29.10.04

"OS NEGÓCIOS FAZEM-SE À MENSA"

Fernando Martins


Diz comensal da mesa vizinha que, no jantar científico do Porto, o semblante do mandarim não tinha a cultivada jubilação do costume.

“Terá sido das tâmaras?” Perguntou-se em voz alta um outro comensal dessa mesma mesa vizinha.

“Hum, não me parece, que de tâmaras gosta ele muito”, retrucou o primeiro comensal.

“Só se foi aquela do Sócrates dizer que o país precisa da ciência para se tornar mais competitivo…”, lembrou o primeiro comensal.

“É isso, com os diabos! Então não querem lá ver que o transmontano quer por os cientistas a render!”, disse, submerso na descoberta o outro comensal, também ele, embora num plano mais diletante, aderente indómito da ciência fundamental, da pura.


brunov

“VAMOS VOLTAR A SER FELIZES! “

“Se (…) tivesse declarado que a camisa luxuriosa de Mary era a camisa de Stª Madalena, teria herdado a fortuna da titi, ficaria célebre e seria até considerado pela Ciência e pela Igreja”
Teodorico, o Raposão


Sócrates, com o mandarim à ilharga, jornadeou pela ciência e depois jantou. Segundo o “Público” Os incontornáveis Sobrinho Simões, Quintanilha e Alberto Amaral também comeram.

De cicerone, Sobrinho Simões, ainda sem dominar os enredos das maturações dos ciclos (vd. “UM GAJO FICA LOGO ÀRRASCA PÁ”, no ANARCACONSTIPADO), aproveitou para açoitar o que a actual maioria vem fazendo à Ciência nos últimos dois anos. Sócrates subscreveu de pronto o bramido e, garantiu, com ele não vai haver cortes.

Tendo por boa a lição de Joaquim José Alves Pacheco –“O verdadeiro talento só deve conhecer as coisas pela rama” – Sócrates tem alguma razão: a actual maioria, à Ciência, não deu rota nem atavios, deu governantes. Seis (6), em dois anos.

Mas para ter a razão toda precisa de ler os fascículos completos da história do ataque de Bruxelas à Ciência portuguesa (vd. DE SURRIOLA ENFIANDO TARBUCHE – 26.10)) e de comedir o alcance da política de pornografia processual por contraponto à de puritanismo processual.

Em todo o caso, o faval já tremula aos arejos que se adivinham.


brunov

A CORVETA SARAGOÇA E O ALMIRANTE FITZROY

“É fascinante observar como reagem os cristais e como a sua conformação corresponde à chuva (solução turva), ao bom tempo (solução transparente) e até à neve (flocos grandes)”


A divulgação do barómetro da marktest, para o dn e tsf, parece confirmar que já vai larga a curva da corveta Saragoça (vd.RELANCE É COM EÇA – 20.9)).

Quem se baixar para atar o atilho do sapato é bom que tenha o óculo por perto….

Ao transmontano dos 80% (vd. BLAIRISMO À TRANSMONTANA – 28.9) basta quedar-se plácido, de preferência sem dizer nada de muito fundo.

A solução está turva.


brunov

28.10.04

O “ENCAIXA MELHOR” DE PACHECO PEREIRA

“There are many people that have answers to questions and don`t even know the questions exist”
J. Harrisson


J. Pacheco Pereira (vd. Abrupto – 6.10) constrói que, “encaixando” ( Kennedy ) mal na esquerda, já L. Johnson, por estranho que pareça, “encaixa melhor”.

Parece mesmo muito estranho.

A ideia, pouco tratada, vai buscar-se a uma vulgata do panteão presidencial americano, a uma pseudo história, politicamente correcta, que, mesmo com a espantosa conspiração de silêncio das forças das “deep politics” ( as práticas e acções políticas, deliberadas ou não, que são sistematicamente ocultadas), desapareceu por completo antes do final do século passado.

Havia, antes, o lado positivo da denominada “Great Society”, com os avanços na questão racial e numa projectada luta contra a pobreza.
Havia o notável manobrador político (no sentido mais rasteiro do termo), fruto da experiência como senador e presidente do Senado, alimentado por uma vontade titânica de poder.

Havia, sobretudo, uma maioria do partido democrata saída das eleições de 1964, fruto da onda de emoção que varria a América, poucos meses após o assassinato de Dallas, e da qualidade do oponente republicano ( Barry Goldwater) cujo extremismo o tornava praticamente inelegível.

Tudo isso afocinhou miseravelmente, ainda nos anos 60, no desastre da escalada na guerra do Vietname e na teia infame de embustes que a envolveram.

Mas o recorte mais fino da sórdida personagem veio mais tarde.
O homem de mão dos patrões do petróleo do Texas (Edward Clark, Billie Sol Estes), o corrupto, o chantagista, o cúmplice e instigador de assassínios.

Desde que saiu da Casa Branca viveu recluso, amarfanhado em restos de consciência, sob tratamento psiquiátrico permanente, morrendo na mais abjecta miséria moral.

Tinha razões para isso.

Hoje, 70% dos americanos está convicta de que houve uma conspiração para assassinar JFK e que Johnson nela participou de alguma forma, ou tendo conhecimento antecipado do crime ou colaborando no seu encobrimento.

E, em 2003, o puzzle do completo envolvimento de L. Johnson no assassinato de Dallas foi encaixado pelo seu personal attorney Barr McClellan ( vd. Blood, Money & Power, Hannover House, 2003).

Também o antigo patrão Sol Estes conta a mesma história (vd. JFK-Le Dernier Témoin - William Raymond, Billie Sol Estes, Flammarion, 2003).

“Encaixa melhor”? Aonde?


brunoventana

I HAVE A RENDEZ VOUS WITH DEATH

“(…) he went to his fate cool, poised, resolute, matter-of-fact, debonair.”

W. Churchill (Great Contemporaries)

“(…) For the chosen few…there is no disillusionment. They march on into life with a boyish grace, and their high noon keeps all the freshness of the morning. Certainly to his cradle the good fairies brought every dower. They gave him great beauty of person; the gift of winning speech; a mind that mastered readily whatever it cared to master; poetry and the love of all beautiful things; a magic to draw friends to him; a heart as tender as it was brave. Only one gift was withheld from him – length of years.”

John Buchan (Pilgrim`s Way)


Há dias, J. Pacheco Pereira (Abrupto, 6.10), a propósito das “Novas Fronteiras”e das bernardices do PS, aproveitou para em três penadas passar um risco sobre JFK:

“(…) Dizer que Kennedy é de esquerda é bizarro. Kennedy, o amigo da Máfia, o invasor da Baía dos Porcos, do “Berliner” encaixa mal, já L. Johnson, por estranho que pareça, encaixa melhor.”

Ora, bizarra é também a explicação de JPP. Porque as penadas que afia nada têm a ver com a questão “esquerda/direita” e porque, de tão desataviadas, mesmo para versão flash, obscurecem as coisas da história.

Da primeira penada:
Apesar de uns tratos eleitorais obscuros com elementos da máfia de Chicago, arregimentados pelo mayor Daley (de resto quase triviais na história eleitoral dos EUA, e bastante inferiores em quantidade e qualidade ao do seu oponente RMN), e não esquecendo a turva operação Mongoose, o que é um facto histórico é que a Administração Kennedy, em particular o seu attorney – general, RFK, deu à máfia uma caça impiedosa, sem paralelo até à década de sessenta, a ponto de a quase totalidade dos historiadores e investigadores do assassínio do Presidente defenderem, alguns, a iniciativa e, praticamente todos, a intervenção do crime organizado na preparação e concretização do atentado de Dallas.

