que Belmiro vai conseguir controlar a PT?

Vão os actuais accionistas como BES, Patrick Monteiro de Barros ou Américo Amorim cocorrer com a Sonae no controlo da PT?

E qual será o papel reservado às operadoras estrangeiras actuais accionistas da como a Telefonica espanhola ou a France Telecom?

E o papel do governo português? Que embora com uma participação pequena, por via da "golden share" detida, será determinante.

Há poucos meses, o governo português tentou deixar a Iberdrola espanhola entrar na EDP...

E agora?

Será a Belmiro de Azevedo um "testa de ferro" dos espanhóis da Telefonica?

Seja qual for o desfecho da OPA sobre a Portugal Telecom, será interessante verificar como ficará a Telefonica...


Eusébio Furtado

7.2.06

Fortíssimo





"This so rocks. They might be advanced in years, but the 'Stones have still got what it takes to produce quality music. Superb track."
The Rolling Stones: Rain Fall Down
Por aqui fora:
http://www.ifilm.com/ifilmdetail/2684608


guido sarrasa


Un misterio

"Poesía es la unión de dos palabras que uno nunca supuso que pudieran juntarse, y que forman algo así como un misterio."
Federico García Lorca


bventana

6.2.06

Em equilibrio com as coisas

O humor surge quando a razão não está em perfeito equilíbrio com as coisas e, das duas uma, ou luta por dominá-las sem o conseguir - caso em que se fala do «mau humor» -, ou se deixa dominar até certo ponto por elas, não se importando, salvo honore, de entrar no jogo - caso em que estamos perante o chamado «bom humor».

Johann Wolfgang von Goethe

bruno ventana

Cela ira encore mieux



"6 octobre 1814
Grand diplomate, le prince de Talleyrand détestait l'ambiguïté dans les traités internationaux et aimait que les choses fussent dites clairement. Son souci de clarté l'amena à énoncer cette maxime qui est devenue proverbiale.

A Vienne, le 6 octobre 1814, Metternich, ministre autrichien des affaires étrangères, venait de lire un projet tendant à ajourner l'ouverture du congrès au 1er novembre. Talleyrand demanda que l'on ajoutât que l'ouverture du congrès:

"sera faite conformément aux principes du droit public".

"A ces mots, raconte Talleyrand, il s'est élevé un tumulte dont on ne pourrait que difficilement se faire l'idée".

Les Prussiens furent les plus violents et leur représentant, le prince Von Hardenberg, hurla:

"Non, monsieur, le droit public, c'est inutile. Pourquoi dire que nous opérons selon le droit public? Cela va sans dire."

"Si cela va sans dire, cela ira encore mieux en le disant",
répliqua Talleyrand."

(Jean Levant website)



brventana

5.2.06

Dilettante

"Não me despertes se durmo e, se estou acordado, não me adormeças"
Calderon de la Barca



"... let us at least remember that an amateur is really a lover, and a dilettante, one who delights."
Ernest Gombrich




brunoventana

No acaso do olhar perdido

Faróis distantes,
De luz subitamente tão acesa,
De noite e ausência tão rapidamente volvida,
Na noite, no convés, que consequências aflitas!
Mágoa última dos despedidos,
Ficção de pensar ...


Faróis distantes ...
Incerteza da vida ...
Voltou crescendo a luz acesa avançadamente,
No acaso do olhar perdido ...

Faróis distantes...
A vida de nada serve ...
Pensar na vida de nada serve ...
Pensar de pensar na vida de nada serve ...

Vamos para longe e a luz que vem grande vem menos grande.
Faróis distantes ...



Álvaro de Campos


brunoventana

Com um milhão de votos



Que hei-de eu fazer deste saco com um milhão de votos?

Já sei! Vou perguntar ao Joaquim Ferreira do Amaral.

crsdovale

Um conjunto de azares e de golpes meditados

"Silhueta de pirata nostálgico, tesourando o chão a passadas sonâmbulas"
Raul Brandão





"Assim pensavam os monstros sagrados de Vailland, o militar Laclos, o aventureiro Casanova, Gallois, o matemático, o cardeal de Bernis e essoutro de que ninguém fala, Louvet de Couvray, alma e corpo de Faublas - todos, em suma, libertinos no moderno sentido da palavra, que tinham do mundo uma concepção progressiva, fria e experimental e que viam na contradição das regras e dos interesses a boa oportunidade de se aplicar um conjunto de azares e de golpes meditados com destino a minar e render a praça inimiga.
Assim pensava, e muito antes deles, o português D. Luis da Cunha (1662-1740), autor das Instruções a Marco António de Azevedo Coutinho, breviário racionalista para uso de todo o bom governante, em que se faz testamento solene de muitas regras do grando jogo, os respectivos interesses e alianças, e se fala dos « subterrâneos por onde estas se pretendem conseguir para se contraminarem »
Minar, contraminar... No desenho do esquema está o êxito da partida."