Da segunda:
A desastrosa invasão da Baía dos Porcos, concebida, desenvolvida e colocada perto do “point of no return” pela Administração Eisenhower, e um dos maiores fracassos da história da CIA (os insuspeitos Allen Dulles - “ A gentleman spy” de P. Grose – e Richard Helms – “ A look over my shoulder” - contam a história), foi herdada por Kennedy em condições operacionais e políticas tais que, na perspectiva da liderança dos Estados Unidos e no contexto daquela época, quase anulavam outras opções.
Cometido o erro, e evitando outro, maior, ao não ceder às dramáticas pressões das Forças Armadas e da CIA, no sentido de, avistado o fracasso, envolver as tropas americanas num ataque formal, a atitude de JFK foi no final a de proibir categoricamente quaisquer referências à Administração anterior e reivindicar para si, e só para si, a responsabilidade e a humilhação pela invasão da Baía dos Porcos.

E da terceira:
No combate ao império soviético, depois de Churchill e antes do Papa João Paulo II, Lech Walesa e Ronald Reagan, houve, nas décadas que ficaram pelo meio, muitos outros lutadores pela liberdade que, com clarividência e convicção, estiveram na linha da frente.
Um deles, em 26 de Junho de 1963, na Rudolph Wilde Platz, em Berlim, na presença do mayor Willy Brandt e perante mais de um milhão de alemães disse esta coisa tão simples que há - de durar pelo tempo fora:
“(…) Todos os homens livres onde quer que vivam, são cidadãos de Berlim e , por isso, como homem livre, tenho muito orgulho nas palavras Ich bin ein berliner.”

Parece assim frouxo o ferrete das penadas. Muito frouxo até, para o gabarito do autor.
O ânimo delas, das duas últimas, parece ter, em flash-back, nostálgicos resquícios de esfarrapadas lutas contra o imperialismo yankee, que tantos vieram mais tarde a superar, alguns de forma brilhante.

É que JPPereira podia, mesmo em versão flash, ter escolhido outros aspectos da história, lembrando o Peace Corps, a Aliança para o Progresso, o desafio espacial, a luta contra a pobreza, a luta, com Luther King, contra a descriminação racial (depois prosseguida pela Great Society do seu “encaixa melhor” LBJ, de que se fará menção noutro lugar), a não sujeição aos magnates do petróleo e ao complexo industrial/militar , a juventude e energia de um “alpha male”, a revitalização do idealismo americano, a “grace under pressure” de que falava Hemingway, ou dessa marca distintiva dos políticos que não se deixam morrer interiormente e têm a rara capacidade de viver com a responsabilidade e com o perigo.

Também, é certo, podia ter falado nas incontáveis aventuras, algumas de risco, com a namorada de um chefe da máfia, com uma possível espia da Alemanha de Leste, com uma estrela de cinema que pouco depois se suicidou em obscuras circunstâncias, ou nas doenças e dores de que padecia e que ferozmente escondeu do povo americano.

Era, em todo o caso, indiferente.

Por aí, continuava a não chegar, nem ao perto, às razões por que, há quatro décadas várias gerações nos vários continentes sentem JFK como uma pertença íntima e reivindicam o seu código de esperanças e atitudes.

Apresentando ao julgamento da História apenas mil dias, de claridade e enigmas, é claro que a essência da lenda Kennedy é, sobretudo, aquilo que Kennedy poderia ter sido.
E o assassínio é também um ingrediente do mito. Mas não chega como explicação da magia.
Lincoln e Kennedy, atravessam os tempos e o tempo, mas quem sabe quem foram James Garfield ou William McKinley e, sabendo alguns quem foram Anwar el Sadate, Indira Ghandi e Olof Palme, quem se lembra de projectar ideais e sonhos na memória e nostalgia que despertam?

Para chegar a essas razões tinha de rememorar, com Eliade, que o mito é que fala verdade. Porque dá à História um sentido mais profundo e mais rico, e revela um destino trágico.
E, com Norman Mailer e Richard Mahoney (vd. Nostalgia – 20.9), porque é que os deuses, com o saber que eles têm, quiseram dar a JFK esse destino.


brunoventana

LA DOLCE VITA


O “Nha Rica” assiste com expectativa ao processo “Buti”.

Barroso mudou o nome, mas continua Durão. O filme é o mesmo: “mais vale asno que me carregue, que cavalo que me derrube” – que é como quem diz, não queimo a minha gente do pé para a mão.

Afrontar o Vaticano também é capaz de não ser boa ideia.

Limados os histerismos feministas, não deixa de ficar no ar uma sensação de apreensão relativamente ao que poderá vir a ser o rumo na cooperação em matéria civil, sob a alçada da JAI.

Por outro lado, a emenda ao soneto parece indiciar rédea curta e um Comissário com pouco peso real, fiscalizado pela própria equipa.

Mas como em tudo, o óptimo é inimigo do bom.


Avalon

NÃO VENHAS TARDE


Era um bom título para um teledrama científico.

Avalon

26.10.04

ENTRETANTO, E À MARGEM DOS FAITS DIVERS DA LUZ...


…Os quase vegetarianos leões de Alvalade regozijam-se com vitórias estrondosas…primeiro contra o Estoril…depois pelo bis que se pode comemorar como o grande feito de voltar a não conseguir perder…Lindo!

Peseiro evitou, assim, uma jornada de besta, e consideram-no bestial.

Mas a questão não é a goleada que Peseiro conseguiu(?). É ter conseguido que um jogo contra o Estoril fosse considerado decisivo para o Sporting.

Isto não é um Peseiro, é um coveiro.

Tanto assim é que, desde logo, não se conhecem candidatas a Peseirette.

There’s no talking to them.


Avalon

CAUSA NOVA


E num extraordinário esforço de humildade, Anita reconhece não ter qualidades físicas nem mentais…para “socranette”, toma consciência que, como “alegrette” não vai longe e, entrando no maravilhoso mundo da cessão de exploração de blogs (vd algures no causa-nossa.blogspot.com), em brados evocativos do 25-A, descobre a sua verdadeira vocação:

“Marcelette”.

E, eis que se lembrando que foi eleita para deputada no PE regressa ao seu passatempo predilecto, desta feita a propósito de Buttiglione: o vodoo político.

Nisto, António Costa chega-se à frente, considerando Barroso um provocador. Nada que a si próprio não se aplique, claro, mesmo recordando o patético episódio de confundir catalão com alemão em plena sessão plenária do PE…

O caso está visto: será certamente insuportável manter-se como Deputado com Buttiglione Comissário, e uma bela desculpa para se agigantar à Câmara de Lx…


Avalon

DE SURRIOLA ENFIANDO TARBUCHE

“Acredito que a Ciência vai piorar”
Sobrinho Simões


Por que é que no espaço informal de discussão a que o CLA chamou Café Ciência, ou antes, no espaço mais formal benzido aparatosamente de I Encontro Nacional de Ciência e Tecnologia, ninguém pediu ao mandarim para contar o ataque de Bruxelas à Ciência portuguesa (vd. Veio um ataque lá de fora chamem o CLA)?

E, de caminho, para desenvolver a sua tese de política científica, com base na pornografia processual, em contraponto com a de puritanismo processual, agora seguida de forma paroquial pelos seis (6) governantes que para este domínio a actual maioria fez avançar.

Quanto ao Prof. Sobrinho Simões, entrevistado para o DN à margem do evento, ficava-lhe bem dar-se conta das “maturações dos ciclos”. Vai ter surpresas e, dominando a teoria, não vai dizer mais tarde as coisas que agora diz.

No entanto, deixa, registe-se-lhe o notável apontamento, uma crítica dura ao mandarim: “Outro problema grave da Ciência em Portugal é não termos tradição em accountability”

Em cheio.


cristovaodovale

A ELEIÇÃO AMERICANA NO “`NHA RICA”

“ De cruzes e anseios se fazem as mareações”

O plenário do “`Nha Rica” – o proprietário, director, editor e chefe de redacção, o Lourenço Bravo, “the” Avalon, o Bruno Ventana e o Cristóvão do Vale – votaram, ordeiramente, para a eleição presidencial de Novembro. O resultado foi o seguinte:
John F. Kerry – 4
George W. Bush – 1
As razões do sentido de voto parecem ter sido muito semelhantes às do New York Times.

O PREÇO DA FAMA ESTÁ PELOS OLHOS DA CARA

“Quem é que saiu agora, ó D. Augusta?
Foi o Cabritinha que vai um bocadinho à batota.”
E de Queirós


O sr. Carlos Cruz, da sua prisão preventiva, dirigiu-se ao país. Pelas ondas da SIC. Sábado à noite, pelas horas nobres. Essas horas, em que arengou a sua visão dos factos e das coisas, mostram, por um lado, que a justiça é cega ou pelo menos ensombrada, e, por outro, a pertença da pergunta: será só a questão das audiências que leva e este arrojo?
Vejamos com atenção, nos próximos dias, o tempo de antena do sr. Farfalha.


Cristovao do vale

SOU TÓ DE MOURA, PORTANTO SERIA EU

Dar entrevistas “é uma operação de alto risco”
Souto de Moura


Depois de teorizar, admitimos que amargurado, sobre as diferenças, para a Justiça portuguesa, entre o Farfalha e o Carlos Cruz, o PGR precisa que, tendo sido o PS que o escolheu para o lugar, “portanto, a última pessoa interessada em fragilizar ou prejudicar o PS seria eu.”

Lbravo

25.10.04

PORTUGUESINHOS VALENTES

“ Este ano não estamos para esquisitices”


Nas últimas três Jornadas: no estádio D. Afonso Henriques, um penalty fantasma chegou a ameaçar a vitória encarnada, com os dragões foi o escândalo que se sabe, e, ontem, um tal de Mário Mendes validou, contra o SLB, um golo resultante de livre indirecto que entrou… directo.

Mas à noite, outra vez na SIC Notícias, outra vez derramando-se em unto, o comentador Santos, mostrando que a imbecilidade pode vir rebuçada em prosápia, pura e simplesmente brotou.

Palrou sobre a “declaração histórica” do P. da Costa. Descobriu-se, o isca seca. Afinal não é só tendencioso. É um verdadeiro avençado centro.


Cristovaodovale

E NO REGRESSO VINHAM TODOS

Não deve afastar-se a hipótese de se tratar de bernardice da Central de Informação do Governo...


"Luís Patrão director-geral do partido e chefe de gabinete de José Sócrates

O ex-secretário de Estado da Administração Interna Luís Patrão foi nomeado director-geral do PS e chefe de gabinete do secretário-geral socialista, José Sócrates, disse hoje à agência Lusa o porta-voz do PS, Pedro Silva Pereira.

Luís Patrão -que foi chefe de gabinete do primeiro-ministro, António Guterres, entre 1995 e 1999 -acumulará as funções de chefe de gabinete e de director geral do PS, substituindo nestes cargos Mark Kriby e Carlos Bexiga, respectivamente.

De acordo com fonte da direcção dos socialistas, a nomeação de Luís Patrão foi proposta por José Sócrates na última reunião do Secretariado Nacional do PS, há uma semana, e foi formalmente apresentada aos funcionários do partido na segunda-feira.

Luís Patrão, natural da Covilhã, e o seu irmão Jorge, que foi candidato a líder da JS no início da década de 80, foram os responsáveis pela adesão de José Sócrates ao PS.

Na Assembleia da República, Luís Patrão foi chefe de gabinete dos líderes parlamentares do PS António Guterres, Jaime Gama e Almeida Santos.

Após ter sido chefe de gabinete do ex-primeiro-ministro António Guterres, Luís Patrão foi eleito deputado do PS pelo círculo eleitoral de Faro nas legislativas de 1999.

Na formação do segundo Governo socialista, Luís Patrão foi nomeado secretário de Estado da Administração Interna, quando o ministro era Armando Vara.

Na sequência da polémica em torno da criação da Fundação para a Prevenção e Segurança (FPS) -entidade criada quase exclusivamente com capitais públicos -Armando Vara e Luís Patrão abandonaram em Dezembro de 2000 os cargos de ministro e de secretário de Estado da Administração Interna.

Na sequência da sua demissão do Governo, Luís Patrão afastou- se da primeira linha da vida política e de todos os cargos partidários no PS."


Lusa, 22Out2004

SAI UMA DE FILETES

“No notar-se-lhe a ausência residia em parte o seu encanto”


Ladrilhando o percurso, com risquinho bem feito para dar o elegante, lá vai ele, pimpão, dar uma engraxada ao afiambrado em pleno Chiado, à direita no sentido descendente, quase ao nível da Bénard..

Deve julgar-se um Jerónimo Condeixa, pois se até olha os transeuntes com um comprazimento finório.


brunoventana

23.10.04

SAI MAIS UM PRATO DE ARROZ PILAU

“ Não empurrem que isto chega para todos”


Em Aveiro nos dia 22 e 23 vai à cena a peça “ A CIÊNCIA NAS NOSSAS MÃOS”, pelo conhecido grupo CLA.

O título é o programa..

O faval já tremula.


Cristovao do vale


DOIS FERROS CURTOS PÕEM A BANDA A TOCAR

“Já temos um ponto e ainda faltam três jogos. E já marcámos um golo e só sofremos cinco.”

Ó Olegáaaaaario !!!


lbravo

20.10.04

NOVA PROGRAMAÇÃO DA RTP (by Morais Sarmento)


A não perder no "Anarca Constipado"

"Devaneios de um ex-boxeur"




"Um jornal pode ser muito mais que um jornal. Pode ser, sobretudo, um organizador colectivo"

Lenine.


A não perder na Grande Loja do Queijo Limiano.

QUEM PAGA MANDA...

O ministro da Presidência, Nuno Morais Sarmento, defendeu ontem que deve ser o Governo a definir o modelo de programação da RTP, uma vez que é o Executivo que responde pelas decisões adoptadas na estação pública.

"Deve haver uma definição por parte do poder político acerca do modelo de programação do operador de serviço público, mas num momento inicial", de modo a impedir situações últimas em que "não há ninguém responsável", afirmou Morais Sarmento, por ocasião do primeiro colóquio da Rádio e Televisão de Portugal, que decorreu ontem em Lisboa.

"O papel do poder político sobre a RTP é o de exigência", ou seja, que funcione como uma pressão para a melhoria dos conteúdos, entre outros, reforçou o ministro.

O responsável defendeu, nesse sentido, a existência de "limites à independência" dos operadores públicos. A independência levada ao "extremo" pode, no seu entender, subverter o caminho para chegar aos objectivos, podendo ser adoptado "um modelo perverso" que exige responsabilidades a quem não toma as decisões. "Não são os jornalistas nem as administrações que vão responder perante o povo", referiu o ministro.

in Público, 20Out2004

A seguir com interesse

ecosfera

"Amigos da Sesta" convidam Santana Lopes a aderir à associação

Também em "Sesteiros e sesteiras, sestem" em 14.07.04 na Minha Rica Casinha

A Associação Portuguesa dos Amigos da Sesta (APAS) convidou o primeiro-ministro a tornar-se sócio da instituição, na sequência do desmentido do seu Gabinete sobre uma eventual sesta na passada quinta-feira.