José Cardoso Pires



brventana

O COSTINHA DO CASTELO

Ao atacar com arreganho é preciso não perder de vista o contra-ataque.
Se não, tudo se vai como um castelo de cartas.


brunoventana

Angra dos Vaqueiros




Vai estando soberbo este 5 de Fevereiro, mesmo a pedir uma viagem com Bartolomeu Dias.



bventana

Islão e o terrorismo!

Nesta semana foi alvo de grande polémica a publicação de um cartoon com a figura de Maomé transportando uma bomba num turbante.

Não ponho em causa a liberdade de expressão! Admito que a imagem transmitida tem um sentido de verdade na medida em que se pretende associar a ideia que no Islão existe uma facção com alguma dimensão que, em nome de da religião islâmica, apela à violência. Mas não deixa de ser um erro grosseiro tomar o todo pela parte.

O que está em causa é que esta publicação está associada a uma consciência de pretensa superioridade da cultura europeia (confundida com cultura cristã) face ao resto do mundo. A mesma suposta superioridade que fez com que os franceses proibissem o uso de véu islâmico nas escolas, num claro gesto de inadmissível arrogância.

Já agora: a cultura cristã é muito mais vasta, profunda e rica do que o que hoje é considerada a cultura europeia.

A superioridade europeia, se algum dia existir, não passa por exemplos como o francês, mas antes pelo sentido de tolerância e solidariedade, esses sim, factores da identida cristã.


Manuel S. Carneiro

4.2.06

Olha que brincadeira, hem !








“(...) - Então, Cohen, diga-nos você, conte-nos cá... O empréstimo faz-se ou não se faz? E acirrou a curiosidade, dizendo para os lados que aquela questão do empréstimo era grave. Uma operação tremenda, um verdadeiro episódio histórico!... O Cohen colocou uma pitada de sal à beira do prato, e respondeu, com autoridade, que o empréstimo tinha de se realizar “absolutamente”. Os empréstimos em Portugal constituíam hoje uma das fontes de receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto. A única ocupação mesmo dos ministérios era esta – “cobrar o imposto” e “fazer o empréstimo”. E assim havia de continuar... Carlos não entendia de finanças: mas, parecia-lhe que, desse modo, o país ia alegremente e lindamente para a bancarrota.
– Num galopezinho muito seguro e muito a direito – disse o Cohen, sorrindo. – Ah, sobre isso, ninguém tem ilusões, meu caro senhor. Nem os próprios ministros da Fazenda!... A bancarrota é inevitável: é como quem faz uma soma...
Ega mostrou-se impressionado. Olha que brincadeira, hem! (...) “


Eça de Queirós



brvetana

2.2.06

Play it again, Sam

" Sócrates e Cavaco tiveram encontro a sós ao almoço
O primeiro-ministro, José Sócrates, almoçou esta quinta-feira com o Presidente da República eleito, Aníbal Cavaco Silva, em Oeiras...
De acordo com a mesma fonte, a primeira conversa que José Sócrates teve com Cavaco Silva, desde que este venceu as eleições presidenciais no passado dia 22, teve lugar no Forte de São Julião da Barra."

(diariodigital-2.2)




... uma noite enevoada na pista do aeródromo de Casablanca. Rick(Bogart) e o capitao Louis Renault (Claude Rans) caminham de costas para o espectador, quando o protagonista profere, em jeito de desabafo: "Louie, acho que este é o começo de uma bela amizade."

bventana

Vocações

"Marco António Costa admite disputar liderança do PSD"
(diariodigital-2.2)


Cá eu, tenho dias em que admito disputar o Arcebispado de Canterbury.


crisdovale

Weights and measures of their own


«A politician`s character and position are measured in his day by party standards. When he is dead, all that he achieved in the name of party is at an end. The eulogies and censures of partisans are powerless to affect his ultimate reputation. The scales wherein he was weighed are broken. The years to come bring weights and measures of their own.»

Winston Churchill on his father Lord Randolph Churchill

bventana

1.2.06

A opinião pública


«(...)
Ramalho fez-me a honra insigne de approximar o meu nome do de Turgot; e se recordo o paralelismo assim feito das nossas situações, é só para frisar que, se Luis XVI, aliás bondoso e sincero, abandonou o seu ministro, cedeu às pressões da corte, e às próprias illusões e preconceitos - El Rei D. Carlos caminhou até à morte, do mesmo passo firme, convicto e deliberado.
N`uma das suas cartas escrevia: "Eu bem sei que seria mais fácil , e menos penoso para nós, o tratar de agradar a todos; mas espero também que um dia a opinião pública, que felizmente não é sempre a opinião que se publica, saberá fazer-nos justiça."
(...)»


João Franco Castello-Branco
(in "Cartas D`El-Rei D. Carlos"
Livrarias Aillaud e Bertrand-1924)


bventana