Em comunicado, a APAS, que integra nomes como Mário Soares (PS), Odete Santos (PCP) ou Manuel Cambra (CDS), convidou Santana Lopes a valorizar a sesta como um momento importante do dia e desafiou- o a assumir a sua prática quotidiana.

No sábado, o jornal "Expresso" noticiou que o primeiro- ministro havia dormido uma sesta entre a saída do debate parlamentar de quinta-feira à tarde e a inauguração da Moda Lisboa, à noite, mas essa informação foi desmentida posteriormente pelo Gabinete de Santana Lopes.

"E se viermos a sabê-lo aliviado deste pesadelo (aristocrático horror à plebeia sesta) será com muito gosto que o receberemos, já desinibido, no seio da nossa colectividade", refere o comunicado da APAS, que já conta com mais de 140 associados, entre autarcas, deputados e empresários.

Para os dirigentes da associação, é "de todo irrelevante para a credibilidade da governação" que o primeiro-ministro tenha dormido ou não a referida sesta, mas o desmentido formal constitui um "preconceito" condenável.

Em contrapartida, a APAS defende esse descanso como uma prática que deveria ser estendida a todos os portugueses, considerando- o uma "pausa de repouso intercalar na actividade laboral conducente à harmonia dos ritmos biológicos".

in Lusa, 18Out2004

18.10.04

FESTEJANDO A VITÓRIA




Jorge Nuno Pinto da Costa para Olegário Benquerença, festejando vitória :" Foi de loucos"!

O LAMPEJO DO ASSALTO VIRTUOSO

“ A assaltada tem mais valor, se à vista de toda a gente”


Porto-Belenenses, Guimarães-Benfica: O sistema a reagir, já com pouca finura, à inesperada, crescente preocupação.

Benfica-Porto: intervenção ainda mais florida, que o caso não dava para utilitarismos cépticos e pervertidos.

O nome de Benquerença já que trazia no bojo a bonita promessa de cumprir a limpeza dos actos. Esfregão de cozinha de geometria variável, esfregou, de facto.

Mais à noite, a SIC-Notícias, atirou às pessoas a cereja: Com o unto a subir aos cabelos, o comentador Santos – outro nome premonitório de viagens azuis por entre nuvens - não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai, arrazoou, já com o unto a descer-lhe pela testa, sobre a humanidade do erro, sobretudo no futebol.

Sobre esta gente serve a preceito Guerra Junqueiro quando falava de gente “…corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que…sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (…)”


lourençobravo

APITO AZULADO SILVA MAIS FINO

“ Macaquinho Olegário para o macaquinho Jorge: “os gajos queriam bananas”


A reacção do público do futebol português ao silvo dos Olegários traz à memória Guerra Junqueiro: “Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonha, feixes de miséria, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que já nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas.”


lourençobravo

15.10.04

DON´T TIE A KNOT IN YOUR TONGUE THAT YOU CANNOT UNTIE WITH YOUR TEETH

“The horoscopes of the murdered are almost identical with those of the assassins”
Aleister Crowley



A rábula, linha pirueta ao entardecer, do cavaleiro andante da liberdade e liberdades, Sousa Tavares:

O cavaleiro andante, que ficara agitado com o “silenciamento de Marcelo”, dando a entender que esperassem dele grandes gestos, encontrou-se com Paes do Amaral e com José Eduardo Moniz e, passou ao povo, preferencialmente o povo amante das liberdades, o que já se receava: houve de facto pressão para silenciar oMarcelo.

Vai sair, pensou-se. Melhor, vai sair com estrondo, como é próprio dum tonitruante campeão da liberdade e liberdades.
Mas não, limitou-se a ponderar.
E depois de ponderar, ficou.
É que, imagine-se, garantiram - lhe a absoluta liberdade de expressão e independência do canal.


Disse depois, refeito do susto e referindo-se já à comunicação do PM ao país, que este tinha aproveitado para fazer “dois números de prestidigitação”.
E, ele, que só fez um.

Isto só lá vai de Camilo: “Esses apenas produzem vegetalidades de folhagem amarellada, e alguns tortulhos bravos de espécie venenosa rajados pela peçonha das velhas inépcias”



cristovaodovale

UMA SEMANA DE OUTUBRO EM KUBANACAM

“Hoje é mau, e cada dia será ainda mais mau, até que o pior aconteça”



Após a operação “silenciamento de Marcelo” e enquanto decorrem as operações DN (remoção de Fernando Lima, com conexões ao mundo do cavaquismo, e ascensão da neosantanete linha elaborada, Ferreira Alves, tostadinha da esquerda/caviar), JN (entrada em cena de Ribeiro Ferreira, que pode fazer passar Luís Delgado por moderado) e RTP (abanão em Rodrigues dos Santos?), o país teve ainda o número do director geral Moniz, o Alberto João a andar de elefante, o Jerónimo a dizer que não, Santana Lopes a apelar aos eleitores dos Açores para não votarem em função dos líderes nacionais, e a comunicação do mesmo ao país, modelo Natal x3.
Não foi mau. Mas houve mais e melhor:

Um artigo da “Focus”, sob o impressionante título “Palacete de S. Bento – A Quinta de Santana”.

Aí se conta que
“…mercê de uma nova distribuição de espaços e de uma redecoração “sem dramas”, o primeiro – ministro conseguiu obter um confortável combinado de gabinetes e “zonas de estar” no 1º piso. Nesse refúgio, trabalha e convive até altas horas, depois de ter terminado as funções oficiais no rés - de - chão e antes de ir aconchegar os filhos nos quartos do antigo sótão. Aí recebe amigos e amigas, liberto dos formalismos que o uso dos salões nobres lhe imporia. Chega a estar dias inteiros no seu novo “reduto” (sobretudo aos fins de semana), enquanto cá em baixo na portaria da rua da Imprensa à Estrela, os polícias de serviço se esfalfam a inscrever nomes sonantes da vida social e política na interminável lista de visitantes.”

“(…) Pouco depois da tomada de posse ….começaram a frequentar S. Bento inúmeros amigos e amigas do novo primeiro – ministro, que chegavam sem aviso ou formalidade. Vinham estar com “o Pedro”. Muitos são dirigentes e figuras de proa do próprio PSD. Outros seguem há muito a vida de Santana Lopes, como apoiantes, confidentes, compagnons de route. Entre eles não faltam figuras públicas, celebrizadas em revistas cor - de – rosa.”

“(…) Depois que “assentou” no cargo, voltou mesmo a sair à noite, a matar saudades dos seus locais de culto e estimação: a Bica do Sapato e a Kapital de novo recebem, a horas pequenas, a visita do seu mais famoso cliente. Regressa então “o Pedro”, divertido e noctívago – o mesmo que nos anos 90 enchia com a sua graça natural a discoteca lisboeta “Stones”, onde se sentia verdadeiramente “em casa”, e onde chegava a ir, às segundas e terças feiras, mesmo sem companhia para “tomar um copo “ e “meditar”.

Não pode hoje desafiar Cinha Jardim para acompanhá-lo nas discretas saídas nocturnas: a ex-namorada do primeiro – ministro está a representar um papel na Quinta das Celebridades, da TVI. Mas Pedro não se esqueceu de lhe telefonar, na véspera do início do programa, desejando boa sorte e mandando saudades”
(…) E não falta quem lhe adivinhe, na organização quadricular do Palacete de S. Bento, um quarto vazio, reservado, cativo. Talvez destinado a quem trocou um lugar na Rua da Imprensa à Estrela por uma Quinta onde só a Imprensa vê estrelas.”


O director da Focus demitiu-se, alegando “falta de meios”.



Lourençobravo

TOCA E FOGE


O Coordenador da Polícia Judiciária da Madeira que conduziu à detenção do presidente da Câmara Municipal de Ponta do Sol, demitiu-se. Sim, aquele que foi apontado como um perigoso comunista pelo presidente do governo.

Devido a pressões? Não…

12.10.04

O PERU

O indescritível guarda-redes do Sporting é hoje tratado, de Norte a Sul de Portugal, por peru.

O que pretende Scolari?



Lourenço bravo

PALÁCIO DO MANTEIGUEIRO À HORTA SECA

“Duas horas de sala de armas, alguns minutos de cabeleireiro e de clube, um bom alfaiate, uma ponta de desdém, e certo ar fatigado de quem esperdiça a vida sem lhe saborear dos proventos, bastarão para dar o elegante.” (Fialho de. Almeida)


A casa é de bom gosto e aspecto sólido, deixando transparecer a marca da época.
De 1787, o seu proprietário original foi Domingos Mendes Dias, aguadeiro, marçano, “negociante da praça de Lisboa”, comerciante de manteigas por grosso e, depois, milionário, deixando por morte seis milhões e meio de cruzados.

Querendo mostrar-se fidalgo, obteve do Morgado de Vilar de Perdizes, António de Sousa Pereira Coutinho, o tratamento de primo, prometendo em troca deixar-lhe em testamento palácio e fortuna.

Entrou assim o palácio do Manteigueiro na posse do Morgado.
Pouco tempo depois, em 1804, o palácio foi cedido ao Conde da Caparica e, seis anos mais tarde, o Conde da Feira, ao tempo Ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, determinou que a casa ficasse á disposição do coronel Peacock.

Outro morador, posterior, foi o célebre Marquês de Lille, embaixador da França de Napoleão III, no tempo em que no dizer de Tinop, “ a contradança obedecia ao protocolo e a valsa perdia de vista o equilíbrio europeu.”

Nesta casa solarenga veio a habitar, a partir de 1826, o rico negociante inglês John Fletcher, com o seu sobrinho Alfred Howell, que teriam vindo para Portugal na intenção de descobrir o galeão espanhol S. Pedro de Alcântara, afundado ao largo de Peniche com um carregamento no valor de 70 milhões de cruzados. Entre os seus íntimos contavam-se Bulhão Pato e o opulento negociante João Paulo Cordeiro, acérrimo miguelista e chefe duma quadrilha de caceteiros.

Fletcher, dandy de alto gabarito, marcou a Lisboa dessa época com os seus requintes e excentricidades, frequentando salões, as óperas de S. Carlos, corridas de cavalos e tabernas, deixando fama e saudades no palácio das Laranjeiras do seu amigo Conde do Farrobo.

Foi director da Assembleia Estrangeira, onde na noite de 24 de Julho de 1833, data da entrada do Duque da Terceira em Lisboa, se deu um faustoso baile em que todas as senhoras se apresentaram de azul e branco.

No palácio do Manteigueiro existiu durante catorze anos ( a partir de 1837) a Assembleia Lisbonense ou Assembleia da Horta Seca, o mais reputado centro da plutocracia e da alta política que constituíam a nata dos partidários da “Carta”. O seu presidente era o Conde do Farrobo, o vice-presidente Francisco José de Almeida, e entre os seus categorizados elementos encontravam-se José da Silva Carvalho e Rodrigo da Fonseca, o “Raposa”.

Em 21 de Novembro, festejando a inauguração, foi dado o primeiro dos muitos memoráveis bailes sob a égide da Assembleia. Marcaram presença assídua nessas festas os Fronteiras, Palmelas, Farrobos, Villa Reis, Ficalhos, Terceiras, Braacamps, e muitas vezes a própria Rainha D. Maria II, D. Fernando, a Imperatriz - duquesa viúva de D. Pedro, além de visitantes ilustres como o general Pourcet de Fondeyre e Sir Charles Napier, Conde do Cabo de S. Vicente.

A casa da Horta Seca também serviu de residência ao Conde da Torre e foi pertença do Visconde de Condeixa, João Colaço de Magalhães Velasques Sarmento, de grande distinção de maneiras e opulento capitalista.
Terá sido o seu filho segundo o mais marcante morador do Palácio.

De seu nome Jerónimo Colaço de Magalhães da Gama Moniz Velasques Sarmento Alarcão Bulhões de Sande Mexia Salema, vulgarmente conhecido por Jerónimo Colaço ou Jerónimo Condeixa e, em Paris, por Mr. De Magellan, foi um excêntrico elegante e um galã audacioso, para quem a vida era uma eterna estroinice.

Frequentou o Chiado com uma constância pertinaz e tinha poiso certo na pastelaria Baltresqui. Amigo de Eça de Queirós e de Ramalho Ortigão, o primeiro viria a “biografá-lo” elegantemente sob o célebre personagem Fradique Mendes, fazendo as delícias do grande público dessa época.

O simpático peralta conseguiu interessar os principais literatos do seu tempo e, depois de Beldemónio, dedicou-lhe Ramalho, em homenagem póstuma, palavras de saudade que acompanhou de um rápido perfil, no qual sobressai a maneira de trajar do elegante: sapatos de bico, calças justas, chapéus arqueados, bengala de castão de prata, anéis ingleses de enormes pedras, grande botão solitário de uma pérola preta, rodeada de brilhantes, no peito da camisa de baile.

Júlio Dantas desenhou esta estranha figura, alinhando-a com Almeida Garret, Paiva de Araújo, Henry James e Richard Brown, retatando-a desta maneira:

“ Foi em Paris o modelo da elegância luminosa que se compraz nas cores vivas, nos tons quentes, nos coletes cor de fogo, nas caças gris- perle, nas lapelas de sedas floridas de grandes camélias vermelhas, e amou com o mesmo brilho com que se vestiu, fazendo de cada aventura uma alta comédia e sorrindo das próprias paixões que despertava, como se o amor fosse apenas para ele uma espuma leve de champagne.”

Jerónimo Condeixa possuía um mail-coach tirado a quatro cavalos que causou assombro em Lisboa. Conhecia de cor a volta que dava diariamente às quatro da tarde, de S. Roque à Patriarcal Queimada, descendo ao Passeio Público, e da Baixa entrava no Chiado, fórum da elegância e da maledicência citadinas.

A sua presença “alvoroçava a pacatez lisboeta e acordava as nossas ruas áfonas” e as guizeiras da carruagem, em desrespeito pelas posturas policiais, “obrigavam os caixeiros a correr às portas das lojas e as cabecitas femininas a assomar às janelas dos andares.”
Como todos os grand-seigneurs, Jerónimo Colaço fez vida larga em Paris, que deslumbrou com as suas gravatas, as suas jóias e as suas amantes. Também viveu no Rio de Janeiro e as suas camisas iam a engomar a Londres.
Morreu em Paris, em Janeiro de 1884, com 39 anos.

Com a República, o Palácio veio a servir de moradia particular do Presidente Manuel de Arriaga, um poeta, um místico, um sonhador. Pouco tempo ali residiu, já que lhe foi afinal consentido ocupar um anexo ao Palácio de Belém, com entrada pela calçada da Ajuda, para onde se mudou em Junho de 1912.

Em 1877 o Palácio do Manteigueiro havia sido transmitido a D. Maria Ferreira das Neves, pertencendo mais tarde a João Ferreira Gonçalves, negociante abastado, e, em 1908, tornou-se proprietário do solar da Horta Seca Arnaldo Machado Fernandes.

Em 1920, a Vacuum Oil Company (Mobil Oil Portuguesa, a partir de 1955) com sede em Nova Iorque, adquire o Palácio, fazendo significativas obras de ampliação, dirigidas pelo engenheiro da companhia, o Visconde de Assentiz.


Depois, até aos nosso dias, estiveram sedeados no Palácio do Manteigueiro, sucessivamente, os governantes portugueses das áreas da Indústria, da Economia e do Ambiente e do Ordenamento do Território.

Os espectros de mais de dois séculos habitam o solar com as poeiras da história, os seus momentos de prazer, apetites não satisfeitos, despeitos, paixões, sentimentos feridos, amores e desamores, deslealdades, exotismos, traições, subterfúgios, atropelos, vinganças, recordações, decisões governamentais, heroicidades, sombras e mistérios.



Mário Costa ( c/lourençobravo)

11.10.04

OS PATOS E OS CISNES

“ Senhor, homem caritativo, piedoso, desinteressado, eu o não tenho” (Pedro Calvo, Homilias, cap.7)


Desenganando a ala dura da ponta mais empedernida dos ortodoxos (e Sócrates), Jerónimo retira-se da corrida à cadeirola da Soeiro Pereira Gomes.
Que não, e é não mesmo. Que há muitos (!) camaradas calhados para o serviço e ainda por cima disponíveis.
O caso ganha interesse.
Segue-se o camarada Casanova, porventura mais à ponta daquela ponta?
Ou um tal Francisco Lopes, um dos cinco com assento nos dois órgãos executivos do PCP? Ainda mais que é ortodoxo e ao que parece delfim de Domingos Abrantes, figura talvez ainda mais à ponta daquela ponta que o próprio Casanova.
Ou surpresas que, por ora, cascalhando as ferragens, escapam ao olho morno dos jornais?
Bernardino Soares, o rapaz de 30 anos que já/ainda acredita no tenro modelo da Coreia do Norte, ou Carvalho da Silva, construtor de pontes às outras esquerdas, não parecem verosímeis, a ser verdade que foi a rapaziada da ponta que aplanou o dr. Carvalhas.
Este, despachado sem cerimónias para os pratinhos de paio com ervilhas, pede, em queda, a queda do governo.
Sempre seria um presente de despedida.
Irá a tempo?


cristovaodovale

VAMOS DANÇAR A CONGA

“Acõtece isto, quando o príncipe, a quem toca ter as redeas na mão, por desídia, e negligencia as larga” (Sermões,IV,pag. 466)



Sábado. Açores. Dissipando a cacimba.
Aumentar as pensões, aumentar os salários da função pública acima da inflação, baixar o IRS. E manter o deficit abaixo dos 3%.
E, de passagem, perdoar a dívida dos Açores ao Serviço Nacional de Saúde.
Assim se suspende a fervura de um líquido e se deitam armações de vinhático.
Domingo. TVI. Que diria o bom do Marcelo?


Cristovaodovale

QUE BOM QUE É DEPARTIR

“O mundo é a cores, mas a preto e branco é mais realista”
Wim Wenders



Desta vez sem ser a dar louvadas ao mandarim (vd. Ministério Borracha), Augusto Santos Silva deu sinal de si. E (muito) bom sinal. No “Público”de sábado apresenta um notável artigo – para ler e reler - em que disserta, por vezes de forma lapidar, sobre os valores em televisão, a alienação e a manipulação.
O autor sabe do que escreve e escreve muito bem.

Fica um reparo: não convém ligar demasiado “o jogo” que brilhantemente desmonta com a “onda” de direita. Entre outras maravilhas, o big brother, as reportagens de Entre-os Rios, e os inefáveis Brandão de Brito, João Silva e Arons de Carvalho eram de outra “onda”. Eram mesmo de outras ondas.
E “pressões”, essas então, não têm época.
Numa ocasião (ao tempo do XIII Gov. Constitucional) um destacado vulto da Ciência lusa, da área socialista, ouvido com muita atenção, ainda hoje, pelas mais altas figuras do Estado, deu à estampa no “Público” um notável artigo criticando, fundamentadamente, a política científica do momento. Pois recebeu de imediato agreste recado correctivo, anunciador de futuras “desvantagens”….
Sabe o Augusto Santos Silva quem mandou o recado?
Ora vê que adivinhou….


cristovaodovale

VÃO DAR BANHO AO CASCÃO

“O silêncio também é uma maneira de falar”
Marcelo Rebelo de Sousa


O “Presidente da TVI “ Paes do Amaral cancelou a conferência de Imprensa.
E fez muito bem.
Pois se o jornalista da TVI que costumava acompanhar as intervenções de Marcelo já tinha explicado tudo (revista Sábado) :
“ É uma situação vergonhosa. Alguém do Governo achou que estamos melhor sem o prof. Marcelo na TV e com um ministro como Gomes da Silva no poder.”


Cristovaodovale

ENXERMADO

(Adjectivo que se aplica à rez que, por desastre ou por desejo do dono, perdeu a cria e continua a dar leite – Morais)


Afivelando o ar pesado de quem chega do estrangeiro e não gostou do que veio encontrar no pátio da quinta, o director-geral da TVI chegou-se à frente numa sexta-feira à noite e encadeou o seguinte folhetim:

A TVI, no passado, foi sempre imune a pressões, viessem elas donde viessem. No caso agora em causa……(omissão).
No futuro, seremos (a TVI) outra vez imunes a quaisquer pressões, venham elas donde vierem.
E o Marcelo (“lamentável episódio”), “tem a porta aberta para voltar.”

Apesar das pequeninas saburras plebeias da vida de balcão, atraiçoando-lhe a linha, o que é certo é que esta foi uma das grandes rábulas televisivas dos últimos tempos.


Cristóvão do vale

8.10.04

O PROLEMA TAMBÉM É ESSE

"não estou tão mal que te necessite, nem tão bem que te aguente"


O sr. PM, ouvido à saída de Belém sobre a eventualidade da existência de pressões na origem do afastamento de Marcelo, ensaiou, à guisa de espanador, o seguinte argumento, já de si muito, mesmo muito defensivo: se, por absurdo, dos lados do poder se pretendesse silenciar o prof. Marcelo, então alguém no seu perfeito juízo pode pensar que dois dias antes o sr Ministro Adjunto do PM, aos pulinhos, berraria aos quatro ventos, sem ornatos nem disfarces, tão sinistro intento?

O problema também é esse. Muita gente, ou melhor, praticamente toda a gente pensa exactamente isso.


cristovão do vale

7.10.04

VASCO GONÇALVES REVISITADO

Não há cá meias-tintas... Ou se está com a revolução ou se está com a reacção!

"Todas as pessoas que se pronunciaram foram pessoas que estiveram contra a minha indigitação como primeiro-ministro", disse Pedro Santana Lopes, que falava aos jornalistas no Palácio de Belém, no final da audiência semanal com o Presidente da República.
Lusa

Assim se calam os críticos!

TAMBÉM O SIS...

Excerto de artigo de opinião de Miguel Sousa Tavares publicado no passado dia 24 de Setembro


"Confesso que ultimamente o "Diário de Notícias" anda muito arredado das minhas leituras diárias. Abro, por exemplo, a edição de anteontem na página 9, e ela é inteiramente constituída por três colunas de opinião de três propagandistas do Governo. É um bocado demais para a minha capacidade digestiva.

Agora, com Henrique Granadeiro saneado politicamente e todo o grupo Lusomundo entregue a Luís Delgado, temo que a tendência seja para se reviverem os tempos - ideologicamente opostos, mas deontologicamente semelhantes - em que o "Diário de Notícias" era dirigido por Augusto de Castro ou pela dupla Luís de Barros/José Saramago. Desgraçada vocação!

Mas volto à página 9 da edição de anteontem. Chamou-me a atenção um artigo intitulado "Quem comenta os comentadores?". O artigo era assinado por José Bacelar Gouveia, "professor universitário" e, pelos vistos, também ele comentador habitual, visto que a coluna onde escreve até tem nome próprio: "A torto e a direito". Ora, foi isto mesmo que me chamou a atenção: sempre me divertiram os colunistas/comentadores que se insurgem contra o poder dos... colunistas/comentadores. A experiência diz-me que se trata, fundamentalmente, de manifestações de dor de cotovelo: é a inveja dos normalmente ignorados perante a audiência concedida aos outros.

Neste caso concreto, o despeito do professor Jorge Bacelar Gouveia virava-se contra o professor Marcelo Rebelo de Sousa e os seus comentários na TVI. Dizia ele que "é um mau hábito da nossa opinião pública render-se, acriticamente, a tais comentadores, que muitas vezes verberam tudo e nada, apenas com o confessado desejo de cumprir o seu papel, ganhar o seu dinheiro e satisfazer a sua vaidade pessoal".

Logo por aqui se depreende que o professor Bacelar Gouveia não tem o desejo de cumprir o seu papel, não satisfaz vaidade alguma e até deve escrever de graça (o que não abona muito do conceito em que o tem o jornal que o acolhe...).

Mas, mais importante ainda, é ele achar que "o comentário político tem de obedecer a algumas normas fundamentais", uma das quais "é a isenção dos comentadores, que só podem emitir um juízo seguro se surgirem desprendidos dos interesses ou das questões que pretendem apreciar". Esta, subscrevo-a eu próprio.

O problema é perceber o conceito de isenção do professor Bacelar Gouveia. Segundo ele, Marcelo Rebelo de Sousa não o terá - embora não se incomode a concretizar porquê. Já o próprio, presume-se que será pessoa isenta, de outro modo não seria colunista do "Diário de Notícias".

Mas o engraçado da história é que o leitor atento, que tivesse fixado, duas páginas atrás, a mesma edição do "DN", daria com nova fotografia do professor Bacelar Gouveia - o mesmíssimo comentador de duas páginas adiante - ilustrando a notícia de que o comentador isento acaba de ser nomeado, por indicação do PSD, presidente do Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações da República, sendo descrito pelo próprio "DN" como "professor associado de direito da Universidade Nova de Lisboa, que já foi membro do conselho de jurisdição do PSD e é, de há muito, politicamente próximo de Santana Lopes".

Bem prega, o professor Gouveia! Cuide-se, meu caro Marcelo, que agora os Serviços de Informação da República têm a supervisioná-los um santanista isento, que o acha, a si, suspeito."

VEM AÍ CHUVA...

Cavaco Silva falou.

"Se o seu afastamento configura uma forma de censura, ainda que encapotada, uma limitação à liberdade de opinião, própria de uma democracia pluralista, então estamos perante um caso muito, muito grave".

E mais à frente, diz ser espectador assiduo...

"porque as suas análises tinham indiscutível qualidade".

O BOM, O MAU E O VILÃO

“This affair must be unravelled from within.” – Poirot tapped his forehead. – “Those little grey cells. It is ‘up to them’ – as you say over here.”

Agatha Christie, “The Mysterious Affair at Styles”


Na ressaca da (profícua em impropérios) campanha do PS – é…essa mesmo…essa que ficou rapidamente submersa, repousando nos anais da História do Largo do Rato – ouve-se o “cabuum” periódico do chavão “terramoto político”.

O caso, à boa maneira portuguesa, será tratado ad nauseam. Tudo lutará para ganhar o exclusivo do próximo espirro de Marcelo, da próxima palavra de Gomes da Silva. Todos quererão ter mais inflamadas palavras, mais indignações disfarçadas.

Há, de facto, um não sei quê de muito errado. Talvez a falta de alguém conseguir ler nas estrelas.

Todos vamos ter saudades de Marcelo. E isso é simples.

Ninguém via o “Jornal nacional” ao Domingo. Ao Domingo, era “dia de Marcelo”. O que se perde é o gosto de ouvir não o comentador – a palavra sempre lhe assentou mal, é quase indigna – mas Marcelo. Por ele próprio. Os comentários de Marcelo eram o último resquício de um Portugal que se perdeu, o da aldeia unida e atenta ao saber de quem sabe mais. Esta é que é a verdade.

Há um desvio de atenções para uma censura que nunca seria possível a Marcelo. Se Marcelo quizer falar, falará. Sempre. Com audiência.

Marcelo sai da mesma maneira que deu por terminada a AD com Paulo Portas. Ou é como eu quero ou não é. Por isso mesmo, a fraca qualidade dos entrevistadores de Marcelo sempre foi notória. O jovem Júlio Magalhães, babando mesmo quando a piada era média, ao bom nível do aluno graxista. José Carlos Castro, nunca se lhe viu perante Marcelo ousar pintalgar o tempo de antena com grosserias como há dias fez com o Ministro António Mexia, ao terminar a entrevista à traição, dizendo que Durão Barroso afirmou que “nunca lhe passaria pela cabeça aplicar portagens nas SCUTS.”, perante o olhar estupefacto que a mesma estação logo exibiu. Se fosse um jornalista, faria do comentário a sua primeira pergunta.

Nada disto se passou com Marcelo, que sai como um mito televisivo. É claro que Marcelo é tendencioso, é claro que não gosta de Santana Lopes. Nunca o escondeu. A diferença entre ele e um comentador, como é Sousa Tavares, como é Pacheco Pereira, é que ele é ex líder do partido. Está acima da carne seca. E, para Marcelo, ser Ministro seria desprestigiante.

O que é surpreendente é não haver análise que antecipasse um cenário tão previsível. Conhecendo Marcelo minimamente, era de prever clara e inequivocamente que qualquer crítica só o reforçaria. Tal como acontece ao pequeno grupo de pessoas que tem o que tem Marcelo tem: carisma.

Quem criou um facto político foi Gomes da Silva. Marcelo agora continua com as suas aulas, daqui a uns tempos lança um livro e será aclamado da esquerda à direita.

Pois é. Saber quem é o bom, o mau e o vilão é que é mais difícil.

Avalon

A ROLHA



JERÒNIMO O ULTIMO ÍNDIO

“ Nada há de mais paralisante que os costumes, os bons e os maus”


A Sócrates, o transmontano dos 80%, tudo lhe vai de feição.
Depois da debandada do “PPD-PSD” para as fronteiras dum populismo direitista, bebido em Carlos Saúl Menem (curtido nos avatares do peronismo), desocupando o centro-esquerda, o centro e mesmo algum centro-direita do espectro político, eis que parece que os deuses da fortuna lhe empurram, para facilitar a vida à esquerda, um produto cro-Magnon, sobrante do baú da ortodoxia soviética, reinante, como se vê, no PCP: o metalúrgico Jerónimo.
Com um adversário deste jaez, pela esquerda, e a confusão latino-americana à direita, se o PS não tiver maioria absoluta nas próximas eleições não a terá nunca.



cristovãodovale

A IMPIEDADE NASCE DUM AUGÚRIO

“O pacto que havia entre eles era o de não se enganarem com as suas pretensões”


O sr Paes do Amaral, homem de negócios, trata dos seus negócios. É lá com ele. Mas, se na equação que deles faz entram, em contrabando, interesses tutelados pelo Governo, que são os públicos, então a coisa alarga-se e o enredo tem de ser mais partilhado.Com o público precisamente.

Ora, por que é que se sacode um “fazedor de audiências”, o celebérrimo Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que além do mais era dos poucos, ou mesmo o único sinal de qualidade da televisão tablóide da quinta das celebridades, dois dias depois de uma desgrenhada intervenção do espumante Ministro Gomes da Silva?

Porque o homem de negócios ganha (ou espera ganhar) alguma coisa, ou, no limite, evita perder (ou espera evitar perder) alguma coisa.

Neste lamentável caso, os coices à liberdade de opinião, a inabilidade política e a boçalidade de processos exibidas são praticamente um epitáfio.

Quanto ao “PPD- PSD”, que Francisco Sá Carneiro rebaptizou de PSD, a ele se referindo nos tempos de brasa como partido da Liberdade, para onde vai mais ao seu governo?
A trajectória que leva faz lembrar cada vez mais a da corveta Saragoça (vd. Relance é com Eça)


(Já de madrugada, na festa dos 12 anos da SIC, Balsemão e depois Belmiro de Azevedo falaram de liberdade na comunicação social e daqueles que não se deixam condicionar por pressões…)


Lourenço bravo

6.10.04

SILENCIADO...

"Na sequência de conversa da iniciativa do presidente da Media Capital, Miguel Paes do Amaral, decidi cessar, de imediato, a colaboração na TVI, a qual sempre pude livremente conceber e executar durante quatro anos e meio"

Esta foi a frase esclarecedora no comunicado do Professor Marcelo Rebelo de Sousa e que encerra nela a verdadeira razão do abandono do Professor da TVI:

"Na sequência de conversa da iniciativa do presidente da Media Capital, Miguel Paes do Amaral..."

Ou seja, Marcelo Rebelo de Sousa foi chamado pelo presidente da TVI, facto que ainda ontem não estava previsto face ao anúncio de comentário do professor no próximo Domingo.

"...a colaboração na TVI, a qual sempre pude livremente conceber e executar durante quatro anos e meio..."

Significa que, após a conversa, ficou claro que deixou de ter condições para falar livremente...

Primeiro a SIC (vd. "Pluralismo" em 15 de Setembro de 2004) agora também a TVI.

Já agora, Manuel Falcão, director do Canal 2 da RTP, é amigo de longa data do Primeiro Ministro...

Por outro lado, Fernando Seara é também amigo de longa data de Santana Lopes. Fernando Seara é casado com Judite de Sousa. Judite de Sousa é directora adjunta de informação da RTP...

NAVEGANDO EM CURVA SILENCIOSA AO LARGO E FORA DE VISTAS

“It is better to be feared than loved, if you cannot be both”
Niccolo Machiavelli


O que será feito do Professor Aníbal António Cavaco Silva?
Desde Julho para cá (vd. “Tossego a Termine”- 22.07.04) que não se sabe dizer nada.

Lorenço bravo

2.10.04

DEPOIS DO PÓLO NORTE

Preparando a bagagem para uma nova viagem ao Pólo Norte, João Soares, segundo a Focus, viveu um episódio reanimador.

Foi o caso do Senhor Acácio, taxista que o conduziu ao Hotel Lutécia , que se virou para ele e disse: “Ó dr João, por que é que não desiste disto e não se candidata a Presidente da República?”

Se a este apoio somarmos a vitória no Caniço, na volta do Pólo Norte ainda teremos o Senhor 4%, outra vez, a “travar batalhas”


Bruno ventana

COM ESTE PREPARADO ATÉ TREME TRÓIA

As lulas comunicam entre si polarizando de forma variável a luz que reflectem



O transmontano dos 80% está decididamente com os ventos a favor. Depois do passeio pelas alamedas do PS, aparece-lhe, já pronto a usar, um programa eleitoral consubstanciado na fórmula “dez prioridades para o próximo mandato”, com a chancela dos catedráticos da matéria, a rapaziada do New Labour:


- Alargar o circuito de oportunidades através de baixas das taxas de juro

-Aumentar o nível de vida

- Criar mais postos de trabalho em todas as regiões do país

-Maior oferta de cursos colocando o mesmo empenho na vertente vocacional e na educação académica

- Possibilitar que os doentes escolham o seu hospital e marquem os tratamentos com o tempo de espera reduzido de 18 meses para 18 semanas

- Mais facilidades para os pais acompanharem as crianças nos primeiros anos de vida

- Mais segurança e dignidade para todos os reformados

- Aumento de investimento na Ciência

- Mais apoio aos pequenos empresários

- Organizar os Jogos Olímpicos em Londres em 2012


Dando-se uns retoques na “última prioridade” e aditando uns cantares do alegrismo para animar (afinal as eleições ganham-se ao centro mas no pressuposto de não alienar demasiado a esquerda) o programa está feito. Ao transmontano dos 80% só falta arranjar um “Gordon Brown”.


Cristovao do vale

LANÇAR SEMENTES À TERRA

Lançar sementes à terra, mas que terra?

Parece a mesma a quem não conhece

Pois os segredos que em seu seio encerra

Só são de quem por ela desfalece.



Lezírias chãs, ou faldas duma serra

Gleba morena, fresca, que apetece

Às mãos de quem por ela se desterra

P`los sonhos que o arado nela tece.



Brejos incultos, matagais, baldios

Tisnados ao hálito dos estios

Que do levante ardente sopram lestos:



Os teus mistérios, são as mãos que os trazem

As mãos que ao teu contacto se desfazem

Nesses bailados de fecundos gestos.


D. José Zarco da Câmara


Lourenço Bravo

1.10.04

SÓ O MAR FICOU AZUL

“Que país é esse onde matam um rei e um príncipe e a primeira medida que se toma é demitir o Ministério?”

Eduardo VII ao Marquês de Soveral


“Le plus âpre et le plus dificille métier du monde,
à mon gré, c´est faire dignement le roi”

Montaigne


“Tanto se perde por uma carta a mais como por uma carta menos”

Cervantes



Em 28 de Setembro, data do seu nascimento (1863), duas notas de lembrança de um rei de Portugal:

“D. Carlos foi um bom ou um mau rei? Não foi dessa questão que dependeu a sua sorte. Como esclareceu António José de Almeida, mesmo que o rei de Portugal tivesse sido S. Francisco de Assis, os republicanos portugueses tê-lo-iam derrubado da mesma maneira. A sorte da monarquia em Portugal não foi determinada pela bondade ou pela maldade atribuída ao rei. Por um lado, havia uma república de facto, coberta por um leve manto monárquico. Em Portugal, a república havia de ser sempre uma mera questão de substituir o hino, bandeira e selos, e acabar com os privilégios (ou direitos) de uma família. Por outro lado, o chamado “Partido Republicano” tornou-se uma força quando, para além dos velhos ideais, congregou as ambições de uma geração.

Essas não podiam satisfazer-se com simples concessões ou com um comportamento exemplar por quem estava no poder: só com sinecuras e honrarias, e sinecuras e honrarias para todos os novos só haveria se os velhos fossem atirados fora e um regime novo abrisse as portas do Estado.

Foi essa a lógica da República e contra essa lógica nunca houve argumentos”

Rui Ramos



“O monarca sábio, omo lhe chamou o seu amigo, o príncipe Alberto I e Mónaco, ficará na história como o pai da oceanografia portuguesa. Em boa hora escrevera: Concluída a bordo do Amélia, a montagem de todos os aparelhos e feitos alguns ensaios preliminares, tivemos no dia 1 de Setembro de 1896 o prazer de começar a primeira campanha oceanographica nacional nos mares de Portugal.”

Luíz Saldanha


Bruno ventana